Por Claudia Dupeirón * Havana (Prensa Latina) Milhões de pessoas em Cuba acessam hoje a Internet, um processo que cresce a uma velocidade de gigabytes por segundo e exige processos mais rápidos em infraestrutura, serviços e melhor aproveitamento da rede.
Sobre os desafios colocados por esta doença para a computação e as comunicações; Além dos planos do setor para 2021, Prensa Latina conversou exclusivamente com a vice-ministra do ramo, Ana Julia Marine.
Dados do Ministério das Comunicações (Mincom) da ilha indicam que atualmente 7 milhões de cubanos acessam a Internet por diversos canais, dos quais 4, 2 o fazem por meio de dados móveis.
Destas últimas, 1,3 milhão trabalham com tecnologia de telefonia celular de quarta geração (4G LTE).
‘Expandir esse serviço é um dos maiores desafios de Cuba para o próximo ano, disse Marine.
Ele especificou que, além dos 72 municípios em que existe esse tipo de conexão, nos próximos 12 meses a cobertura será ampliada para mais 51.
A transição mais rápida da televisão analógica para a digital também contribuirá para isso, já que a banda de 700 megahertz (MHz), usada na implantação do 4G, será liberada, afirmou.
No entanto, afirmou, ‘a infraestrutura com 3G também vai continuar a expandir-se de forma a possibilitar com ambos os serviços maiores facilidades de ligação de dados móveis a todos os utilizadores do país’.
O vice-ministro destacou que outra das prioridades para 2021 é alargar as capacidades de infraestrutura e segurança dos sistemas de telecomunicações diretamente relacionados com as plataformas de pagamento online Transfermóvil e EnZona.
‘Esses benefícios para gerar bônus eletrônicos são muito procurados pela população e seu uso cresceu durante o estágio de pandemia Covid-19 devido ao confinamento e interrupção obrigatórios de alguns serviços presenciais’, disse Marine.
Estatísticas da Companhia Cubana de Telecomunicações (Etecsa) informam que Transfermóvil realiza mais de 10 milhões de operações e mais de dois pagamentos ou transferências por segundo a cada mês.
Os usuários o utilizam principalmente para operações de transferência entre cartões magnéticos, recarga de celulares e contas permanentes Nauta, pagamento de contas de luz, telefone e impostos, bem como compras em lojas virtuais.
As projeções para 2021 incluem também a obtenção de maior cobertura de informatização nos serviços públicos, como registros de estado civil, identidade, migração e outros procedimentos governamentais realizados pela população.
Além disso, o Ministério, em conjunto com a Etecsa, implementará uma nova forma de conexão sem fio para a cobertura do Nauta Hogar, disse Marine.
Covid-19, o digital em função da saúde
A entrada da pandemia Covid-19 em Cuba em março significou, como no mundo, uma virada de 180 graus para as tecnologias digitais para atividades como shows culturais, coletivas de imprensa, ano letivo e até mesmo uma variante para detectar novos casos com o coronavírus.
‘A utilização de ferramentas de Big Data, modelos matemáticos de previsão do comportamento do vírus e plataformas digitais ligadas aos processos de diagnóstico, gestão, vigilância, prevenção e controlo da pandemia, permitiu o desenvolvimento de várias iniciativas’, disse Marinha.
Com a chegada do SARS-CoV-2, o patógeno que causa a Covid-19, surgiu o Pesquisador Virtual, desenvolvido pela Universidade de Ciências Informáticas (UCI) em conjunto com os Ministérios da Saúde Pública e Comunicações.
É uma plataforma em que qualquer pessoa com mais de 18 anos realiza um inquérito epidemiológico de acesso gratuito, cujos resultados são encaminhados para a respetiva área de saúde.
Os alunos de todas as aulas também podem contar com o MiClaseTV, um aplicativo mobile que permite o download (gratuito) e a visualização offline de teleclasses veiculadas em rede nacional.
O Sistema de Gestão de Informação para Laboratórios Clínicos Xavia LIS Covid-19, também criado na UCI, possibilitou o tratamento de dados de testes realizados para a detecção de Covid-19.
‘Com isso, consegue-se a integração em uma única base de dados das informações das amostras a serem realizadas, de forma organizada e estruturada, e a geração de relatórios para análises estatísticas’, disse o vice-ministro.
Marine também destacou os benefícios do teletrabalho em Cuba, modalidade que foi ampliada junto com a implementação de medidas de saúde para prevenir a propagação da pandemia.
‘Com a infraestrutura existente em Tecnologias de Comunicação no país, o trabalho em casa poderia ser concebido como uma modalidade que deu resultados favoráveis e que só toma conta, porque, sem dúvida, veio para ficar’, disse.
Dados divulgados no final de março pela ministra do Trabalho e Previdência Social do Caribe, Marta Elena Feito, indicam que no final de janeiro de 2020 havia cerca de cinco mil pessoas em teletrabalho.
No entanto, duas semanas após a detecção do primeiro caso de coronavírus na ilha, em 11 de março, o número ultrapassava 112 mil e, em junho, a contagem oficial para todas as formas de trabalho remoto era de 627.855.
A rede de redes nunca será uma ‘nuvem’ passageira na história da humanidade. Estar conectado hoje quase significa existir e nesse enorme mar de navegação está Cuba.
Cinco pilares regem o processo de informatização da sociedade da ilha: cibersegurança, infraestrutura, criação de conteúdo, marco legal e cultura responsável; tudo em uma corrida de enormes desafios, tão rápida quanto 5G, mas precisa e necessária para alcançar um maior desenvolvimento econômico e social.
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* Jornalista da Assessoria de Ciência e Tecnologia da Prensa Latina