Manifestação em Honduras cobra justiça após assassinato de Berta Cáceres
DW
Penas chegam a 50 anos de prisão. Segundo tribunal, Berta Cáceres foi assassinada por se opor a hidrelétrica em terra indígena. Suposto mandante é ex-presidente da empresa a cargo do projeto e ainda aguarda julgamento.
Um tribunal de Honduras condenou nesta segunda-feira (02/11) sete dos oito acusados pelo assassinato da ambientalista hondurenha Berta Cáceres, em março de 2016, em Intibucá, no oeste do país. Quatro deles receberam penas de 50 anos de prisão, e os outros três, de 30 anos.
Edilson Duarte, Henry Javier Hernández, Elvin Rápalo e Óscar Torres foram condenados a 34 anos de prisão, cada um, como autores materiais do assassinato de Cáceres, e a mais 16 anos por tentativa de assassinato do mexicano Gustavo Castro, que era hóspede da ambientalista no dia do crime e foi baleado pelos atiradores, se tornando a única testemunha do ocorrido.
O major do Exército Mariano Díaz, o gerente ambiental da empresa Desarrollos Energéticos S.A. (Desa) Sergio Rodríguez e o ex-chefe de segurança da companhia Douglas Bustillo receberam sentenças de 30 anos de prisão.
Berta Cáceres foi assassinada a tiros enquanto dormia em sua casa à noite. Ela era coordenadora geral do Conselho Cívico das Organizações Populares e Indígenas de Honduras (Copinh) e se opunha a um projeto hidrelétrico no oeste do país, a cargo da Desa.
Segundo a sentença, os executivos da companhia ordenaram o assassinato de Cáceres por ela organizar manifestações para impedir a construção de uma hidrelétrica no rio Gualcarque, situado em território indígena.
A hondurenha já havia denunciado ameaças de funcionários da Desa contra ela à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que ditou medidas cautelares para a proteção da ativista.
A empresa sempre rejeitou as acusações contra seus funcionários pela morte de Cáceres.
O oitavo acusado é Roberto David Castillo, ex-presidente da Desa, que está preso desde março de 2018 como suspeito de ser o único autor intelectual do crime e que também nega as acusações.
A família de Cáceres denunciou um atraso no julgamento contra Castillo, supostamente para favorecê-lo, e acusa banqueiros influentes que financiavam o projeto da hidrelétrica de serem coautores intelectuais do crime.
Os sete condenados já haviam sido considerados culpados em instância inferior em 30 de novembro de 2018.
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