Em resposta ao desafeto, Gilmar disse que Barroso “mandou soltar José Dirceu”, quando na verdade o ministro perdoou a pena com base no indulto natalino da presidência da República, mas o ex-ministro continuou preso, porque havia sido condenado pela Lava-Jato. “É mentira. Aliás, Vossa Excelência normalmente não trabalha com a verdade”, disse, em direção a Gilmar. Barata ficou preso menos de um mês, enquanto Dirceu cumpriu pena de três anos.
“Vossa Excelência tá queixoso porque perdeu o caso dos precatórios. Deveria ouvir a nova música do Chico Buarque: ‘a raiva é filha do medo e mãe da covardia’. Vossa Excelência fica destilando ódio o tempo inteiro, não julga, não fala coisas racionais, articuladas. Use um argumento”, disparou Barroso. “José Dirceu permaneceu preso sob minha jurisdição. Ele cumpriu a pena e foi solto por indulto, mas mesmo assim permaneceu preso. Não transfira para mim essa parceria que Vossa Excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco”, disse.
Ao rebater as declarações de Barroso, Gilmar Mendes afirmou não ser “advogado de bandidos internacionais”, em referência ao trabalho do ministro como defensor do ex-ativista italiano Cesare Battisti, antes de ser nomeado ao STF. Na tréplica, Barroso disse a Gilmar: “Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é Estado de Direito, isso é Estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário”, concluiu.
O bate-boca só terminou quando Cármen Lúcia lembrou aos colegas que estavam “no plenário de um Supremo Tribunal” e que deveriam retomar o caso em julgamento, a decisão da Assembleia Legislativa do Ceará que extinguiu os tribunais de contas dos municípios do Estado. Os ministros mantiveram a decisão da Assembleia.