Marcelo Orellana, um dos advogados do ex-vice-presidente, considerou uma vitória que a prisão tenha sido qualificada de ilegal e arbitrária e confirmou que vão recorrer da decisão porque, apesar de lhe ter concedido habeas corpus, a justiça deveria ter restituído o asilo concedido pelo México .
“Informe o Equador sobre a ação arbitrária contra um ex-vice-presidente”, disse Orellana ao sair do Tribunal Nacional de Justiça, onde se reuniram dezenas de apoiadores do político, que está detido na prisão de segurança máxima La Roca.
O advogado especificou que seu cliente já cumpriu mais de 60 por cento da pena unificada de oito anos atrás das grades pelos casos Odebrecht e Suborno e não conseguiu se beneficiar da pré-libertação como deveria.
Hoje o sistema de justiça equatoriano repara e limpa a face das ações arbitrárias contra o ex-vice-presidente, disse o advogado em nome da equipe de defesa.
Na tarde desta sexta-feira, o tribunal presidido pela juíza Mónica Heredia indicou que a detenção do ex-vice-presidente na sede diplomática ocorreu sem mandado de busca, constituindo uma detenção ilegal, que não é justificada pelo decreto de conflito interno.
“É arbitrário”, frisou o magistrado, que especificou de imediato que ainda não seria libertado da prisão porque pesam sobre ele duas sentenças definitivas.
Quanto ao asilo, concedido pelo México, o tribunal indicou que não cabe às autoridades diplomáticas decidir.
Na primeira parte da audiência, Glas contou como foi capturado dentro da embaixada e as agressões físicas que sofreu.
O ex-funcionário, que está em greve de fome e compareceu à sessão online da prisão, pediu ao tribunal que lhe devolvesse o estatuto de asilo.
Em seu depoimento, Glas afirmou ter sofrido maus-tratos e torturas e disse que contou 43 hematomas por todo o corpo, seus polegares foram deslocados, ele foi pisoteado e espancado no dia em que foi sequestrado.
O pedido de habeas corpus buscava a libertação de Glas com base justamente na ilegalidade de sua captura em território estrangeiro, cuja ordem foi dada verbalmente e por escrito pelo presidente Daniel Noboa, conforme se soube na audiência.
A entrada violenta dos fardados na legação mexicana provocou o repúdio da comunidade internacional, o rompimento das relações diplomáticas com aquela nação, uma denúncia contra o Equador perante a Corte Internacional de Justiça e o pedido de suspensão do país sul-americano de a ONU.