Por: Idalmys Brooks/Conselheira da Embaixada de Cuba no Brasil
Os laços de amizade entre a África e Cuba são fortes e sólidos. A história que une nossos povos remonta a mais de 500 anos, quando mais de um milhão de africanos foram trazidos para a América como parte do comércio de escravos, privados de sua liberdade.
Os escravos africanos trouxeram do continente distante seus costumes culinários, religiões, tradições, danças e canções para mesclá-los aos nossos, o que gradualmente contribuiu para a formação da identidade e da idiossincrasia do povo cubano.
O líder da Revolução Cubana, o Comandante-em-Chefe Fidel Castro Ruz, sempre insistiu nos fios históricos que nos unem à África, e que tínhamos uma espécie de dívida moral que só poderia ser salva por meio da solidariedade, do afeto e do respeito mútuo. É por isso que, logo após o triunfo da Revolução em 1961, um navio partiu para a Argélia para apoiar as forças militares e, ao retornar a Havana, trouxe a bordo centenas de crianças feridas e órfãs, que seriam cuidadas. Quatro anos depois, começaria a participação cubana na luta pela independência contra o colonialismo, o racismo e o apartheid.
Mas Fidel também foi o arquiteto da cooperação que se estendeu aos povos africanos. No entanto, o maior sacrifício foi o das guerras de independência da África, pagas com sangue cubano. De lá trouxemos apenas nossos mortos e a altíssima honra dos mais de 300.000 homens e mulheres que protagonizaram as épicas guerras de Kassinga, Boma, Novo Katengue, Sumbe, Cangamba, Cuito Cuanavale…
A base do afeto especial que os povos da África sentem por Fidel está, portanto, enraizada na mobilização altruísta dos cubanos nas lutas pela independência do continente, que foram realizadas como uma dívida moral pelo legado africano do qual Cuba é o resultado.
Não é de se estranhar que, graças à solidariedade, tenha sido construída uma ponte sólida para a construção de fortes laços de amizade recíproca, o que explica por que os governos, líderes, organizações e povos africanos sempre estiveram ao nosso lado na luta contra o bloqueio imposto pelos Estados Unidos, votando todos os anos a favor da eliminação dessa política, no âmbito da União Africana e da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Devido aos fortes laços históricos, culturais e de cooperação entre a ilha e o continente, a celebração do 25 de maio, declarado Dia da África, é uma data que Cuba assume como própria e faz parte da nossa cultura nacional.
Todos os anos, nosso país se une à celebração do nascimento da Organização da Unidade Africana (OUA), defensora de causas justas e reivindicações continentais. Criada em 25 de maio de 1963, os objetivos da OUA eram promover a unidade e a solidariedade dos estados africanos, bem como erradicar o colonialismo e promover a cooperação internacional. Em 9 de julho de 2002, ela foi substituída pela União Africana (UA), que, composta por 55 Estados, trata coletivamente de questões que afetam o continente, como conflitos armados, efeitos das mudanças climáticas e pobreza extrema.
Muitas instituições cubanas estão celebrando essa importante data com um extenso programa de atividades em homenagem ao nosso relacionamento simbólico, porque “um cubano que não tem de Congo tem de carabali*”, como disse certa vez nosso poeta nacional, Nicolás Guillén.
Trad:@comitecarioca21
Nota da tradução: Carabali é um grupo étnico africano.
No texto: de qualquer forma, o cubano ‘tem de África”