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Um promotor federal argentino solicitou nesta sexta-feira (21) as primeiras medidas investigativas para analisar o suposto esquema de fraude relacionado à criptomoeda $LIBRA, promovida há uma semana pelo presidente Javier Milei. A situação causou prejuízos milionários em todo o mundo.
“O objetivo é esclarecer as circunstâncias de tempo, modo e lugar relacionadas à criação e ao lançamento da $LIBRA, bem como determinar qual foi o envolvimento de Javier Milei e outros responsáveis”, afirma no documento o promotor Eduardo Taiano, ao qual à Sputnik teve acesso.
Em meio às fortes acusações de fraude e corrupção contra Milei e sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência, o governo conseguiu evitar na última quinta-feira (20), por apenas um voto, que o Senado aprovasse a criação de uma CPI sobre o escândalo envolvendo a criptomoeda.
A proposta exigia 48 votos favoráveis, mas obteve um a menos do que o exigido pelo Regimento da Câmara Alta. Também fracassaram as tentativas de aprovar a convocatória do chefe de Gabinete, Guillermo Francos, para comparecer ao plenário da Casa.
Além dessa denúncia, a Justiça penal argentina já recebeu mais de 120 queixas contra Milei relacionadas ao caso.
No sábado (15), Milei reconheceu o erro e apagou a publicação, mas naquele momento o valor da $LIBRA já havia desmoronado. A moeda, baseada em tecnologia blockchain, opera em um mecanismo altamente especulativo e de alto risco. A estimativa é de que 40 mil pessoas perderam milhões de dólares em poucas horas devido à promoção feita por Milei nas redes sociais.
A criptomoeda é um token sem garantias de valor real, cuja maior parte da oferta estava concentrada em três carteiras. Além disso, o domínio na Internet foi criado na própria sexta-feira após o fechamento dos mercados. O presidente é acusado de promover a empresa, cuja cotação despencou em poucas horas após a divulgação.
Parlamentares opositores, da União pela Pátria (peronista) e do Encontro Federal (socialista), tentam impulsionar um processo de impeachment contra o presidente por “mau desempenho e possíveis crimes cometidos no exercício de suas funções”, conforme estabelece o artigo 53 da Constituição argentina.