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terça-feira, 15 outubro, 2024

Cruzada pela alfabetização, outra transformação social na Nicarágua

Por Yosbel Bullain*

Manágua (Prensa Latina) A grande cruzada nacional de alfabetização na Nicarágua, que no dia 23 de agosto comemorou 43 anos de conclusão de sua primeira etapa, constitui para o povo deste país centro-americano um símbolo de esperança e transformação social.

A campanha mobilizou mais de 100 mil jovens e adolescentes que aderiram à iniciativa de ensinar a ler e escrever milhares de pessoas esquecidas nas planícies e montanhas da Nicarágua.

“Mas eles queriam fazer, ajudar, se doar, porque não se alfabetiza sem se doar, não se alfabetiza sem amor”, disse o professor Orlando Pineda, que fazia parte desse contingente.

Em menos de um ano, esse épico conseguiu reduzir o analfabetismo de 50,3% para 12,9%, com mais de 400 mil nicaragüenses aprendendo a ler e escrever.

O também presidente da Associação de Educação Popular Carlos Fonseca Amador, acrescentou que a cruzada lançou as bases fundamentais para podermos dizer hoje que a segunda tarefa é reduzir a pobreza.

“É por isso que temos que cuidar da maneira de conseguir leite e mel para nossos filhos, como disseram e nos ordenaram nossos heróis e mártires que caíram na Revolução, e é isso que os alfabetizadores que foram para as montanhas com amor sonhado”, sublinhou.

Desta forma, as políticas do governo sandinista procuram continuar avançando para proporcionar à população uma educação gratuita e de qualidade.

Segundo a ministra da Educação, Lilliam Herrera, a Revolução considerou a alfabetização uma das primeiras tarefas para restaurar os direitos dos nicaraguenses.

“Assumimos o mandato do nosso comandante-em-chefe Carlos Fonseca Amador para enterrar para sempre as trevas a que o nosso povo foi submetido pela sangrenta ditadura Somocista”, disse.

A respeito da celebração da data, a vice-presidente Rosario Murillo destacou que os nicaraguenses aprenderam a ler a própria glória, vigor e responsabilidade para construir o futuro, defendendo a paz, a liberdade e os direitos de todos.

Para a deputada da bancada sandinista na Assembleia Nacional Isaura Chavarría, a alfabetização não é um simples ato educativo, mas uma ruptura de uma dominação profunda.

Chavarría referiu-se àquela campanha que em 1981 recebeu o reconhecimento da Unesco, como um ato de libertação, para se rebelar contra a injustiça, a opressão e a dominação.

Segundo o parlamentar, antes do triunfo da Revolução Popular Sandinista, as famílias eram objetos de engano, humilhação, opressão e injustiça, “um verdadeiro e desastroso legado do empobrecimento em que o povo estava submerso”.

UM ESPAÇO PARA HISTÓRIA

Com o objectivo de mostrar às novas gerações a história da grande cruzada nacional de alfabetização, foi reaberto um museu na Universidade Nacional Casimiro Sotelo em saudação ao 43º aniversário daquele feito.

O anexo exibe o arquivo da campanha, que contém agendas dos brigadistas, luminárias, cartilhas, livros e expõe a cotona (camisa típica) usada pelos alfabetizadores, entre outros objetos.

“Aí está, estão as evidências de tudo o que somos capazes de fazer e de tudo o que nos ilumina como o sol que não se põe, na criação do futuro”, disse o vice-presidente da Nicarágua após a abertura das instalações.

Segundo o reitor da citada casa de estudos superiores, Alejandro Enrique Genet, o museu está de portas abertas ao povo da Nicarágua para que conheça e aprecie a verdadeira história e como a Revolução continua na vanguarda das mudanças e transformações que beneficiam a todos sem distinção.

MODELO EDUCACIONAL

Com a volta ao poder do governo sandinista em 2007, a educação no país, esquecida pelas administrações neoliberais, foi retomada e criou-se um modelo educacional centrado no ser humano.

Segundo a chefe do setor, Lilliam Herrera, ao final do primeiro semestre deste ano, 98% dos alunos permaneciam nas aulas; o percentual de aprovados foi de 93, enquanto a frequência média foi de 87 a 88 por cento.

Herrera comunicou a necessidade de melhorar os resultados durante o segundo semestre, para o qual os professores, a prática educativo-pedagógica e os gestores escolares desempenham um papel fundamental.

“Os diretores são para nós o eixo fundamental para acelerar as etapas deste processo educativo, são eles que analisam os nossos indicadores: permanência, aprovação, assiduidade, assistência docente e envolvimento dos pais nestes processos educativos”, afirmou. O Executivo Sandinista luta há vários anos para alcançar uma educação gratuita, inclusiva e de qualidade, para a qual continua a construir obras de infraestruturas e equipamentos escolares a um custo anual de milhares de dólares.

Segundo dados oficiais, nos primeiros cinco meses deste ano foram inauguradas mais de 200 salas de aula e mais de 100 ambientes complementares em diferentes departamentos do país centro-americano.

A isto soma-se ainda a entrega de um milhão e 200 mil rações diárias de merenda escolar para garantir a alimentação adequada dos alunos, além do pacote de material escolar.

Da mesma forma, são notáveis ​​os resultados no ensino universitário, para o qual o Governo garante seis por cento do orçamento geral do país.

*Correspondente-chefe da Prensa Latina na Nicarágua

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