ZédeJesusBarreto
– Em 1958, há sessent’anos, Juscelino presidente construía Brasília e seria lançado o LP “Canção do Amor Demais”, de Elizeth Cardoso, com a primeira pílula da Bossa Nova, a faixa ‘Chega de Saudade’, que daria nome, três meses depois, ao primeiro disco de João Gilberto, obra prima. Ao lado de Tom Jobim, parceiro e principal autor da Bossa Nova, João tocou seu inusitado violão, acompanhando Elizeth no LP.
“Vai, minha tristeza/e diz a ela/ que sem ela não pode ser”…
A fogueira
Em 1968, há mais de meio século, Paris ardia. Nas ruas, a juventude proclamava uma sonhada tomada do poder pela imaginação. Exigiam o impossível. O velho De Gaule venceria nas urnas. Mas o fogo libertário tomaria o mundo: Paris, Bélgica, Alemanha, Tchecoslováquia, EUA, México, Venezuela, Argentina, Uruguai, Brasil … Os jovens balançaram o planeta, mas não tomaram o poder. De fato, não era aquele poder que fazia a cabeça da moçada.
Vietnã, Luther King, Hair na Broadway, a primavera de Praga esmagada pelos tanques soviéticos, o disco branco dos Beatles, Mao …
No Brasil, os estudantes agitados, um país alvoroçado sob a ditadura, repressão militar, o assassinato de Édson Luís no restaurante Calabouço e a Passeata dos cem mil no Rio, a Tropicália, Zé Celso encenando “O Rei da Vela”, os festivais de música – Caetano, Chico, Gil, Vandré –, o cinema de Glauber, o fiasco do Congresso da UNE em Ibiúna, confrontos, o AI-5 abrindo o porão das trevas em 13 de dezembro.
O agora
Em 2018, véspera da Copa do Mundo na Rússia de Putin, ex-KGB. O Brasil atolado no atraso, na violência, no desemprego, eleições para presidente, governadores e parlamentos marcadas para outubro; o ex-presidente Lula e a cúpula (Dirceu, Palocci e tesoureiros) do partido que ocupou o poder desde o começo do século nas grades, um sinistro candidato da ultradireita metendo medo.
Não temos bandeiras, só slogans, palavras de ordem, e desalentos. Não temos sonhos, imaginação. Só interesses. Onde compro, quem dá mais, cadê o meu? E o resto que se foda!
Premências
Quer saber? Não dá para discutir candidaturas sem pôr em evidência temas como:
– Que tipo de revolução urgente podemos fazer no âmbito da educação, da alfabetização aos doutorados.
– Como transformar o SUS num modelo de saúde pública.
– A implementação urgente de uma política nacional, integrada e verdadeira, de segurança pública.
– A defesa intransigente do meio ambiente – águas, matas, espécies, lixões, saneamento …
– A questão da Previdência e seus rombos e roubos.
– Os investimentos em tecnologias, na tentativa de diminuir nosso abissal atraso.
Esse é o papo. Pra começo de conversa. O resto é engodo.
Foi assim
Fechando o assunto “assassinatos na ditadura”, relembro uma frase conhecida e citada do general presidente Ernesto Geisel a um general subalterno, em palácio:
“Esse troço de matar é uma barbaridade, mas eu acho que tem que ser”.
Obs: – Quem escolhia os que deveriam ou não morrer, por decisão do “Alemão”, era o general Figueiredo, então chefe do SNI e depois escolhido como sucessor, o último dos ditadores, aquele que era chegado num cheiro de cavalos e estrebarias.
Querem de volta? (Escrito de maio/2018