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Por Altamiro Borges
A mídia hegemônica – que jogou na desestabilização política do país, apostou no golpe contra Dilma Rousseff e ajudou a chocar o ovo da serpente que elegeu Jair Bolsonaro – até agora não engoliu a vantagem de Lula nas pesquisas eleitorais. Mesmo a parte que teme o “capetão” com seu fascismo na política e seu obscurantismo nos valores segue na busca da tal “terceira via” – o nome da vez é a desconhecida Simone Tebet do fraturado MDB – e faz de tudo para evitar uma vitória das esquerdas no primeiro turno e para enquadrar e “modular” o programa de governo do líder petista.
Nos últimos dias, após o vazamento irresponsável de alguns trechos da plataforma, jornalões, revistonas e emissoras de tevê destilaram veneno contra um esboço do plano. Nesta sexta-feira (10), o oligárquico Estadão publicou um editorial patético intitulado “O cheque sem fundos de Lula”. O texto, carregado de ódio de classe e de posições ultraneoliberais na economia, revela todo o caráter golpista deste jornalão – que vem desde os tempos de Getúlio Vargas.
Teto de gastos e deforma trabalhista
Para o jornalão da famiglia Mesquita, “o rascunho de seu plano de governo só confirma que o PT não aprendeu nada com o passado. Depois de um legado de recessão econômica, é inacreditável que o partido continue a insistir nos mesmos erros cometidos em período tão recente da história brasileira. Entre as ideias centrais do documento está a revogação do teto de gastos, fundamental para conter a gastança desenfreada de Dilma Rousseff. Outro alvo é a reforma trabalhista de 2017”. O Estadão confessa que bancou o golpe exatamente para impor o “teto de gastos” e a “deforma” trabalhista.
Com a mesma adoração ao “deus-mercado”, a Folha publicou editorial na quarta-feira (8) intitulado “O PT de sempre”. O jornal da famiglia Frias também se mostra irritadinho com a proposta programática das forças de esquerda. Arrogante e raivoso, o jornal decreta: “Um partido tradicional, com inserção na sociedade e larga experiência administrativa não deveria suscitar incertezas ao divulgar diretrizes para um programa de governo. O PT de Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, é um caso à parte… A repetição das teses estatistas e corporativistas não chega a surpreender – desde a crise que levou ao impeachment de Dilma, os petistas parecem mais preocupados em negar erros do que em renovar ideias”.
Comentários irritadiços na TV Globo
O maior temor do decadente jornalão – que já chegou a ter mais de um milhão de exemplares diários nas bancas e hoje circula com menos de 80 mil impressos – também é com o fim do teto dos gastos e com a “deforma” trabalhista do traíra Michel Temer. De maneira escamoteada, o editorial defende o receituário ultraneoliberal proposto por Paulo “Offshore” Guedes, o ministro do fascista Jair Bolsonaro, com suas privatizações das estatais – inclusive da Eletrobras e da Petrobras – e prega maior austericídio fiscal.
A mesma linha editorial também aparece nos comentários irritadiços dos telejornais da Globo – aberta e por assinatura. E está presente em outros veículos – como nas revistonas e nos portais da internet da imprensa patronal. Na prática, a mídia hegemônica tenta “modular” – para usar uma palavra da moda – e domesticar o programa das esquerdas. Ela não dará tréguas na campanha eleitoral!