Por Sérgio Jones*
Nunca antes tais conceitos foram tão precisos como nos dias atuais. Os exploradores, independente da época, só procuram os trabalhadores por uma única e precisa razão, para produzir mais do que aquilo que o patrão gasta para mantê-los. O trabalhador tem que produzir o excedente, isto é, uma riqueza maior que é apropriada pelo empregador, caso contrário não seria interessante tê-los como empregados. Foi assim no período escravocrata, durante o feudalismo e continua no sistema capitalista com tamanha selvageria nunca antes registrada nas páginas da história da humanidade.
Estamos a nos reportar a prática que Karl Marx denominou como mais valia o que significa dizer que o empregador, patrão, se apropria do excedente produzido pela classe trabalhadora. Exemplo, você trabalha para mim, produz um total de 20, mas eu só te devolvo 5 por cento do total produzido, eu sempre me apropriarei do excedente em relação àquilo que você recebe de volta.
Verifica-se que a falta de consciência do operário, com relação a este modelo econômico, ocorre devido ao fato de que ele costuma pensar que quando recebe seu salário, o empregador está lhe pagando pelo trabalho que ele faz, na fábrica, na empresa… O que não reflete a verdade dos fatos. Isso não deixa de ser uma cortina de fumaça que fornece uma visão ideológica distorcida. Uma manipulação que é reforçada pela mídia, pelas escolas, pela família, pelas igrejas e pelo senso comum, que induz o trabalhador a acreditar que tal relação com o patrão resulta em uma “troca justa”. O que se sucede nesta relação é que quanto mais a classe patronal acumula riqueza, o operário acumula pobreza. A conclusão lógica é que o operário recebe, no salário, muito menos do que produziu.
Tal relação nos leva de volta ao problema da sociedade dividida em classes: a classe que produz e a classe de parasita que sobrevive do trabalho alheio. O capitalista compra a força de trabalho para poder explorá-la, o que resulta em toda a fonte de desigualdade existente. É a partir desta relação desigual que dá origem e se torna fonte e a matriz de toda a violência urbana e rural, e de todas as tensões que atravessa a sociedade moderna. Oque fica explícito neste contexto é que o trabalho não dignifica o homem, mas sim danifica.
*Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)