A única certeza que temos é que a “guerra de memes” retroalimenta a democracia aparente no Brasil (a tal “demogracinha”), expondo o cidadão ao risco de viver entre a Ilusão de que é capaz de mudar algo e a frustração de saber que foi apenas contido pelos “vídeos engraçados feitos com IA”.
Ainda que utópica, a democracia, em sua essência, pressupõe que o poder emana do povo e deve ser exercido em seu benefício, seja diretamente ou por meio de representantes eleitos. No entanto, o Brasil contemporâneo vivencia uma distorção desse ideal: a chamada “democracia aparente”.
Nesse cenário, políticos autodeclarados de direita ou esquerda simulam divergências ideológicas, mas convergem em agendas que atendem a interesses incompatíveis com as premissas das soberanias nacional e popular, pois são distantes das necessidades do país e do povo.
Essa convergência, muitas vezes, mina a soberania nacional e popular, especialmente em temas como a manutenção de altas taxas de juros (Selic) e a privatização de empresas estratégicas, como as do setor energético ou de infraestrutura.
A ilusão de pluralismo político é sustentada por um sistema que, embora eleitoralmente competitivo, mascara a uniformidade de propostas entre os poderes Executivo e Legislativo.
Enquanto debates superficiais ocupam o centro das atenções, questões estruturais — como a desigualdade social e a dependência econômica — são negligenciadas. Essa dinâmica corrobora a tese de que a transparência eleitoral é fragilizada quando não há verdadeira disputa de projetos, pois os patrocinadores dominam todo o espectro.
Paralelamente, a esfera pública brasileira é palco de uma “guerra de memes” que, ao ser amplificada por veículos tradicionais como a Rede Globo, cria a falsa narrativa de um conflito entre “pobres e ricos”.
A cobertura midiática desses fenômenos, porém, não reflete um avanço democrático, mas sim a cooptação de discursos populares por uma estrutura de poder que historicamente sabotou a autonomia nacional.
A ilusão de “vitória do pobre” via viralização de conteúdos esconde a manutenção de um status quo excludente, alimentando expectativas irreais que, quando frustradas, reforçam o ceticismo em relação à política, permitindo a manutenção de figuras nefastas à frente dos poderes constituídos.
Essa desconexão entre representantes e representados agrava a crise de representatividade. A população, especialmente a juventude, afasta-se de instituições vistas como corruptas ou ineficazes, abrindo espaço para soluções autoritárias ou messiânicas.
A democracia, como sistema que depende da participação ativa, sucumbe à apatia gerada pela sensação de que “tudo é igual” — mesmo quando as urnas insistem em convencer de que oferecem alternativas.
Enquanto a “democracia aparente” persistir, o Brasil seguirá distante de seu potencial de autogoverno. A solução não está em polarizações artificiais, mas na reconstrução de um projeto coletivo que resgate a soberania popular e nacional, alinhando as instituições aos princípios que definem a democracia: liberdade, igualdade e justiça.
É preciso condenar o comportamento predominante de “cidadão zumbi”. “Vídeos engraçados feitos com IA” não substituem a verdadeira luta. Sem esta consciência, a frustração continuará a alimentar um ciclo vicioso de descrença e retrocesso.
Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.