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sexta-feira, 26 julho, 2024

Mourão e o golpismo fora de época

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Por: Emiliano José

O senador Hamilton Mourão, acostumado com a linguagem da caserna, e ainda ambientado nos anos do golpe de 1964, viciado no golpismo, acredita poder dar ordens às Forças Armadas.

Como se pudesse.

Como se tivesse voz de comando.

Como se ainda fosse general.

Como se estivesse na ditadura, tão amada por ele.

Acabou a voz de comando.

Agora, democracia, senador.

O golpe mais recente, o de 8 de Janeiro, foi derrotado.

Perdeu, mané.

A democracia venceu.

Golpe arquitetado por ele, pelo ex-presidente, por alguns oficiais saudosos do passado.

De alguma forma, o senador pretende testar a democracia.

E ao testar, vai fortalecendo-a, mesmo não querendo.

As bravatas dele não funcionaram, não vão funcionar.

Pretendeu, com a fala, transformar a ação deliberadamente golpista de 8 de Janeiro, financiada, planejada e executada desde cima, pensada pelo ex-presidente, por ele e tantos outros, numa singela manifestação da população.

Não importando a ele tenham os manifestantes atacado as sedes dos três poderes, destruído instalações, zombado da democracia.

Tinham a esperança de, com isso, provocar uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), e a partir dali, com oficiais golpistas à frente, seguir adiante com o golpe.

Não deu certo.

Até porque alguns oficiais, mais sensatos, com algum espírito democrático, resolveram não entrar no jogo golpista.

E porque o presidente Lula e as instituições centrais da República reagiram prontamente à tentativa de golpe.

Mourão propôs novo golpe: uma reação dos comandantes das Forças Armadas.

Que tipo de reação teriam os comandantes das Forças Armadas?

Só poderia ser a de um novo golpe.

Nada.

Nada disso, Mourão.

O Brasil é outro.

Há instituições democráticas funcionando.

Há Lula, novo presidente, avesso a quaisquer tipos de golpe.

A população, querendo mais e mais democracia.

Sei: ainda temos muito caminho pela frente para conferir às Forças Armadas o papel de defensora dos interesses da Nação, e não de se pretender poder moderador.

Estamos caminhando, no entanto.

Os comandantes militares já entenderam ao menos uma coisa: nessa conjuntura, não há espaço para golpes.

A derrota do 8 de Janeiro foi pedagógica.

Estão corretíssimos os parlamamentares quanto a fazer Mourão responder pela fala golpista no Conselho de Ética do Senado.

Um senador não tem o direito de incitar as Forças Armadas ao golpe, a descumprir ordens judiciais.

O País agora tem lei.

E ela vale para todos.

Inclusive para golpistas de quaisquer naturezas, inclusive para graduados das Forças Armadas.

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