Pedro Augusto Pinho*
Os porta-vozes dos interesses coloniais, nas suas expressões públicas, procurando manter o mínimo de credibilidade, reconhecendo o atraso civilizatório das elites brasileiras. Nunca é demais repetir o sábio Darcy Ribeiro, que dedicou toda sua vida ao Brasil: temos a mais cruel elite do mundo.
A incapacidade de aceitar que um operário fosse Presidente da República, mesmo não tendo um projeto de esquerda – procurava como a maioria absoluta, quase a totalidade dos brasileiros, dias melhores para ele e os seus colegas operários – fez com que aquela elite cruel levasse o País ao limite de uma desagregação indesejável por nacionalistas e patriotas.
Mas não pela banca, também denominada Nova Ordem Mundial ou sistema financeiro internacional. Na evolução da tomada de poder mundial, como personagem de filme de aventura, mas sem o padrão caricatural da ficção, a banca está na fase da destruição dos Estados Nacionais. Veja o caro leitor o que ela está fazendo pelo Oriente Médio, pela Ásia, com a União Europeia e áreas africanas.
Em diferentes estágios, todos estes espaços geográficos estão se transformando em áreas sem estado ou com tão falha representação que mais parece o Império Romano, na descrição do colonial escritor Edward Gibbon (A História do Declínio e Queda do Império Romano).
Vamos aos recentes acontecimentos. Por obra de uma disputa de poder, acaba por ser revelado que todos os principais artífices do golpe que destituiu Dilma Rousseff eram os verdadeiros grandes corruptos no Brasil. E, para atacar Lula, toda a grande imprensa – televisão, rádio, jornais, revistas – desde 2005 vinham “denunciando” os escândalos do Partido dos Trabalhadores (PT) e de suas lideranças. Preparava-se deste modo a população em geral para despojar de qualquer fragmento de poder aqueles operários e seus representantes.
Mas a campanha contra a corrupção começa a apresentar fissuras. A Operação Lava Jato se revela parcial e equivocada. Busca o tostão e deixa passar o bilhão.
Isto vai criando a necessidade de serem apresentadas outras vítimas, além dos petistas. Mas preservam-se os tucanos, os ruralistas, os representantes do poder de quem dirige, desde o Império, o Brasil: aquela elite cruel.
Poderia ter acontecido uma esquizofrenia popular e pedir um ditador, um Hitler ou um fantoche. E alguns se apresentaram. Mas, felizmente, o povo está mais amadurecido e muito contribuiu para isso a retirada de direitos historicamente consagrados e milhares de empregos, apenas nestes 12 meses de governo golpista.
A grande mídia representante dos interesses estrangeiros, da banca, no Brasil, antevendo uma mudança de governo, e à semelhança do que fizera ao fim dos governos militares, procura simular a troca de lado. A Globo teria lançado para uma pouco incômoda concorrente o papel de defensora dos corruptos? Pretendia assim, a baixo custo, manter seu poder. Mas já está muito associada aos interesses antipopulares para convencer quem quer que seja.
imagens: Mídia Ninja e Jornalistas Livres