22/9/2017, no Guardian, apud Pepe Escobar, no Facebook
“O primeiro discurso do presidente dos EUA na arena da ONU, nas atuais circunstâncias, quando a situação na Península Coreana foi tornada mais tensa que jamais antes e aproxima-se de uma situação de alto risco, já gerou preocupação em todo o mundo.
Quando refletia e ia modelando a ideia geral do que ele diria, eu já sabia que viriam observações estereotipadas, ideias prontas, um pouco como já é rotina quando ele fala no calor da hora de seu gabinete, e que ele repetiria no maior palco diplomático do mundo.
Mas, muito longe de se pronunciar como faria qualquer potência persuasiva, que possa ser considerada benéfica para diluir tensões, o que ele nos trouxe foram grosserias e desatinos, mais do que jamais se ouviram de qualquer de seus predecessores.
Cachorro assustado late mais alto.
Gostaria de avisar Trump que exercite a prudência na escolha de palavras e preste atenção a quem se dirige, quando discursar diante do mundo.
O comportamento do presidente dos EUA, que fala como doido e abertamente manifesta na arena da ONU o desejo perverso e não ético de “destruir totalmente” um estado soberano, além do limite das ameaças e de mudança de regime ou de derrubada do sistema social, leva todos que tenham controle normal sobre as próprias faculdades a refletir sobre a importância da compostura e da decência.
Aquelas palavras lembraram-me expressões em voga em referência a Trump durante a campanha eleitoral, como “leigo em política” e “herege político”.
Depois de assumir o governo, Trump só fez manter o mundo em perpétua agitação, com chantagens e ameaças contra todos os países do mundo. Não é homem preparado para a prerrogativa de líder supremo de país algum. Não passa de bandido, um gângster que se diverte brincando com fogo, não um político.
O que Trump disse ao falar da opção feita pelos EUA e da expressão direta de seu próprio desejo pessoal, convenceram-me – muito longe de me assustar ou levar-me a desistir – de que o caminho que escolhi é o caminho correto, de que é o caminho que tenho de seguir até o final.
Agora que Trump negou a existência do meu país e minha própria existência e insultou meu país e insultou-me, pessoalmente, diante do mundo, e fez a mais irracional e feroz declaração de guerra de toda a história – de que destruiria a República Popular Democrática da Coreia –, somos levados a considerar com seriedade a adoção de contramedidas também de mesmo nível e força também sem precedentes na história.
Agir é a melhor opção para enfrentar bandido senil que, surdo, põe-se a gritar o que lhe venha à cabeça.
Como representante que sou da República Popular Democrática da Coreia, e em nome da dignidade e da honra de meu estado e seu povo, bem como em meu próprio nome, farei que o homem que tem a prerrogativa de líder supremo nos EUA pague muito caro por aquela fala em que ameaçou destruir totalmente a República Popular Democrática da Coreia.
Não se trata aqui de alguma expressão retórica, das que Trump tanto ama.
Penso sobre que resposta ele esperaria ouvir, quando deixava que lhe escapassem pela boca palavras tão excêntricas.
Seja lá o que Trump esperasse, terá de enfrentar resultados além do que imaginou.
Não há dúvida de que domaremos com fogo esse desequilibrado e senil presidente dos EUA.”*****