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sexta-feira, 29 março, 2024

ESQUEÇA TUDO QUE LHE ENSINARAM, COMECE A APRENDER E TALVEZ CHEGUE A PENSAR

 PRELIMINARES

O golpe de 2016 já provocou e continua provocando diversos danos ao Brasil e aos brasileiros. São mais visíveis e provocam imediata revolta os que exterminam empregos, extinguem garantias trabalhistas e direitos sociais e previdenciários, também os que alienam o patrimônio da Nação, especialmente os recursos não renováveis e estratégicos para soberania brasileira, além da desindustrialização que, em grande parte, é causada pelo Poder Judiciário. Mas há um malefício ainda maior que objetiva manter e aprofundar a ignorância, a submissão e prosseguir na didática colonial, com o reforço dos veículos de comunicação de massa, a grande mídia. É sobre este mal que trato neste artigo. Há um ditado latino que diz, “amicus Plato, sed magis amica veritas”, cujo significado pode ser assim traduzido: o conhecimento (a filosofia, Platão) é nosso amigo, mas a verdade é amiga ainda maior. Este adágio se contrapõe à divisa pitagórica: “magister dixit”, ou seja, o que o poder manda é sempre certo, que induz à submissão e à aceitação das “verdades” dos donos, do colonizador, dos “mestres(!)”.

ESQUEÇA TUDO QUE LHE ENSINARAM E COMECE A APRENDER 
                         
Pedro Augusto Pinho*
                        Por uma educação que nos ensine a pensar, e não a obedecer!   (Cartaz dos alunos do CIEP 449 Leonel de Moura Brizola, em Charitas, RJ, que recebeu o selo de qualidade Label France Éducation,
Os islâmicos são terroristas. Os chineses são falsos. Japonês é tudo igual. Não recorda a marchinha carnavalesca dos anos 1950?
                        No Japão é que é bom
                        Japonês não passa mal
                        Não tem mulher bonita,
                        Nem feia, é tudo igual.
Tudo isso, por ridículo que lhe pareça, foi-nos ensinado e causou o preconceito que, de tão bem assimilado, você o expõe no dia a dia à sua família e aos que convivem com você. E, como disse com propriedade e autoridade, na homilia dominical, o padre da paróquia onde moro: “a mentira se tornou o ar que respiramos”.
É a doutrinação colonial europeia que forma seu pensamento e também a filosofia de ensino, tanto no Brasil  quanto em todo mundo ocidental. E o engodo, a falsidade, a mentira, a qual se referiu o sacerdote, passam a ser o que recebemos sempre e todo dia. Pois como se poderia defender a submissão, o cumprimento irrefletido de ações que só provocam ganhos alheios e ainda atuar contra nossos próprios interesses? Isto não é possível com informação correta e com raciocínio crítico.
Vejamos, como um exemplo, o caso do Islã, que o sistema financeiro, para aumentar seus ganhos e reduzir a população mundial, insuflou e frauda como único autor de “atentados terroristas” na Europa e nos Estados Unidos. O site de análise e notícia Réseau Voltaire, nos informa que (La Maison-Blanche se convertit à la démocracie, Thierry Meyssan, Damasco, 4 de abril de 2017) “a atual Irmandade Muçulmana não é uma irmandade árabe, mas constitui um ramo dos Serviços Secretos Britânicos. Eles não são muçulmanos, mas se disfarçam, por trás do Alcorão, para melhor fazer avançar o imperialismo anglo-israelita” (tradução livre).
Agora, confiantes que as orelhas que lhe implantaram estão firmes e robustas, os colonizadores, que destruíram o Iraque com alegações da ligação entre Saddam Hussein e a Al-Qaeda e da sua produção de armas altamente letais – afirmações nunca comprovadas -, pretendem destruir outro país: a Síria, onde  mercenários da Nova Ordem Mundial ou, como denomino, da banca, lançando armas químicas contra população civil, servem de pretexto para os Estados Unidos da América (EUA) bombardearem a província de Homs. Ainda acredita?
Primeiramente é relevante entender que o Islamismo, diferentemente do Catolicismo, por exemplo, é tanto um credo religiosos como um tipo de comunidade civil. A palavra islã tem sua melhor tradução para submissão. Ou seja, a entrega sem discussão da vida às regras não só religiosas mas de comportamento e organização social. Assim o dirigente no mundo islâmico é um religioso, tanto nas questões de fé quanto nas de Estado. Diferentemente de um católico que tem seu dirigente espiritual no Papa, qualquer que seja sua nacionalidade, escolhido por um seleto grupo de religiosos, e seu dirigente social o Presidente, escolhido pelo voto dos cidadãos de seu país. A divisão entre a fé e a cidadania não existe no mundo islâmico.
Pode-se até entender que esta identidade civil/religiosa islâmica vem mantendo uma sociedade estática, fechada às transformações sociais, desde o início da Idade Moderna. Tal como há constantes surtos assassinos em massa nos EUA, em universidades, escolas, boates e outros locais de concentração de pessoas, o islã provoca em alguns seguidores a ira aos infiéis. Mas nisto os exemplos históricos de inquisições, holocaustos, pogroms e lava jatos são numerosos e em toda parte.
O grupo humorístico Porta dos Fundos apresentou, em 25 de março passado, pelo youtube, o vídeo JAPA, que ironiza, com a inteligência e criatividade daquele grupo, o preconceito qua a marchinha carnavalesca já demonstrava (portadosfundos.com.br/video/japa).
E poderíamos continuar enumerando os preconceitos contra os pobres (porque não querem trabalhar), os negros (indolentes e incapazes), os nordestinos (sempre preguiçosos) e um sem fim de alienações típicas de nossa burguesia e mesmo de grande parte do nosso povo. Por que esta dificuldade de ver o que está diante de nossos olhos?
Não seria eu nem um simples artigo o campo capaz de explicar todo o fenômeno de construção ideológica de uma sociedade, dominada pelos séculos por uma aristocracia cruel e hábil.
Veja, no rol das desinformações e mentiras, um caso bastante antigo: a Magna Carta, criadora da “democracia ocidental”, não é mesmo? Falso. Recordemos a Inglaterra do início do século XIII. João Sem Terra, cujo epíteto deixa entrever o possível desejo, governante impopular, ameaçava apropriar-se das terras que seriam deixadas pelos barões como herança a seus filhos. Estes filhos, em parte, estavam retidos por João para garantir o apoio dos pais nas lutas políticas, religiosas e com monarcas estrangeiros. Foi então que estes barões, conduzidos por Roberto Fitzwalter, pressionaram o rei para firmar um documento, a Magna Carta, onde estaria garantido o direito de sucessão das terras daqueles nobres. João Sem Terra morre em 1216, um ano após assinar a Carta, e é sucedido por seu filho Henrique III, pouco interessado em honrar o compromisso paterno. Novamente os barões o obrigam a firmar uma segunda Magna Carta, em 1225, com 37 artigos, garantindo os direitos da nobreza. Onde está a democracia? Num acordo dos aristocratas? Nas garantias patrimoniais da nobreza?

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Cheguemos a outro exemplo: a falsidade oriental. O Oriente se desenvolveu sob duas perspectivas distintas: a do homem submetido a um ser superior, as religiões da Índia basicamente, e do pensamento não transcendente do Confucionismo. Há um texto muito interessante de Nguyen Khac Vien (Confucionisme et Marxisme, em Expériences Vietnamiennes, Éditeurs Français Réunis, Paris, 1970): “o marxismo não confundia o espírito dos confucionistas ao centrar a reflexão do homem nos problemas políticos e sociais: a escola confucionista não fazia outra coisa” (tradução em Letícia B. Canêdo, A descolonização da Ásia e da África”, Atual Editorial, São Paulo, 1985).
Fico imaginando a dificuldade de ingresso na China do Budismo indiano e do Cristianismo ocidental. Talvez as diversas narrativas, os relatórios de viagens, os romances e mesmo estudos de europeus e americanos sobre as dificuldades e a precariedade das conversões sejam, ao menos em parte, resultantes desta incompreensão do sentido de vida não teísta, dominante no pensamento chinês. Daí para imputar-lhes um comportamento hipócrita não se dá nem um passo: é a desconstrução de tudo que não reconhece ou que não se submete a seus desígnios. O ignoto é sempre um inimigo, não é mesmo?

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Agora expanda estes preconceitos, esta “falsa cultura” tão comum e corrente entre nós. Você não acreditava e divulgava que a Friboi, do Grupo JBS, era do filho do Lula? Que uma Escola Agrícola em São Paulo era a fazenda do Lula? E que vivíamos numa epidemia de corrupção com uma Presidente reconhecida e comprovadamente honesta? Como também chamaram anteriormente um fazendeiro gaúcho e nacionalista de comunista? O que faltam são informações verdadeiras, capacidade de entender o que é interesse de grupo nacional ou do estrangeiro, que vantagens estão sendo atingidas e quem as detém, enfim, o saber e a crítica que, sob o manto diáfano da fantasia, lhe cobrem a nudez forte da verdade (obrigado Eça de Queiroz).
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Quase diariamente, as redes de televisão lhe impõe ideias absolutamente errôneas de que para administrar sua casa ou uma empresa ou o País são requeridas as mesmas ações, exigidos os mesmos princípios. Mas nem é por isso que o Brasil está afundando, não é mesmo Sardenberg Leitão? Os menos cínicos ou mais responsáveis já não insistem no ajuste das contas domésticas e das contas nacionais serem igualmente necessários e acarretarem as mesmas consequências. Talvez já haja até quem questione o falso mito da indispensabilidade de um superavit primário.
Da obra do pensador saxão Johann Gottlieb Fichte, tiramos interessantes percentuais que não só retratavam um momento do Império Alemão, mas demonstravam o ideal do ensino elitista, aristocrático e excludente.  Ao final do século XVIII, início do século XIX, apenas 0,5% das crianças, filhos da elite, frequentavam um tipo de escola que denominavam “academias”, 5,5% eram destinadas às escolas chamadas reais e todas as 94% restantes iam para as escolas populares.
Claro que os aristocratas mantinham naquelas “academias” a didática, a metodologia e os conhecimentos para que seus filhos e descendentes continuassem a dirigir, a decidir e a comandar. Abaixo destes era educado um grupo de executivos, assistentes e auxiliares, capazes de fazer valer as ordens superiores, fiscalizar e controlar suas execuções – nosso conhecido capitão-do-mato, seja travestido de parlamentar, de magistrado, de policial, de professor ou de analista financeiro. O povo (94%) aprendia a ser “bom cidadão”, cumpridor das normas e ordens superiores, e a não pensar.
Sem a estratificação germânica, outra coisa não pretendem os formuladores das “escolas sem partido”, com o fim dos programas “ciência sem fronteiras” e  “iniciação científica”, com a falta de verba para as bolsas escolares e para as “Olimpíadas de Matemática”, e, como um toque de ridículo, os devaneios do vereador paulistano Fernando Holiday, do DEM e do MBL (Movimento Brasil Livre), que passa a correr escolas, em São Paulo, ameaçando alunos e professores por pensarem, por refletirem a triste realidade educacional do governo golpista.
No exemplar da quinta-feira, 6 de abril de 2017, o Monitor Mercantil noticia que dados do levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação, com base nos resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) de 2014, apontam que as desigualdades na qualidade da educação começam cedo. O Brasil, assim, repete a Alemanha do século XVIII. Vamos aos dados:
“Entre as crianças que pertencem a camadas mais pobres da população, ou seja, cuja família tem renda de até um salário mínimo (R$937,00), apenas 45,4% têm o nível adequado, estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC), em leitura, 24,9%, em escrita e 14,3% em matemática. Entre crianças de famílias mais ricas, com renda acima de sete salários mínimos (R$6.559,00), estes percentuais aumentam: 98,3% têm nível considerado adequado em leitura; 95,4% em escrita e 85,9% em matemática.”
Observem que estes dados precedem o golpe de 2016. Se a situação já era crítica, aonde chegaremos com estes atuais dirigentes? São as maquinações, as trapaças, as tramas, o absoluto desprezo pelos brasileiros e pelo futuro do Brasil, enfim todo este lodo que envolve os poderes brasileiros que nós, patriotas, nacionalistas, verdadeiros cidadãos, colocando disputas e diferenças políticas de lado, temos que, unidos, combater. Não se trata de questão ideológica mas de uma ortopraxia dos autênticos democratas.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado 

 

 

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