Por Maylín Vidal
Em entrevista exclusiva a Prensa Latina da plataforma zoom, o ex-presidente, refugiado político na Argentina após o golpe de Estado de novembro de 2019, enfatizou que o Covid-19 está matando pessoas, mas o governo da ditadura também está matando pessoas através da fome.
Se esta questão não for resolvida, a fome poderá matar mais do que o novo coronavírus na Bolívia porque não há política social ou programa produtivo, advertiu o ex-governador e líder do Movimento ao Socialismo (MAS), cujo braço político está liderando as urnas antes das eleições de 18 de outubro.
Neste sentido, Morales enviou uma mensagem de Buenos Aires ao povo boliviano que, disse ele, deve estar preparado para duas coisas: cuidar do voto durante as eleições e defender o voto após o processo eleitoral.
O ex-presidente mostrou sua confiança no papel de observador nas eleições a serem realizadas pelas Nações Unidas e pela União Europeia, entre outras organizações, mas advertiu que desde ontem foi informado de que o delegado da Organização dos Estados Americanos (OEA) é o mesmo que esteve presente nas últimas eleições naquele país, o que levou ao golpe de Estado subsequente.
‘Só peço a meu povo que não entre na provocação e agressão de (Secretário da OEA) Luis Almagro, entendo o que ele está insinuando com isso. Desde o primeiro momento, nossos candidatos ao MAS foram detidos, ainda há dois ou três que não foram libertados e o processo ainda está em andamento’, disse ele.
O ex-presidente, que na semana passada foi desqualificado para concorrer ao cargo de senador em Cochabamba, denunciou como, em seu caso, têm quase 10 julgamentos abertos. Há cerca de 20 ou 30 candidatos ao MAS em julgamento, entre eles o ex-ministro das Relações Exteriores Diego Pary e vários ex-ministros.
‘Quero que a comunidade internacional saiba que somos muito pacientes, que buscamos a paz e a justiça social, que defendemos a democracia e que apoiamos tudo sob os olhos do mundo inteiro’. Tenho muita confiança em organizações como a ONU que podem ser um contrapeso para as manobras da OEA’, disse ele.
Depois de salientar que a verdade e a razão prevalecerão, Morales se referiu a todas as manobras e como foi demonstrado que o golpe de Estado contra ele veio dos Estados Unidos.
‘Eu comparo o império americano a um pit bull, quando ele morde não solta’. Foi demonstrado que o golpe de Estado veio dos Estados Unidos’, disse ele depois de exemplificar como o senador republicano Richard Black o admitiu, devido ao interesse especial que eles têm pelos grandes depósitos de lítio na Bolívia.
Em 24 de julho deste ano, o empresário proprietário do Tesla Elon Musk confessou ter participado do golpe e até declarou ‘vamos bater em quem quisermos’. Outra prova de que foi por causa do lítio boliviano, disse o ex-presidente após observar que não foi apenas um golpe ‘do gringo para o índio, mas também para nosso modelo econômico e para o lítio’.