Cíntia Alves/Jornal GGN
Ex-presidente também disse, diante dos procuradores de Curitiba, que eles são vítimas do aprisionamento da grande mídia e são obrigados a fazer qualquer negócio para conseguir sua condenação
Jornal GGN – O ex-presidente Lula disse, na cara do juiz Sergio Moro, que o julgamento do caso triplex não foi imparcial. A manifestação ocorreu na tarde desta quarta (13), durante o segundo depoimento do petista na Justiça Federal em Curitiba, agora por causa de um processo que envolve suposto pagamento de propina da Odebrecht.
Após cerca de 2 horas de interrogatório, Lula disse a Moro que queria terminar a audiência com a seguinte pergunta: “Eu posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?”
Moro respondeu: “Primeiro que não cabe ao senhor fazer esse tipo de pergunta a mim, mas de todo modo, sim.” Foi quando Lula aproveitou a deixa e reclamou da sentença do caso triplex: “Porque não foi o procedimento na outra ação, doutor.”
O juiz de Curitiba, então, sai pela tangente: “Eu não vou discutir aqui aquela outra ação com o senhor, senhor ex-presidente. A minha convicção foi que o senhor é culpado. Não vou discutir aquele processo aqui. O senhor está discutindo lá no Tribunal [Regional Federal da 4ª Região]. O senhor apresente suas razões ao Tribunal. Se a gente for discutir aqui, não vai ser bom para o senhor.”
Lula só tem tempo de dizer que precisa discutir o tema, sim, porque é o que dá esperança de que a “Justiça será feita nesse País”. Moro, então, manda interromper a gravação.
VERBO SOLTO
A crítica à sentença do triplex foi só a cereja do bolo do segundo depoimento de Lula a Moro. Minutos antes, quando começou as considerações finais, o ex-presidente disse, na frente da força-tarefa de Curitiba, que os procuradores foram “aprisionados” pela imprensa e conduzidos a um estágio da operação em que fazer qualquer negócio para condená-lo.
“O objetivo é encontrar alguma coisa para me criminalizar. (…) Mas eu quero dizer ao Ministério Público que vou enfrentar todas as ações com respeito, mas protestando e dizendo que são ilegítimas, que não procedem. Que quase todas as denúncias foram por motivo da imprensa aprisionar vocês. Vocês estão refém de uma coisa grave para o Poder Judiciário.”
Uma procuradora presente na audiência pediu para Moro cortar a fala de Lula, porque ele estava dizendo coisas “incabíveis”.
TACLA DURAN
Lula também citou as acusações de Rodrigo Tacla Duran à Lava Jato de Curitiba. Réu e foragido na Espanha, Duran acusou Carlos Zucolotto, amigo pessoal de Moro, de pedir propina para intermedir um acordo de delação com os procuradores nos bastidores. Ele mencionou o caso rapidamente, dando um “conselho” a Moro, após dizer-se vítima de uma campanha para denegrir sua imagem.
“Aliás, um conselho, o senhor usa a palavra ‘denegrir’ com relação as acusações de um advogado da Espanha que o senhor não gostou. Politicamente, não é correto falar ‘denegrir’, porque o movimento negro não gosta.” Moro, imediatamente, disse que só caberia a Lula falar sobre o processo ao qual está respondendo por propina da Odebrecht.