O partido do ex-presidente boliviano Evo Morales anunciou que David Choquehuanca, um indígena aimará e que foi seu chanceler, será o candidato à presidência da Bolívia nas eleições de 3 de maio.
Choquehuanca, de 58 anos, obteve o apoio necessário para ser o postulante do Movimento ao Socialismo (MAS) criado por Morales e do qual, apesar de sua renúncia à presidência da Bolívia, continua sendo uma referência importante.
O ex-chanceler será acompanhado na chapa pelo produtor de coca Andronico Rodríguez.
“O ex-presidente ratificará a decisão nos próximos dias. Ele não escolheu, ele nos pediu para decidir por consenso”, explicou o deputado do partido Juan Cala na sexta-feira.
Rodríguez é um líder de 30 anos dos plantadores de coca das seis federações do Trópico de Cochabamba, no centro da Bolívia, das quais Morales continua sendo seu principal líder.
Horas depois, Morales twittou que haveria quatro candidatos e que se reuniram com ele na Argentina, onde ele está refugiado. Entre eles, Choquehuanca e Rodríguez, mas também o ex-ministro da Economia, Luís Arce, e também o ex-chanceler Diego Pary.
Cala e seu colega, o senador Omar Aguilar, informaram à Agência Associated Press que é apenas uma formalidade, mas que Morales deve respeitar a decisão dos congressos do MAS na Bolívia.
“Choquehuanca e Rodriguez têm o apoio de oito das nove regiões”, acrescentou Aguilar.
Ele também disse que o anúncio oficial é esperado por Morales e, em seguida, a chapa será proclamada.
A decisão ocorre cinco dias depois que Morales fornecer um relatório direto da Argentina sobre seus 14 anos de governo. Morales considera que legalmente ele continua a ser o presidente da Bolívia porque a Assembleia Legislativa ainda não lidou com sua carta de renúncia.
Choquehuanca é aimará como o ex-presidente e era o rosto indígena da diplomacia de Morales, embora nos últimos anos ele tenha se afastado do gabinete ministerial.
O ex-presidente renunciou em 10 de novembro, em meio a protestos contra uma suposta fraude eleitoral, para ser reeleito para um quarto mandato e depois de perder o apoio da polícia e das Forças Armadas.
Após sua renúncia, a senadora Jeanine Áñez se declarou presidente e as eleições questionadas foram anuladas.
Morales declarou que foi vítima de um golpe de Estado e inicialmente se refugiou no México. Então ele se mudou para a Argentina, onde costuma fazer declarações públicas.