Mais de trezentas e cinquenta mil pessoas participaram da manifestação em defesa de democracia e contra o golpe na tarde desta sexta-feira (18), na Avenida Paulista, em São Paulo. O ato foi organizado por diversas entidades reunidas na Frente Brasil Popular. Diferentemente das manifestações do último domingo (13) que pregavam o ódio e a intolerância, o ato desta noite privilegiou a alegria, a diversidade e a paz.
Esse também foi o tom do discurso do ex-presidente Lula – e agora ministro da Casa Civil – que chegou no local pouco depois das 19 horas acompanhado do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e do presidente do PT, Rui Falcão. Para Lula, todos precisam respeitar a democracia. “Nós temos que convencê-los que na democracia a gente tem que acatar o voto da maioria do povo brasileiro”.
“Eu não quero diminuir ‘eles’ para subir, disse Lula, “se eles podem comer três vezes por dia, nós também temos o direito de comer, se eles podem estudar, nós também temos o direito de estudar, por isso, não os tratem como inimigos”, avisou.
Somos tão brasileiros quanto eles
Eles vestem roupa amarela e verde para dizer que são mais brasileiros que nós, mas não são, o sangue deles é verde amarelo? Não, é vermelho como o nosso, que também somos brasileiros”, disse.
O que eles têm medo é da nossa consciência e do nosso coração
Tratando dos atos golpistas do último domingo (13), Lula lembrou do diferencial desta manifestação. “Não estamos aqui porque teve metro de graça, porque foi convocada pela imprensa, essas pessoas que estão aqui sabem o valor da democracia, sabem o valor do pobre subir um degrau da escala social deste país, de uma filha de empregada doméstica chegar a universidade. Um jovem fazer um curso técnico. E é esse país que queremos construir”, completou.
A gente junta todo mundo e faz o que pode
O ministro Lula disse que entrou para o governo para ajudar a presidenta Dilma. “Gente, a única coisa que eu quero, é ajudar a presidenta Dilma, acho que temos que reestabelecer a paz, a esperança, precisamos recuperar a alegria e a autoestima do brasileiro”.
Não vamos aceitar o fim da democracia e nenhum golpe no país
“Não é tentar antecipar as eleições, muitos de nós que estamos aqui lutamos para derrubar o regime militar e não vamos aceitar um golpe. “Eu queria dizer olhando para cara de vocês: Não Vai Ter Golpe!”, disse levantando o público com a mesma palavra de ordem.
“Eles têm que saber que essas pessoas que estão aqui de vermelho são parte daqueles que produzem o pão de cada dia do povo brasileiro”.
Democracia
“Tem gente nesse país que fala em democracia só da boca para fora. Eu perdi as eleições de 1989, eu perdi as eleições de 94, eu perdi as eleições de 98, lá em 82 eu perdi as eleições para o governo de São Paulo e em nenhum momento eu fui protestar contra quem ganhou as eleições”.
O ministro disse que na próxima terça-feira (22) estará “orgulhosamente servindo a presidente Dilma, servindo ao povo brasileiro”. E ressaltou que é importante para a presidenta Dilma ouvir o apoio do povo. “É importante a Dilma ouvir o que vocês estão falando… Aqui em São Paulo tem muita gente dizendo que não vai ter golpe”. E pediu para levantarem a mão para fotografar e ele mostrar à presidenta.
Lula finalizou o discurso pedindo para não aceitarem a provocação “deles”. “Quem quiser brigar que morda o próprio dedo! ”, completou.
Diversidade
As pessoas presentes no ato da Paulista não eram apenas sindicalistas e militantes do PT, como a grande imprensa sempre tenta imputar, mas de diversos setores da sociedade, como professores, artistas, estudantes, intelectuais, além de mulheres, jovens, negros, idosos e crianças. Muitas pessoas que espontaneamente foram pedir pela manutenção da democracia.
Do Portal Vermelho, Eliz Brandão