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sábado, 22 fevereiro, 2025

Nísia no olho do furacão: Ministra que dá resultado corre perigo de cair

 Foto: Agência Brasil

César Fonseca

A ganância política é insaciável.

Sempre que alguém está dando certo em sua missão na atividade pública, pinta alguém para tentar atrapalhar, atropelando, principalmente, se for mulher.

O machismo, no Brasil, é inveterado.

A justificativa é a mesma: o presidente precisa fazer reforma, atender às pressões dos aliados, que mais parecem adversários etc e tal.

Fizeram isso com Ana Moser, no Ministério dos Esportes, para dar lugar a um correligionário de centro-direita, que não faz nada pelo Esporte, pelo que se sabe.

Uma nulidade, ninguém sabe sequer o nome dele, se fizer uma enquete.

Agora, o alvo é a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

O que tem de intriga contra ela, vinda de adversários e de fogo amigo dentro do próprio governo, não está no gibi.

Não se pode reclamar do seu trabalho, se visto pelo ângulo do volume de atividade e competência, exposto, por exemplo, na sua agenda desta sexta feira(veja abaixo).

Uma gigante.

Ela pegou o Ministério em petição de miséria, herdado do negacionismo bolsonarista, infestado de militares ignorantes e arrogantes, que usaram a máquina pública de saúde para fazer negócios escusos e maracutaias sem fim, e deu a volta por cima, com apoio do presidente.

Em dois anos, valorizando o que de mais importante existe em matéria de política pública, no país, que é a oferta de serviços pelo SUS, modelo socialista que leva pancada por todos os lados, da direita e ultradireita fascista, interessadas em privatizá-lo, ela transformou a Saúde na missão mais vitoriosa do governo, apesar do arrocho fiscal neoliberal, imposto pelo teto de gasto.

Nísia Andrade tem arrebentado, e sua capacidade é amplamente reconhecida, razão pela qual cresce exponencialmente o ciúme contra ela, que lhe arma camas de gato intermitentes, na tentativa de desestabilizá-la.

Integrante da carreira exercitada em institutos de saúde – foi presidenta do Instituto Oswaldo Cruz, o mais conceituado do país – chegou e mostrou a que veio, invertendo uma situação negativa em positiva, para ganhar corações e mentes da população, que estava sendo maltratada e exterminada pelo fascismo negacionista.

Trocar esse nome respeitável pela sociedade por algum político, classe que está em baixa na população, seria ou não arriscado?

 Ela exterminou o negacionismo fascistóide: o caso das vacinas, no tempo da covid 19, escandalizou o mundo.

Quase 700 mil mortes pela Covid teriam sido minimizadas, se tivesse proatividade como prioridade para atender a população, ao contrário do comportamento assassino do ex-presidente Bolsonaro, de ficar imitando gesto de falta de ar das vítimas carentes de bombas de oxigênio que ele deixou faltar nos hospitais e postos de saúde.

Hoje, há vacinas de todos os tipos, a tempo e a hora, para atender a demanda social.

O sucesso se apresenta, neste momento, com a oferta de 100% dos remédios para o Programa da Farmácia Popular, bombando a popularidade da ministra, o que aumenta a inveja sobre ela, pois transfere resultado ao presidente.

Trata-se de uma vitória expressiva para atender a população carente que ressente a falta de uma política econômica submetida ao modelo neoliberal, cujo efeito é o desgaste político do presidente, enquanto o atendimento pronto, no Ministério da Saúde, em escala progressiva, vai escalando fatos positivos e relevantes.

MÃOS À OBRA, SIDÔNIO!

Fala-se da necessidade de  melhorar a popularidade do presidente, desgastada pelas decisões econômicas relativas à redução do salário mínimo, do Benefício de Prestação Continuada(BPC), da extinção do abono salarial, para atender os especuladores da Faria Lima, sequiosos de juros altos, em forma de corte de gastos públicos, e não se atenta para o que está à vista: a necessidade de faturar o marketing na saúde pública.

O ministro Sidônio, da Secretaria de Comunicação, está ou não marcando passo por não ter colocado ainda em evidência máxima as ações do Ministério da Saúde, ou essa decisão de esconder a ministra pelo sucesso de sua ação advém justamente da providência de seus adversários, para que não se transforme na maior estrela do governo e se torne visível em 2026 ou 2030?

O marqueteiro tem um trabalho benfazejo pela frente para explorar o fato positivo de que as filas no SUS foram combatidas de forma eficaz.

As famílias mais pobres não têm do que reclamar em matéria de vacinação dos filhos.

O volume de internações e cirurgia bate recordes(desde 2002, depois da saída do inelegível, golpista, candidato à prisão por tentar golpe de estado, comandando organização criminosa, segundo a PGR em denúncia ao STF).

Igualmente, a oferta do Programa Mais Médicos cresce acima do compasso da demanda e novas contratações de profissionais da saúde para atender as novas unidades hospitalares e postos de atendimento pelo país afora são oferecidas a tempo e a hora etc.

INTRIGAS PALACIANAS E REFORMA MINISTERIAL

Apesar disso, tentam destruir a ministra, dizendo que o presidente Lula não está satisfeito com ela, porque está atrasando programas, como o Mais Especialidades, que teria efeito positivo, algo semelhante ao Programa Bolsa Família, para alavancar a popularidade lulista etc.

Pura sacanagem.

Seguem firmes as promoções das especialidades.

O fato é que querem derrubar Nísia Trindade porque cresce o assunto reforma ministerial.

Aprofunda-se, por isso, acusações de nepotismo contra ela, por ter liberado R$ 55 milhões para o setor de saúde da prefeitura de Cabo Frio, que, por isso, teria contratado filho dela para trabalhar na secretaria de cultura da cidade.

O fundo do problema, como se sabe, é o desejo do Centrão, que manda no Congresso e quer para ele o Ministério da Saúde, e a resistência dentro do governo a essa pretensão.

O presidente Lula, em baixa no Legislativo, dominado por semipresidencialismo de fato, golpista, por não dispor de maioria parlamentar, estaria na iminência de atender a demanda conservadora, para poder chegar até o fim do mandato sem sofrer eventual impeachment sem crime de responsabilidade, como aconteceu com Dilma Rousseff.

Está em sinuca de bico: se fizer essa concessão, para a direita e ultradireita, o presidente pode perder sua base eleitoral, colocando em risco sua reeleição.

Mas, se não atender a maioria parlamentar, que o pressiona e que foi vitoriosa nas eleições de 2024, pode enfrentar boicotes da maioria conservadora e reacionária, resistente às reformas políticas por democratização do poder.

Restaria a ele sair ou não do centro-esquerda em que se encontra para o centro-direita, a fim de obter o apoio necessário de modo a chegar ao quarto mandato, isolando a ultra direita, repetindo a façanha de 2022?

Se ele optar pela esquerda, para firmar uma agenda popular, pode não ter votos, visto que a última pesquisa Datafolha confere-lhe, apenas, 24% da preferência popular.

Arriscaria cavalo de pau para tocar agenda nacionalista, revertendo privatizações, contra-reforma trabalhista, rompendo teto neoliberal de gasto e chamando sua base popular às ruas para defende-lo, colocando a Frente Ampla que formou em 2022 em xeque-mate?

Ou não tem condições objetivas para enfrentar o desafio, no cenário político dominado pela ultradireita e direita, que tem maioria parlamentar, mas não tem garantia de apoio popular?

FOGO AMIGO CONTRA NÍSIA

Mas, contra a ministra Nísia, age, também, o fogo amigo dentro do governo.

Cogita-se de divisão entre os dois mais fortes ministros do governo, de um lado, o da Fazenda, Fernando Haddad, e, de outro, o da Casa Civil, Rui Costa, ambos interessados em tirar de lá a ministra e colocar no seu lugar seus preferidos.

O de Haddad, Alexandre Padilha, ministro da Secretaria de Relações Institucionais(SRI); o de Costa, Arthur Chioro, executivo da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, ex-ministro da Saúde, no governo Dilma Rousseff.

No PT, a movimentação está em compasso de espera, porque se aguarda a palavra de Lula, que, até agora, mantém-se em silêncio, esperando a conjuntura política se adensar para ver como é que fica.

Haddad vocaliza a força do PT paulista; Rui Costa, a do PT baiano.

Lula, segundo se comenta na capital, precisa fortalecer o PT no Nordeste, onde perdeu feio eleições municipais de 2024; Haddad, em SP, tem que lutar contra as forças do governo de Tarcísio, embora, politicamente, tenha o apoio da Faria Lima e da Febraban, que, politicamente, não tem votos, ao contrário, da Bahia, onde o PT é governo.

A disputa pelo Ministério da Saúde tem história, porque se trata de lugar capaz de alavancar candidatura à Presidência da República.

HISTÓRIA DE DISPUTA

 Lembram de Adib Jatene, ex-ministro da Saúde do do Governo FHC?

Médico consagrado, cirurgião do coração, tocava programa de saúde popular, com competência, bombeando o SUS em fase áurea.

Era cotado para sucessão presidencial em 1998, pelo trabalho que realizava.

Pule de dez.

O fogo amigo dentro do governo o incendiou.

José Serra articulou sua queda para sair candidato, deslocando-se do Ministério do Planejamento para o da Saúde.

Levantou a bandeira dos remédios genéricos, que já era cogitada por Jatene, conhecedor do assunto.

Serra tomou para ele.

Disputou  com ela, mas perdeu para Lula.

Mais do que ninguém, Lula sabe que quem ocupa a Saúde é forte para disputar sua sucessão.

Por isso, precisa de um amigo ou amiga da sua base para comandá-lo.

Se coloca lá um adversário é aquela estória de dar carona nas costas ao escorpião para atravessar o rio.

Seria picado pelas costas.

Querem derrubar a ministra Nísia por esse motivo, ou não?

Rui Costa ou Fernando Haddad?

Eis a disputa dentro da base governista.

AGENDA AGITADA DA MINISTRA

Programa Mais Especialistas

  • Cirurgias: 14,09 milhões de cirurgias eletivas realizadas em 2024 (+37% desde 2022).

  • Programa Nacional de Redução de Filas: 99% da demanda atendida.

  • Foram realizadas 1.348.727 cirurgias, frente a uma fila inicial de 1.367.132 procedimentos (99% da fila).

  • R$ 1,2 bilhão adicionais para ampliar o programa em 2025.

Vacinação e prevenção

  • Brasil saiu da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas (Unicef/OMS).

  • Aumento da cobertura de 15 das 16 vacinas do calendário infantil.

  • Recertificação como país livre do sarampo.

  • Incorporação de novas vacinas (ex: vírus sincicial respiratório)

*Acesso a medicamentos e atendimento*

  • 100% dos medicamentos e insumos gratuitos no Farmácia Popular.

  • Abertura de credenciamento para 758 cidades sem unidades do programa.

Plano de Prevenção à Dengue

  • Redução de 63% dos casos de dengue em 2025 até 15/02 quando comparado com o mesmo período do ano passado

  • Ações permanentes de vigilância, prevenção e preparação da rede de assistência, e garantia de R$ 1,5 bilhão em investimento – 50% mais que o total no período anterior

  • Instalação do Centro de Operações de Emergências para dar respostas rápidas a possíveis aumento de casos no país.

  • Todos os estados estão 100% abastecidos com larvicidas e adulticidas, assim como testes sorológicos para diagnóstico da doença.

  • De forma inédita, foram adquiridos 6,5 milhões de testes rápidos contra a dengue, dos quais mais de 4 milhões foram enviados a todos estados do país e o restante mantido como estoque estratégico.

  • Até o momento, 22 municípios em 12 estados receberam apoio técnico de equipes do Ministério da Saúde.

Fortalecimento da Atenção Básica

  • Mais médicos dobrou de tamanho: 26,7 mil médicos em atividade (+108% desde 2022).

  • 15,9 mil novos Agentes Comunitários de Saúde para fortalecer a Saúde da Família.

  • SAMU: renovação de 1909 ambulâncias e ampliação/expansão de 314. Total de 2223.

Inovação e tecnologia no SUS

  • 67 novas tecnologias incorporadas ao SUS, como as vacinas da dengue e bronquiolite, medicamentos para câncer de mama, entre outros.

*Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro*

  • Abertura de 3 emergências: hospitais federais do Andaraí, Cardoso Fontes e Bonsucesso.

  • Contratação de 2,5 mil funcionários para os Hospitais Federais.

  • Reabertura de 218 leitos do Hospital de Bonsucesso, retomando 100% da sua capacidade.

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