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quinta-feira, 3 julho, 2025

EUA proíbem atleta brasileiro de competir em Cuba

Brasília, 3 de julho (Prensa Latina) O governo dos Estados Unidos proibiu a entrada em seu território do atleta olímpico brasileiro Hugo Calderano, considerado o melhor mesatenista latino-americano da história, que pretende viajar a Cuba em 2023.

Com base em uma lei de 2015 chamada Lei de Prevenção à Circulação Terrorista, a decisão revela a persistência de políticas irracionais e discriminatórias, agora reforçadas durante o governo do presidente Donald Trump.

Calderano tentou entrar nos Estados Unidos com seu passaporte português, que é beneficiário do Programa de Isenção de Vistos, que permite estadias de até 90 dias para turismo ou negócios.

No entanto, sua autorização foi negada. O motivo? Ter pisado em solo cubano em janeiro de 2023 para competir no Campeonato Pan-Americano de Tênis de Mesa e no torneio classificatório para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.

De acordo com os regulamentos do Departamento de Segurança Interna dos EUA, aqueles que visitaram países em uma “lista negra” — como Coreia do Norte, Irã, Iraque e, desde 2023, Cuba — não são mais elegíveis para essa isenção e devem solicitar um visto tradicional, mesmo que sua viagem a esses países tenha sido por motivos esportivos ou humanitários.

A inclusão de Havana na lista não ocorreu no governo do republicano Trump, mas do democrata Joe Biden, que prometeu desfazer as medidas mais extremas de seu antecessor, mas acabou consolidando-as.

O padrão exige que qualquer viajante que esteja em Cuba desde 12 de janeiro de 2021 solicite um visto regular — longo, caro e burocrático — mesmo que tenha cidadania europeia.

O assessor de Calderano explicou que ele tentou obter um visto de emergência para competir neste fim de semana em um torneio internacional em Los Angeles, mas o pedido foi rejeitado.

O incidente gerou indignação nos círculos esportivos e diplomáticos, citando a criminalização de um atleta por exercer sua profissão em um território soberano.

Também destacou as grandes diferenças em custos e processamento entre o ESTA (uma autorização digital por apenas US$ 21) e o visto tradicional dos EUA, que custa mais de R$ 1.000 (cerca de US$ 184) e pode levar meses para ser processado.

Para muitos analistas, essa política não só reforça o bloqueio injusto imposto a Cuba por mais de seis décadas, mas agora atingiu níveis de extraterritorialidade e punição coletiva contra cidadãos de terceiros países.

A exclusão de Calderano não é um incidente isolado. Vários profissionais, acadêmicos e artistas que tiveram contato recente com a nação caribenha também foram rejeitados por Washington, sem explicação clara, em uma tendência que está causando alarme.

O caso de grande repercussão reabre o debate sobre os limites éticos da política externa dos EUA.

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