Explica que em 18 de janeiro de 2011, o fundador do portal, Julian Assange, que então era um homem livre, se encontrou com um membro da equipe do La Jornada em Londres, a quem confiou um dispositivo USB com milhares de cabos diplomáticos provenientes da Secretaria de Estado estadunidense.
Poucas semanas depois de ter divulgado inicialmente os documentos secretos, Wikileaks considerou que as publicações européias e estadunidenses que receberam esta informação ignoraram as condições que o Sunshine Press, razão social do portal, exigiu para divulgar a informação confidencial.
Cada nota publicada sobre o material classificado deveria fazer referência aos documentos em que se baseava, e estes seriam reproduzidos no portal do Wikileaks. Os nomes de pessoas inocentes mencionadas nos cabos deviam ser protegido e não se divulgar sob nenhuma cirscunstância.
Posto isto, Assange e sua equipe decidiram entregar a informação que ainda tinham, separada por países, e entregá-la a meios independentes, e o primeiro na receber foi La Jornada.
O Wikileaks foi fundado em 2006 por Julian Assange como uma ONG dedicada a difundir informação confidencial normalmente gerada e considerada ‘classificada’ pelas autoridades estadunidenses. As fontes do portal recebiam a garantia do anonimato.
Estas fontes costumavam ser entes ou indivíduos particulares que tinham prometido confidencialidade por trabalhar em algum círculo do poder estadunidense, mas que sentiam que alguma desta informação secreta devia ser de conhecimento público, porque as autoridades tinham um comportamento questionável que as pessoas deveriam saber. Então podiam publicar o que sabiam em Wikileaks sem que sua identidade fosse revelada.
O portal se tornou relevante em 2009 quando obteve e publicou 570 mil mensagens de localizadores pessoais interceptados ilegalmente em 11 de setembro de 2001, de pessoas que procuravam desesperadamente seus seres queridos depois dos atentados nas Torres Gêmeas e no Pentágono.
Assange advertiu a La Jornada que para trabalhar os arquivos que lhe estava entregando deviam ser utilizado computadores novos que jamais tivessem sido ligados à internet, pois isso já implicava um risco de sofrerem intervenção.
Um analista profissional foi o encarregado de decodificar os arquivos encriptados, além de decifrar uma senha para ter acesso a eles, já que não vinha incluída no material, enquanto uma pequena equipe de pessoas lia o material em inglês e o classificavam.
Os documentos estavam sem uma ordem estabelecida, um cabo seguia outro sem que tivesse relação temática ou cronológica entre eles.
Uma vez concluído o trabalho de classificação dos cabos diplomáticos, foi possível enviá-los aos diferentes repórteres e correspondentes do jornal para que eles elaborassem as notas que apareceram nas páginas do jornal e em um site on-line especial para publicar o material que o Wikileaks entregou a La Jornada.
Depois disso, o portal compartilhou sua informação com outros meios latino-americanos, o argentino Página 12, El Comércio do Peru, El Espectador e a revista Semana, ambos da Colômbia, El Farol de El Salvador e o Centro de investigação e informação Jornalística do Chile.
No livro ‘MéxicoÂáen Wikileaks, Wikileaks em La Jornada’, publicado por esta casa editorial em 2012, sob coordenação de Pedro Miguel, é feito uma contagem minuciosa dos cabos confidenciais filtrados a esse portal, especificamente sobre o México, e que foram publicados nestas páginas.