Caracas, AVN
Por: Yuleidys Hernández Toledo
Cinco candidatos que neste domingo participaram das eleições legislativas e interpartidárias na Colômbia questionaram as irregularidades apresentadas durante o processo, que consideraram fraudulento. A principal denúncia foi a falta de cédulas em quatro cidades (Medellín, Bucaramanga, Cali e Bogotá), o que obrigou a votar com cédulas fotocopiadas.
A pré-candidata à vice-presidência Marta Lucía Ramírez —companheira de fórmula do candidato presidencial do Centro Democrático, Iván Duquez—, acusou o governo e as autoridades eleitorais do país de cometer fraude nas eleições da Grande Consulta pela Colômbia, ao não garantir o direito dos eleitores a receber as cédulas.
Ramírez disse que por estas irregularidades, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, “deveria renunciar hoje mesmo”.
“A Colômbia está em modo fraude”, foi a denúncia no Twitter de Gustavo Petro, candidato presidencial na votação de 27 de maio, sobre as eleições interpartidárias, depois de explicar que “os formulários E14 que informam os resultados na consulta não serão digitalizados on line como ordena a lei”.
São frequentes os atos fraudulentos nas eleições colombianas, como foi no primeiro triunfo presidencial de Juan Manuel Santos, em maio del 2010, que esteve marcado por denúncias deste tipo.
Na época, a Missão de Observação Eleitoral (MOE) denunciou a compra de votos a favor de Santos, então candidato do Partido da U, nos departamentos de Antioquia (oeste), Cauca (sudoeste) e na capital.
A MOE, uma plataforma formada por 302 organizações civils independentes que na ocasião credenciou 2.302 observadores, 53 deles internacionais, denunciou uma atividade fraudulenta por parte de testemunhas eleitorais que fizeram propaganda a favor de Santos, chegando a pressionar os eleitores, citou Europapress.
O portal Voltairenet informou que nestas eleições a MOE contou 15 mil denúncias de irregularidades no sistema eleitoral.
As denúncias de fraude se repetiram nas eleições regionais de outubro de 2011, quando a então prefeita de Yopal, no departamento de Casanare, Lilian Fernanda Salcedo, informou sobre a descoberta de cédulas previamente marcadas, e por isso os moradores do setor protestaram contra a “fraude eleitoral”, destacou a revista Semana.
Roubo de triunfos
Nas eleições legislativas de março de 2014, o grande prejudicado foi o partido Movimento Independente de Renovação Absoluta (Mira). Roubaram o triunfo de três senadores, resultado que foi “corregido” depois de três anos e meio.
Mira denunciou que a fraude ocorreu em três etapas do processo eleitoral. A primeira foi a invalidação induzida com a caneta, quando ao marcar o X e dobrar o papel, a tinta deixava outra marca perto de outro espaço, anulando o voto.
A segunda foi nas atas de apuração, quando em uma primeira contagem os dados passam de um formulário a mão a outro digital (do E-14 ao E-24), que a Registradoria utiliza para conhecer os resultados. Neste processo os votos para o partido cristiano eram somados a outros partidos e candidatos, afirma o portal colombiano Las 2 Orillas.
Tanto a documentação apresentada por Mira como a investigação do Ministério Público colombiano evidenciaram a fragilidade do sistema.
Depois desta votação, realizada em 9 de março, houve um lapso de um mês para conhecer o resultado final e durante esse período se demonstrou que o software sofreu sabotagem para alterar os resultados: apareceram pelo menos 236.523 votos a mais.
Nos registros obtidos, ficou comprovado ainda que uma pessoa entrou no sistema pelo menos 1.208 vezes entre às 21h e às 9h durante os seguintes dias para alterar a votação de alguma mesa.
Também se descobriu que em mais de 60 mil oportunidades o resultado de algum candidato ou partido foi alterado.
Compra e venda
Nas eleições regionais de outubro de 2015, a compra e venda de votos foi o delito mais frequente durante a jornada da Missão de Observação Eleitoral (MOE), destaca o portal colombiano El País.
Em Cundinamarca, município de Funza, vários cidadãos denunciaram as operações de uma fábrica de carteiras de identidade falsas, e asseguraram que nem a Registradoria nem o Ministério Público tomaram medidas para verificar o censo eleitoral, informou Caracol.
As denúncias de fraude nas eleições colombianas são conhecidas pela Missão de Observação Eleitoral, que em fevereiro de 2018, alertou sobre a possibilidade de irregularidades em 170 municípios colombianos durante as eleições legislativas e interpartidárias deste domingo.
Fotos: EFE