O presidente Mauricio Macri (Juntos pela Mudança) defendeu seus feitos até agora nos temas expostos, já Alberto Fernández (Frente de Todos), Nicolá del Caño (FIT), Juan José Gómez Centurión (Frente NOS), José Luis Espert (Frente Despertar) e Roberto Lavagna (Consenso Federal), apresentaram suas propostas e condenaram veementemente algumas do mandatário.
‘Há quatro anos, houve outro debate em que alguém mentiu muito e quem mentiu é quem quer ser presidente… Eu vim para dizer a verdade’, disse em sua abertura o principal rival de Macri nas urnas, Alberto Fernández, favorito nas pesquisas.
Enquanto del Caño defendeu que a atual dívida gerada seja paga por aqueles que arrastaram o país à crise que vive hoje, o candidato Lavagna chamou a levantar uma economia que está hoje paralisada e Centurión e Espert deixaram clara sua posição em relação à economia.
Como era de se esperar, este foi um dos temas mais difíceis do primeiro round do debate, com muitos candidatos condenando as políticas de ajuste do atual governo.
Macri se defendeu, afirmando que a Argentina há décadas arrasta uma economia desordenada e disse que pensou que ia ser mais simples resgatá-la, depois de insistir que a carga é muito grande e caiu sobre a classe média, mas todo o esforço não foi em vão, porque ‘estamos melhor, em um ponto de partida para começar a crescer’.
Fernández apontada contra Macri pelo que considerou um fracasso na economia e elevou o debate ao destacar que quando terminar o mandato deixará cinco milhões de pobres, que assumiu em 2015 com uma dívida externa de 38% e hoje é de 100%.
Macri argumentou que dois em cada três pesos foi para pagar dívida que recebeu do governo anterior, o que Fernández, por sua vez, contestou: não sei em que país [você] vive.
Dos 39 bilhões de dólares que o Fundo Monetário InternacionaI nos deu, 30 bilhões foram embora. Esses dólares não estão em pontes ou em casas, foram tomados por seus amigos, presidente. É hora de parar de mentir. Outro que criticou a política econômica do atual mandatário foi Del Caño, que observou que chegou prometendo pobreza zero e vai com quatro milhões de pobres e mais.
Por sua vez, o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, candidato de Consenso Federal chamou a colocar a economia em marcha, defender o consumo e fechar essa lacuna ‘entre o que o país pode ser e o que ele é’, já Centurión defendeu o papel das pequenas e médias empresas.
Um dos temas mais controversos foi o das relações internacionais. Enquanto Macri e Espert chamaram de ‘ditadura’ o governo de Nicolás Maduro, Fernández e Del Caño deixaram claro que os assuntos internos daquele país devem ser resolvidos pelos venezuelanos.
Este último cedeu parte de seu tempo e pediu um minuto de silêncio pelas vítimas dos protestos no Equador.
Estavam também sobre a mesa temas de convergência, como as Malvinas, território usurpado pelo Reino Unido, e o Mercosul, divergentes para uns, com Macri defendendo o novo acordo com a União Europeia.
Fernández criticou o presidente por sua referência ao retorno da Argentina ao mundo. ‘Me impressiona quando o presidente diz as coisas que diz; as relações internacionais não são para tirar fotos com líderes. Passaram-se sete semestres e não entrou um centavo dessas potências’, ele refutou.
Pontos espinhosos foram tocante à educação e à saúde, direitos humanos e igualdade de gênero, onde se viu posições discordantes em relação ao aborto, alguns em defesa da vida, outros em apoio a essas mulheres que morrem por interromper a gravidez em condições infrahumanas.
Quase no encerramento, o presidente-candidato endureceu o discurso contra o kirchnerismo ? tendência política representada na figura de Néstor Kirchner e Cristina Fernández ? enfatizando que quatro anos é muito pouco tempo para consertar a economia e pediu aos argentinos acompanhar seu projeto.
‘Nós caímos muitas vezes, é hora de isso não nos acontecer mais. Tenho certeza que, entre todos e todas, nós podemos mudar a Argentina e colocá-la de pé. Eu sei que conto com vocês. Contem comigo’, e fechou sua apresentação, seu principal rival.
Por sua vez, Lavagna disse que os argentinos estamos mal e poderíamos estar melhor, enquanto Centurión fez um chamado a recuperar o direito à vida e Espert concluiu lutando contra Macri e também o kirchnerismo.
O primeiro debate deixou um saldo para muitos do que está por vir nas eleições onde os argentinos terão principalmente que escolher dois modelos muito diferentes, que marcaram a pauta do debate. Continuar a apoiar o presente ou dar uma volta na engrenagem e virar a página, esse será o desafio para os quase 34 milhões de pessoas habilitadas para votar.