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sexta-feira, 11 outubro, 2024

EM MAIS UM DIA DE CONFINAMENTO

Pedro Augusto Pinho*

A guerra híbrida, como conceito de ataque informacional além do bélico, sempre existiu. O corneteiro Luís Lopes deu vitória às tropas brasileiras, do Major Falcão de Lacerda, contra as portuguesas, do Tenente-coronel Madeira de Melo, com a surpreendente e agressiva mensagem “cavalaria, avançar e degolar”, na batalha de Pirajá, pela independência do Brasil, na Bahia. Hoje ele é reverenciado com sua estátua no cruzamento das ruas Visconde de Pirajá com Garcia D’Ávila, no caríssimo metro quadrado do bairro Ipanema, no Rio de Janeiro, onde o nome de muitas ruas lembra figuras da história da Bahia (Joana Angélica, Maria Quitéria, Barão da Torre, Barão de Jaguaribe, além das já mencionadas).

Guerra híbrida também fazem os jornais, a imprensa comercial (e põe comércio nisso), que estão perdendo espaço para as virtuais, ou seja, a pedagogia colonial dispensa representante, vai direto à vítima. O que lembra um slogan de 1963: “chega de intermediários, Lincoln Gordon para Presidente”, lançando galhofeiramente o Embaixador estadunidense.

No Folha de S.Paulo, onde escreve, sempre aos sábados, o ex-candidato a presidente pelo Partido dos Trabalhadores (PT) não comenta a proposta tributária de Paulo Guedes como um opositor consciente, pelas questões da geração de emprego e da desnacionalização da economia. Por que será que um grupo de pessoas, que se denominam oposicionistas e de esquerdas, jamais tratam da alienação do patrimônio físico e cultural da nação e da urgente necessidade de geração de emprego, mandando às favas o criminoso teto dos gastos? Respondam, por favor.

Vejamos outro intermediário, o jornal O Estado de S. Paulo, o “Estadão”, apelido certamente devido porque a unidade da federação seria o ”Estadinho”, governada há décadas por tucanos e pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), em mutuamente rentável consórcio.

Manchete em 03/08/2020: “Congresso articula para tirar investimentos e obras do teto de gastos”. Como lembrará o leitor, a PEC do Fim do Mundo, Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, estabelecia um teto de despesas governamentais por 20 anos para conter os gastos públicos. É o argumento sempre sacado pelo todo poderoso Paulo Guedes para combater a dissidência no governo, capitaneada pelo general Braga Neto que conta com apoio, entre outros, dos ministros Rogério Marinho e Tarcísio Gomes de Freitas.

Mas esta medida é também responsável pela matéria da página econômica B4, do jornalão, que destaco: “40,5 milhões não têm trabalho, diz IBGE”.

Somos 212 milhões, aproximadamente. Setenta milhões não atingiram ou já superaram a idade de trabalhar. Os 40,5 milhões do IBGE não computam, certamente, algumas classes de desemprego nem os que atuam nos ilícitos, pois representariam menos de 30% de desempregados. Os desempregados devem se situar em torno dos 70% daqueles em idade de buscar trabalho. E na mesma matéria se afirma que nos últimos três meses fecharam-se “2,8 milhões de postos de trabalho”. O que significa então este desconcerto?

Nunca foi dado ao brasileiro escolher a sociedade na qual gostaria de viver. Mas se tomarmos as grandes manifestações populares, neste último século, possivelmente teremos uma sociedade urbana, industrial, tecnologicamente avançada.

Hoje, com a avassaladora e onipresente atuação dos interesses estrangeiros, do capital apátrida, no governo, nas instituições que ainda se chamam republicanas (haja humor!) e, muito especialmente, na educação, na cultura, na comunicação de massa, o resultado será incerto e mutável.

Pessoas de todas as faixas de renda que os doutos resolveram chamar de classe média, nem sempre têm consciência que elas recebem, ou receberam no passado, dois salários: um oriundo da contraprestação de trabalho ou do rendimento de seu capital e outro indireto. Este último tinha origem nos impostos incidentes sobre seu próprio trabalho, seu consumo, sua renda, bens, e sobre produção, comércio, importação, exportação, sobre a economia de seu país. Ele era representado pela saúde pública, por escolas públicas, pela segurança pública, pela possibilidade de deslocamentos em vias públicas, pelo saneamento, pela água, pela proteção ambiental, pelo controle de epidemias etc.

Este salário indireto simplesmente evaporou ou, na melhor hipótese, foi reduzido e deixou de significar uma contribuição efetiva à vida das pessoas.

Mas quem foi responsável? Quando isso aconteceu?

Vamos examinar o que foram as décadas perdidas de 1980 e 1990. Foram os anos das desregulações que fariam a economia bombar, aumentariam empregos, possibilidades de enriquecer pela liberdade e pelo comando da sociedade pelos mercados. E que maravilha! Naqueles anos ditosos ocorre a queda do Muro de Berlim; a vitória da democracia, do capitalismo, do modo de vida estadunidense. O triunfo da política e economia liberais, ou na sua modernidade neoliberal.

E, num novo passe de mágica, saudado pela imprensa de um mundo quase totalmente livre, uma imprensa que se adaptava aos novos donos com rapidez de quem sabe ser a condição de sua sobrevivência, simplesmente ignora que seu segundo salário desaparecia. A presença do Estado servia para realizar a transferência dos ganhos da sociedade, qualquer que fosse a origem, lícita ou ilícita, para a insaciável sede das finanças, para ser usada ou armazenada esterilmente pela banca.

Então empregos, poupanças, reservas, patrimônios foram sendo eliminados, depreciados, desfeitos e a insegurança, a pobreza começa a tomar lugar naquelas classes médias, abrindo a porta para a miséria, a fome em todos os lares da civilização ocidental e cristã.

E surge, em número inacreditável, a venda de pessoas para a prostituição, para serem escravas, para que se lhe tirem órgãos para transplante e para fabricação de cosméticos. Afinal, nem há tanto tempo se discutia se índios tinham alma, ou se pessoas que não fossem brancas seriam seres humanos. Acaso isso ficou tão esquecido?

Em 2006, o valor estimado da prostituição no mundo livre foi US$ 52 bilhões. Uma tragédia à qual se agregam doenças sexualmente transmissíveis e nefastas consequências nas taxas de fertilidade.

Mas estas tragédias pessoais também estão nos objetivos da banca, onde o crescimento demográfico e o nacionalismo são os grandes inimigos.

Por que apoiar Paulo Guedes?

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

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