Santiago do Chile, 21 de junho (Prensa Latina) O Chile comemora hoje o Dia Nacional dos Povos Indígenas, coincidindo com o solstício de inverno austral, uma data muito importante na cosmovisão indígena porque marca o início de um novo ano.
A data foi instituída em 1998 durante o governo de Eduardo Frei Ruiz-Taggle com o objetivo de destacar a importância deste segmento da população, que representa 12 por cento do total de habitantes.
Apesar de seu valor histórico e cultural, não são explicitamente reconhecidos na atual Constituição, imposta em 1980 pela ditadura militar, e no projeto em discussão para substituir aquela Carta Magna, o conceito de plurinacionalidade foi excluído.
Embora o dia faça parte do calendário oficial de feriados do Chile, o motivo do feriado passa despercebido, exceto em centros de pesquisa especializados, universidades e algumas escolas.
Não é o caso das diferentes comunidades nativas, onde o solstício de inverno é ocasião para rituais de purificação e meditação sobre o ano que se encerra e preparação para o início do próximo período.
O povo aimara comemora com danças o Machac Mara ou “início de um novo ciclo” desde que os primeiros raios de sol tocaram o território do norte chileno, na região de Arica e Parinacota.
Da mesma forma, no sul, a comunidade mapuche celebra o We Tripantu, uma festa de 21 a 24 de junho com ofertas gastronômicas e banhos em rios ou cachoeiras para purificar o negativo do ano que termina.
À noite, acendem-se fogueiras que promovem a renovação do pensamento e preparam simbolicamente o fogo da vida para a próxima etapa.
No extremo sul do Chile, as mulheres do povo Selk’nam dançam e cantam imitando o grasnido das corujas porque, segundo seu conhecimento ancestral, esse som anuncia o fim do outono e a chegada da neve.
Em suas orações pedem que o frio não seja muito intenso durante o tempo decorrido até o retorno das baleias ao mar, quando já é primavera.