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sexta-feira, 27 dezembro, 2024

Guatemala: Desafios do Governo Arévalo e possíveis medidas de impacto

Cidade da Guatemala (Prensa Latina) O governo de Bernardo Arévalo na Guatemala, cujo mandato vai até 2028, tem entre os principais desafios garantir a sua sustentabilidade política, afirmou o renomado antropólogo e pesquisador Mario Sosa.

Por Zeus Naya

Correspondente-chefe na Guatemala

Tal cenário ocorre diante dos contínuos ataques do bloco de poder, denominado Pacto dos Corruptos, afirmou também o lutador acadêmico e social guatemalteco em declarações exclusivas à Prensa Latina.

Esse grupo – autor de diversas obras relacionadas com a participação cidadã aprofundada – vinha controlando o órgão executivo com as administrações de Alejandro Giammattei (2020-2024) e Jimmy Morales (2016-2020).

Arévalo, que assumiu a presidência em 15 de janeiro junto com a vice-presidente Karin Herrera, “deve, entre outras questões, criar alianças sustentadas dentro e fora do Estado”, acrescentou o especialista.

Na sua opinião, cabe também ao porta-estandarte do partido Movimento Semilla desmantelar estruturas e quadros paralelos que operavam com o referido bloco, bem como submeter a processos judiciais os responsáveis ​​pelos saques e corrupção no Estado.

Da mesma forma, observou, blindando-se legalmente dos processos de judicialização em curso do Ministério Público com o apoio do aparelho de justiça, incluindo o Tribunal Constitucional.

Outro obstáculo que o ex-diplomata de 65 anos deve superar é “garantir recursos financeiros suficientes para viabilizar as suas ofertas de expansão da cobertura de saúde e educação”, considerou Sosa.

Referiu-se à prestação de apoio aos pequenos produtores, à facilitação de paliativos para enfrentar a insegurança alimentar e à execução de obras de infra-estruturas.

Neste último tópico incluiu a rede rodoviária profundamente deteriorada, ao mesmo tempo que mencionou soluções para problemas ligados à pobreza, falta de financiamento, acesso aos mercados e disponibilidade de alimentos.

Na opinião de Sosa, o Executivo de Arévalo deve gerar mudanças no chamado “modelo de desenvolvimento”, para que este vise fornecer recursos aos pequenos e médios produtores.

Ele levantou a necessidade de garantir a soberania e segurança alimentar e a abertura de fontes de emprego para reduzir os fluxos migratórios.

Com o mesmo propósito, acrescentou que as actuais autoridades no poder devem “parar concessões e projectos que sejam prejudiciais ao ambiente e aos interesses nacionais”.

Estes, destacou o antropólogo, também foram rejeitados e resistidos por organizações sociais, comunidades e povos indígenas e mestiços.

A actuação do partido Movimento Semilla e dos seus aliados, reflectiu, tem geralmente diante de si o obstáculo de canalizar uma orientação para o desenvolvimento das forças produtivas.

Além disso – afirmou o pesquisador – estabeleça uma política soberana que, baseada nos interesses nacionais e na diversificação das relações cambiais, direcione os laços com a China.

Nesse mesmo sentido, sublinhou o professor e lutador social, também com os países que fazem parte do bloco progressista e de esquerda na América Latina.

POSSÍVEIS MEDIDAS DE IMPACTO

Como possíveis medidas de impacto para a população que o Governo de Bernardo Arévalo poderia implementar, o analista político identificou o controlo e combate à corrupção.

“Embora não seja um problema de raiz, no imaginário coletivo é de importância capital”, destacou Sosa em suas palavras à Prensa Latina.

Colocou em segundo plano o controle e a redução da criminalidade e da violência que geralmente atinge os cidadãos deste território centro-americano.

“Questões como o controle da extorsão, que atinge a todos, desde lojistas de bairro até empresas de médio porte, são relevantes aqui”, disse.

Observou também o combate frontal às estruturas do crime organizado, especialmente o tráfico de drogas, o tráfico de pessoas e o contrabando em grande escala.

Por último, destacaram-se a construção e implementação de hospitais e escolas, estradas e prestação de ajuda alimentar, entre outros.

Arévalo e Herrera assumiram posições focadas no combate à corrupção (um muro a derrubar, segundo especialistas) e com a promessa de uma nova primavera.

Entre as decisões implementadas nos primeiros dias do seu mandato está a retirada do acordo assinado nos quase últimos dias de Giammattei, que proporcionou segurança aos seus ex-funcionários por um período semelhante ao do cargo ocupado.

Retiraram as cercas localizadas ao redor do Palácio Nacional da Cultura e da Casa Presidencial, e anunciaram junto ao prefeito desta capital a construção da primeira linha do metrô.

O presidente e o vice-presidente participaram numa cerimónia maia em Kaminal Juyú, na região metropolitana, mas que muitos apreciaram como um novo reconhecimento do papel das organizações ancestrais na defesa da democracia.

Para alguns, a abordagem periódica à imprensa, o compromisso de não persegui-la pelas suas opiniões, ou a reunião com os 340 autarcas municipais, adquirem um valor estratégico e respondem às expectativas.

Resta a exigência de renúncia, não cumprida, da Procuradora-Geral Consuelo Porras, a quem Arévalo descreveu depois de vencer as eleições como a ponta de lança de um golpe de Estado em curso, promovido pelo pacto corrupto na Guatemala.

Na mesa de análise, diferentes desafios e possíveis medidas no sentido da transparência em todas as estruturas e do combate à impunidade; No entanto, no horizonte há esperança de mudança.

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