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quinta-feira, 25 setembro, 2025

Larimar: Identidade e Motor Econômico da República Dominicana

Santo Domingo (Prensa Latina) O Larimar, único no mundo e extraído exclusivamente na província de Barahona, transcendeu seu valor mineral para se tornar um símbolo cultural e uma força motriz do desenvolvimento econômico e turístico na República Dominicana.

Por Mariela Pérez Valenzuela

Correspondente-chefe na República Dominicana

Seu azul turquesa, que lembra as águas do Caribe, o diferencia nos mercados internacionais e o posiciona como parte essencial da marca do país.

Nos últimos anos, esta joia caribenha experimentou um crescimento sem precedentes. Entre janeiro e agosto, o país exportou 104.000 kg da pedra, mais que o dobro do valor de 2024, quando foram vendidas 40.000 kg, segundo o Ministério de Minas e Energia.

Essas exportações geraram cerca de US$ 15 milhões, confirmando o potencial dessa indústria na balança comercial dominicana.

O recente Registro Internacional da Denominação de Origem “Larimar Barahona”, concedido pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), constitui um marco histórico.

Este reconhecimento, que protege a origem e a exclusividade da pectolita azul, garante sua autenticidade e lhe confere maior prestígio nos mercados internacionais, ao mesmo tempo em que protege os interesses nacionais de imitações ou uso indevido.

O aumento dos pedidos é atribuído à certificação internacional, que permitiu a incorporação de novos mercados como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Itália, embora China e Índia continuem sendo os principais destinos.

O primeiro recebeu mais de 200.000 libras até agora neste ano, enquanto a Índia importou 17.402 libras.

No entanto, ainda há um desafio: enquanto 40% das pedras de Barahona (sudoeste) são enviadas brutas, 60% são compradas por artesãos locais.

Especialistas e autoridades concordam que a chave é agregar valor transformando o mineral em joias e peças de arte que reflitam a identidade nacional.

IMPACTO SOCIAL NAS COMUNIDADES DO SUL

O mineral não é apenas um produto de exportação; ele também fornece sustento para mais de mil famílias que dependem direta ou indiretamente da mineração e do artesanato relacionado à pedra.

Nos municípios da província de Barahona, a mineração e o trabalho manual representam uma fonte vital de emprego e progresso comunitário.

O Ministério de Energia e Minas implementou o Plano Integral de Saúde e Segurança para a Mina Larimar, que busca melhorar as condições de trabalho em um setor caracterizado por seu alto nível de risco.

As medidas adotadas incluem o treinamento de socorristas e o fortalecimento de uma cultura de prevenção, com o objetivo de garantir que os mineiros realizem seu trabalho em ambientes mais seguros.

Mais de 700 mineiros descem poços de até 50 metros de profundidade, presos a cordas, em busca da preciosa pedra azul.

Os túneis rangem sob vigas de madeira; em alguns trechos, chapas de metal substituem as vigas para evitar o colapso. Carrinhos de mão trafegam pelos trilhos carregados de pedras até que guindastes os levantem à superfície.

O trabalho não é fácil nem seguro, mesmo quando medidas são tomadas. Desde 1974, quando a mina Larimar em Barahona começou a operar, cerca de trinta pessoas morreram em acidentes, segundo dados oficiais.

UM SÍMBOLO CULTURAL

Larimar é, acima de tudo, um símbolo cultural. Declarada Pedra Nacional em 2011, esta joia é peça central de eventos culturais e artísticos que destacam sua importância.

O Congresso Nacional declarou 22 de novembro como “Dia Nacional do Larimar” porque em um dia semelhante em 1916, o padre Miguel Domingo Fuertes avistou a pedra em Barahona, o que motivou expedições subsequentes.

A feira Selecta RD: Master Craftsmen, realizada recentemente na Zona Colonial, homenageou as pedras semipreciosas e o talento de quem as transforma em peças únicas.

Durante essas atividades, ele é projetado não apenas como uma joia, mas como um símbolo da criatividade e da economia laranja, que reconhece a cultura como motor do progresso.

O reconhecimento de mestres artesãos, exposições e expressões artísticas ligadas ao mineral contribuem para reforçar sua identidade como patrimônio cultural.

Escultores e ourives não apenas geram renda, mas também mantêm vivas técnicas tradicionais que são passadas de geração em geração.

TURISMO E PROJEÇÃO INTERNACIONAL

Com a chegada de mais de 10 milhões de turistas por ano, o tesouro de Quisqueya se tornou uma atração imperdível para os visitantes do país.

Cada joia ou peça adquirida por um visitante é, na prática, um embaixador cultural que viaja ao exterior levando consigo um pedaço da história do país.

Iniciativas como a Rota Azul do Sul, que combina mineração, ecoturismo, educação e cultura, buscam consolidar o larimar como uma experiência turística abrangente.

O objetivo é que os visitantes não apenas comprem a pedra, mas também conheçam sua origem, o processo de extração e o trabalho dos artesãos que a transformam.

O desafio, no entanto, é garantir uma exploração responsável que beneficie diretamente as comunidades da província, impulsione a industrialização local e preserve esse patrimônio natural e cultural para as gerações futuras.

Mais do que uma joia, o larimar é hoje um símbolo de identidade, orgulho nacional e desenvolvimento sustentável para a República Dominicana.

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