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A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, disse que o governo do Reino Unido tem um “dever democrático” de permitir que a Escócia vote por sua independência pela segunda vez, caso contrário, “todas as opções” serão consideradas.
Líder do Partido Nacional Escocês (SNP), Sturgeon fez seus comentários nesta quinta-feira, uma semana após o primeiro-ministro britânico Boris Johnson vencer a eleição parlamentar.
“A pergunta é muitas vezes colocada para mim: ‘o que você fará se Boris Johnson disser não?’ Como já disse antes, considerarei todas as opções razoáveis para garantir o direito da Escócia à autodeterminação“, assegurou ela.
O SNP, que há muito se opõe ao Brexit, também obteve uma vitória impressionante, conquistando assentos extras no Parlamento britânico. Sturgeon declarou anteriormente que a prioridade do partido é impedir o Reino Unido de deixar a União Europeia (UE) sem um acordo com Bruxelas – uma opção ventilada pelo governo de Johnson.
Cerca de 55% dos eleitores escoceses votaram em um referendo pela permanência no Reino Unido em 2014, enquanto 44% votaram contra. A Escócia agora está considerando outra tentativa de independência em caso ocorra um Brexit “sem acordo”.
Falando nesta quinta-feira, Sturgeon disse que o governo escocês tem “um mandato democrático claro para oferecer às pessoas uma escolha sobre esse futuro em um referendo de independência, e o governo do Reino Unido tem o dever democrático de reconhecer isso”.
‘Distração prejudicial’
O governo escocês publicou um documento defendendo as suas razões para a realização de um segundo referendo, chamando-o de crucial.
As autoridades informaram no documento que, ao contrário do resto do Reino Unido, 62% dos eleitores escoceses optaram por permanecer na UE. O iminente Brexit continua sendo “contra a vontade do povo da Escócia”, argumentaram eles, e a saída da UE seria “particularmente prejudicial aos interesses escoceses”.
A abordagem do governo do Reino Unido ao processo de saída da UE demonstrou que os pontos de vista e interesses da Escócia podem e serão deixados de lado, apesar das alegações de que a parceria com o Reino Unido é entre iguais.
Johnson prometeu repetidamente que o Reino Unido deixará oficialmente a UE em 31 de janeiro e aproveitou sua recente vitória nas eleições como um mandato para cumprir essa promessa.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, o governo britânico rejeitou as exigências de Sturgeon por um novo referendo de independência pós-Brexit, dizendo que seria uma “distração prejudicial”.
A realização de um novo referendo sobre a questão também prejudicaria o resultado da votação de 2014 “e a promessa feita ao povo escocês de que era o voto uma vez na geração”.