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sexta-feira, 4 outubro, 2024

Eleição municipal mobiliza PT contra austericídio fiscal para fugir de aproximação com Milei

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

César Fonseca 

PT acaba de fazer sua Conferência Eleitoral e se encontra em estresse total diante do austericídio monetário e fiscal imposto pelo Banco Central.

Os petistas buscam, desesperadamente, saídas acessíveis para enfrentar as eleições municipais de 2024, teste decisivo para eleição presidencial de 2016, mas estão com elas todas obstruídas, porque o governo não tem dinheiro suficiente para tocar o PAC desenvolvimentista lulista.

Se Lula não fugir do austericídio, poderá ser identificado com o presidente argentino Javier Milei, que toma posse hoje com programa de governo ultraneoliberal cujo mote é déficit zero para atender a oligarquia financeira portenha.

Com déficit zero, nem Lula nem Milei podem fazer as obras públicas que garantiriam a vitória eleitoral com folga.

Os petistas, como revelaram na Conferência, querem libertar Lula da prisão da política monetarista e fiscal imposta pelo Banco Central Independente (BCI) e seguida forçadamente a contragosto pelo Ministério da Fazenda.

POR QUE NÃO TEM DINHEIRO?

A falta de dinheiro para o PAC vencer as eleições decorre de uma causa essencial contra a qual o partido se insurgiu radicalmente: BCI não deixa Lula governar ao enxugar reservas diárias de caixa dos bancos com Selic absurda para manter escassez forçada e secar a praça de crédito barato, como denunciam inúmeros economistas independentes.

Dinheiro, portanto, tem, mas não para servir à sociedade, apenas aos credores da dívida pública, desembolsando, anualmente, para eles, em juros e amortizações, quase R$ 700 bilhões, maior fonte disparada do déficit público.

Não sobra recursos para o desenvolvimento, visto que gastar a maior parte(perto de 50%) do orçamento geral da União com o rentismo só assegura anti-desenvolvimento e crise.

Indústria, comércio e serviços estão sem liquidez, morrendo de sede com dinheiro do tesouro em caixa.

BC virou aquela madrasta que mata o próprio filho de sede.

Se parar com esse privilégio à banca, Lula terá dinheiro de sobra para tocar o PAC a juro baixo e ao mesmo tempo reduzir a dívida pública fortemente.

Vai chover dinheiro nas cabeceiras sem produzir déficit, mas sim desenvolvimento com equilíbrio fiscal.

Escapará das garras da bancocracia que o aprisiona.

CORAGEM PARA A LUTA

PT se encheu de coragem para enfrentar a Faria Lima.

Os petistas estão desesperados porque não conseguem sair do discurso, dado que o governo está submisso ao BC Independente que não está a serviço da população, mas sim do mercado financeiro, que domina o Congresso neoliberal.

O próprio ministro Fernando Haddad reconheceu que o BCI faz jogo duro e que Lula não tem força no parlamento.

PT, portanto, partiu para briga, pressionando Haddad a jogar mais duro com o BCI sob comando do neoliberal Roberto Campos Netto.

Se não correr para a mobilização popular, PAC corre perigo e as eleições poderão ser faturadas pela direita.

JOGO DA DIREITA

A maioria parlamentar direitista neoliberal que namora o fascismo quer esvaziar o PAC para engordar fundo eleitoral, que ela controla, a fim de fortalecer candidatos anti-Lula em 2024.

Sobretudo, a governabilidade está prisioneira da financeirização, do déficit zero.

A solução está na mobilização das bases, como reconheceu o próprio presidente no Encontro que reuniu mais de 2.500 participantes no Centro de Convenções Ulisses Guimarães.

O jogo eleitoral petista, portanto, começou mirando um alvo essencial: detonar BC neoliberal.

A direita, conscientizaram-se os petistas, só aceita democracia sem Lula.

Asfixia-lo financeiramente é o jogo da Faria Lima-BCI por meio do parlamentarismo de fachada sob comando do chefe do Centrão, presidente da Câmara, Arthur Lira(PP-AL).

A maioria neoliberal descobriu sua força aliada ao mercado financeiro, executando governabilidade parlamentarista bastarda: elege suas emendas parlamentares adulterando a execução orçamentária do Executivo, deixando os ministros, na Esplanada, apenas, no papel de figuração.

O poder está no Legislativo submisso ao neoliberalismo.

Lira faz conexão direta do parlamento com os prefeitos, deixando a Esplanada dos Ministérios falando sozinha.

Diante dessa realidade dramática, o PT, que não manda nada, está, totalmente, estressado.

CHOQUE INTERNO DECISIVO

Como prova do estresse, a presidenta do partido, Gleisi Hoffmann, entrou em choque com o ministro Haddad ao atacar o déficit zero, algo já realizado pelo próprio Lula.

Haddad, por sua vez, contra-ataca com arma sem poder de fogo: mais déficit (gasto públicos sociais, infraestrutura etc.) não gera crescimento, sendo necessário mais arrecadação, que não virá pela falta de crescimento, barrado pelo déficit zero.

As vozes alertando para o perigo se multiplicam, agora que o presidente se prepara para viajar o país já em campanha eleitoral.

Déficit zero garantirá popularidade ou atrairá vaias, quanto mais esforço Haddad fizer para aumentar arrecadação por meio dos instrumentos duvidosos de tentar taxar o capital protegido por Congresso neoliberal?

Contar com reforma tributária que somente dará resultados no longo prazo, também, não satisfaz a base governista, que está temerosa  com o óbvio: déficit zero apenas contrata derrota eleitoral.

Por isso, o PT, na Conferência Eleitoral, rodou a baiana: pediu mudança já para enfrentar R$168 bilhões de déficit que sinaliza queda do PIB, em 2024, se as soluções para vencê-lo forem apenas continuidade do austericídio fiscal e monetário imposto pelo BC Independente, obedecido pelo Ministério da Fazenda, sob pressão da Faria Lima.

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