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sexta-feira, 19 abril, 2024

FIDEL CASTRO: O IDEOLOGO DO PÁTRIA LATINA

Valter Xéu*

Era outubro de 2001, poucos dias depois do 11 de Setembro, eu e mais um grupo de jornalistas se encontrava em Havana participando com outros profissionais da comunicação no continente sul americano, de um evento em Havana no Palácio das Convenções.

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Fidel se fez presente todos os quatros dias de debates que começavam as 09 da manha e se estendia ate às 15 horas quando saiamos para o almoço, sem antes, acontecer àquela rodinha de jornalistas mais próximos do comandante em que ficávamos papeando ate às 16 horas ou mais.

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A conversa geralmente era sobre economia, politica, e comunicação.

Lembro que a ALCA estava em evidencia e o comandante nos alertava para o perigo que ela representava caso fosse aprovada pelos governantes latinos americanos.
Bloqueio dos EUA contra Cuba, a economia e a politica no continente, assim como os prejuízos que o bloqueio causava a economia cubana, com consequências drásticas para o povo era os assuntos mais comentados.
Dias antes eu tinha entregue a Fidel um exemplar do Noticias da Bahia de setembro de 2001, em que relatava o ataque às torres gêmeas em Nova Yorque e a manchete era “TERRORISMO FORA DE CASA, PROVOCA TERRORISMO EM CASA” de um artigo escrito pelo Hélio Fernandes da Tribuna da Imprensa no Rio de Janeiro.

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Fidel pacientemente sentado na mesa com alguns convidados folheou o jornal e como eu estava logo na primeira fila, disparei cliques e mais cliques e quando terminou os trabalhos do dia, pegou o jornal e levou.
Dia seguinte, lá estava novamente o comandante e nas rodas de papos com jornalistas, sugere que se criem publicações na América Latina para defender o continente das investidas norte-americana com a implantação da ALCA.
Em um papo sobre comunicação, em um assunto que já vinha sendo discutido bastante pelo companheiro jornalista Beto Almeida sobre a possibilidade de se fundar um canal de TV voltado para o continente e dai vingou mais tarde a Telesur.
Fidel nos falava da importância da criação e mais veículos de informações para contrapor o bombardeamento diário exercido pela mídia comprometida com os interesses das grandes corporações, e foi dessa conversa que surgiu a ideia de se fazer um jornal cuja linha editorial fosse à defesa e a união dos povos oprimidos do planeta e para isso contamos com o apoio imediato da agencia cubana de noticias a Prensa Latina e através dela ganhamos dois colunistas de peso, Eduardo Galeano e Gabriel Garcia Marques.
Nessa convivência minha com Cuba, estive algumas vezes com Fidel, e os encontros geralmente ocorriam em eventos em que o líder cubano participava ou em uma viagem para a África onde fez em Salvador uma escala para abastecimento das aeronaves e uma visita ao senador ACM.

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Na suíte presidencial do Hotel Bahia Othon, Fidel recebeu um pequeno grupo de simpatizantes solidários a Cuba, onde fez uma rápida explanação da situação mundial e o que isso representava para a América Latina.
Na despedida eu solicitei ao Conselheiro Cubano Jorge Ferreira que fizesse uma foto minha com Fidel quando eu lhe desse um aperto de mão.
Ferreira com a minha maquina a postos, e lá vem Fidel apertando a mão das pessoas presentes em despedida para ao aeroporto e da continuidade a sua viagem para a África e quando da minha vez, aperte a mão do comandante e olhamos para a maquina onde via um Jorge meio desesperado dizendo “Valter, a maquina travou”. Eu falava, “bate Jorge” e ele respondia que estava travada e Fidel querendo saudar outros e eu segurando a mão e sentindo puxando a mão e o resultado, é que a foto do aperto de mão não foi feita e me contentei com uma do grande fotografo Claudionor que fotografou quando eu estava à mesa com Fidel, o embaixador Ramon Parodi e o tradutor Ernesto que acompanhava o líder cubano nas viagens pelo mundo.
Falar do legado de Fidel para a humanidade, as lutas pela libertação de países africanos do colonialismo europeu, a solidariedade internacional de Cuba na formação gratuita de milhares de médicos para países que não tinham escola de medicina e aos que tinha como o Brasil e muitos outros. Estudantes cuja maioria vinha da classe mais humilde, lá ficavam por seis anos ou mais, tudo por conta do governo cubano que sofria e ainda sofre um dos bloqueios mais terríveis de toda historia da humanidade por parte dos Estados Unidos.
Angola teve o apoio de Cuba nas lutas pela independência, Congo, Argélia, a queda do apartheid na África do Sul e a consequente libertação de Nelson Mandela, foi provocada por Cuba e os angolanos na batalha de Cuito Cuanavale em que os sul-africanos foram derrotados e nos acordos, muita coisa que o mundo ate hoje ignora, a libertação de Nelson Mandela.
O governo cubano tinha e continua tendo um carinho muito especial pelo Brasil, mas especificamente pela Bahia. As bolsas para se estudar em Cuba para os baianos, sempre eram em números maiores que do resto do Pais.
Pátria Latina só de estudantes de medicina mandou 28 ao longo de alguns anos e mais alguns para educação física, cinema e bale.
Como bem escreveu Miguel Baia Bargas, Fidel Castro foi uma personalidade que antecipou o futuro.
“Fidel estava muito à frente de seu tempo. Ele escreveu seu nome como um dos grandes líderes da História, principalmente como o defensor dos explorados e dos que sofrem com a opressão e a injustiça. Por isso mesmo foi odiado pela burguesia e seus fantoches, que contra ele assacam toda sorte de calúnias. No entanto, nada abalou o amor que o povo cubano e a humanidade progressista devotam a este exemplo do “homem novo”, solidário, ético, audaz, e que jamais desistiu de lutar para antecipar para todos os povos um futuro de paz e justiça social”. Disse Miguel.
*Valter Xéu é diretor e editor de Pátria Latina e Irã News

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