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sexta-feira, 26 julho, 2024

México: Declaração de guerra contra a crise viral e econômica

Por Luis Manuel Arce Isaac México, (Prensa Latina) Diante da estrepitosa queda dos preços internacionais do petróleo, que fazem praticamente não rentável a extração do mesmo em todos os países produtores, e um avanço arrasador da pandemia da Covid-19, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, referendou um decreto que combina reajustes na estrutura de governo com austeridade, dinâmicas produtivas e redistribuição dos rendimentos.

Em realidade, trata-se de um programa anti-neoliberal para enfrentar uma crise viral e econômica fora do contexto tradicional do reajuste estrutural fundo monetarista, que endivida aos países e deixa fora das operações de salvamento da grande capital aos setores mais vulneráveis da sociedade.

O decreto de López Obrador tem um enfoque diferente. Em dez pontos muito racionais e bem concentrados senta as bases para beneficiar de imediato a uns 72 milhões de cidadãos dentro dos segmentos menos favorecidos da população, o qual implica na prática uma redistribuição da riqueza.

Ainda que sejam alinhamentos em geral, seu aplicativo especifica-se com rapidez, como os primeiros deles, pois não se despedirá nenhum trabalhador, mas também não se empregarão novos, se reduzirá o salário de altos servidores públicos e se reorganiza a estrutura de governo, com a cancelamento de dez subsecretarias, mas se garante o emprego com a mesma faixa de quem fiquem fora.

Fecham a metade dos escritórios públicos, com exceção dos de atenção direta, e realoca-se a servidores, enquanto deixam-se de render edifícios, autos ou imóveis, eliminam-se outras despesas da administração pública e pospõem-se ações planejadas, exceto 38 programas sociais de benefício popular ou para o desenvolvimento econômico.

Este último inclui todos os programas de bolsas, pensões, atenção médica e medicinas gratuitas, planos de desenvolvimento econômico concebidos para dar empregos, como o de reflorestamento semeando vidas, construção de estradas e outros, e as obras estratégicas como o trem maya, o aeroporto internacional, a nova refinaria de Duas Bocas e a recuperação de Petróleos Mexicanos.

Parelhamente, em vez de debilitar, fortalece-se o sistema de saúde e os mecanismos de segurança cidadã com a Guarda Nacional, a Marinha e a Defesa Nacional, mas tudo regido pela lei de austeridade republicana, que se aplicará de maneira mais rigorosa ainda. Ademais, entregarão 3 milhões de créditos, de 1.200 dólares a cada um, a pequenas empresas familiares.

Tudo será possível graças à recuperação de recursos neste quase ano e meio de governo na luta contra a corrupção, o plano de entregar ao povo o roubado, o qual permitiu aumentar as reservas financeiras e dedicar aos projetos deste período o equivalente a 36 bilhões e 800 milhões de dólares.

Com esse plano, o presidente López Obrador pretende demonstrar que há outra forma de enfrentar a crise viral econômica ou de qualquer índole, desde que não se admita a corrupção, se fortaleçam valores e princípios éticos e morais da pessoa, e se governe para o povo e com o povo.

O mandatário recusa de forma enérgica fazer frente à crise econômica provocada pelo desastre do neoliberalismo com medidas próprias desse modelo econômico, porque é contraproducente e de provada ineficaz.

De fato, o Governo do México coincide com a advertência que acaba de fazer Alicia Bárcena, secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe, de que a pandemia da Covid-19 põe o mundo em uma encruzilhada civilizatória: ou regressa à globalização concentradora, ou constrói um futuro diferente.

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