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sexta-feira, 26 julho, 2024

Denunciado na Argentina o negacionismo e banalização da ditadura de Milei

 Imagem: redes sociais.

Buenos Aires, 2 out (Prensa Latina) A Secretaria de Direitos Humanos expressou hoje sua profunda preocupação com as declarações do candidato presidencial Javier Milei, que negou e banalizou o terrorismo de Estado durante a última ditadura militar na Argentina (1976-1983).

Na véspera, durante o primeiro debate obrigatório entre os candidatos à Casa Rosada, o representante de La Libertad Avanza (LLA) afirmou que “não houve 30.000 desaparecidos” nesse período e que “na década de 70 houve uma guerra em quais “as forças do Estado cometeram excessos”.

Essas frases nos remetem aos discursos que a própria ditadura usou para justificar um genocídio e que os responsáveis ​​por esses crimes usaram posteriormente para buscar a impunidade, diz nota da Secretaria.

40 anos depois do regresso da democracia e depois dos progressos alcançados nos direitos humanos, sabemos que na Argentina não houve guerra nem excessos, mas sim um Estado terrorista que planeou e executou um massacre para impor um modelo económico e eliminar todas as dissidências. política, acrescenta.

Além disso, indica que os pronunciamentos de Milei desmentem o que foi comprovado pela justiça em mais de 300 julgamentos em que quase 1.200 repressores foram condenados pelos crimes mais aberrantes que poderiam ser cometidos: sequestros, torturas, abusos, assassinatos, desaparecimentos de pessoas de todas as idades e o roubo de crianças que ainda são procuradas.

O número total de detidos-desaparecidos e vítimas não é conhecido devido ao caráter ilegal e clandestino da atuação do Estado e, especialmente, das forças armadas e de segurança nesse período.

A cifra de 30 mil começou a ser utilizada durante a ditadura como estimativa das denúncias recebidas no país e internacionalmente, explica o documento.

Esse número é o símbolo da luta pelos direitos humanos em busca da não repetição do ocorrido e da busca contínua pela Memória, pela Verdade e pela Justiça, afirma.

Da mesma forma, denuncia a existência de um pacto de impunidade entre os responsáveis ​​por estes crimes, pelo qual nunca revelaram quantas e quem foram as vítimas, nem qual foi o seu destino final.

O valor exato é e sempre será indeterminado. Está em construção e crescendo permanentemente. Ainda assim, é crucial chegar o mais perto possível. É por isso que, nas próximas semanas, publicaremos um relatório que contribuirá para desmantelar estas posições negacionistas, afirma o texto.

O comunicado também critica as declarações de Milei nas quais garante que o Exército Popular Revolucionário e os Montoneros “também cometeram crimes contra a humanidade” na tentativa de equiparar os crimes da ditadura às ações destas organizações.

O candidato pretende questionar um processo de Memória, Verdade e Justiça que é exemplo em todo o mundo.

Há duas semanas, o Museu do Sítio de Memória da ESMA entrou na Lista do Património Mundial e a comunidade internacional reconheceu que este centro clandestino de detenção, tortura e extermínio representa o terrorismo baseado no desaparecimento forçado de pessoas na Argentina e na região, acrescenta.

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