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terça-feira, 16 abril, 2024

Covid-19 nos EUA: as duas caras da ajuda financeira

Washington, (Prensa Latina) As suspeitas sobre favoritismos crescem hoje em torno da entrega da ajuda econômica destinada a resolver a crise pelo novo coronavírus nos Estados Unidos, sobre a base de abusos que caracterizaram resgates financeiros do passado.
Vários meios de imprensa, entre eles o jornal The New York Times, publicam editoriais que abordam os vazios legais relacionados ao enorme pacote aprovado para ajudar empresas afetadas pela situação gerada da pandemia de SARS-CoV-2, causa do Covid-19.

Em troca por receber os fundos, que poderiam chegar a 4,5 biliões de dólares pela Reserva Federal, as companhias teriam que acatar um teto à compensação entregue a seus altos executivos.

Além disso, estariam obrigadas a manter a folha de pagamento intacta ou pelo menos a não despedir mais de 10% de seu pessoal por vários meses.

E terão que se ater a restrições sobre compra de ações e distribuição de dividendos. ‘Em teoria, parece que aprendemos nossa lição’, considerou James Angel, professor de finanças da Escola McDonough de Administração de Empresas da Universidade de Georgetown.

‘Mas tem que prestar atenção nos detalhes…há bastante espaço de manobra’, agregou.

A legislação estabelece um sistema de supervisão sobre como o dinheiro pode ser usado pelas entidades beneficiadas.

O nível de supervisão é considerado superior ao criado para o pacote de resgate aprovado depois da crise financeira de 2008-09, que muitos consideram foi uma entrega injusta de valores gigantescos às mesmas corporações cuja conduta foi a que propiciou a crise.

Como parte do pacote de 2,2 bilhões de dólares aprovado atualmente, uma comissão governamental e um painel nomeado pelo Congresso vigiarão a distribuição da assistência e a maneira em que as empresas acatam as restrições estipuladas.

Mas o presidente Donald Trump quase imediatamente desconsiderou a importância dessas restrições.

Depois de assinar o pacote de ajuda, Trump emitiu um comunicado sugerindo que não reconhecia a autonomia da recém criada inspetoria.

Afirmou que não reconheceria o direito dessa entidade de reportar ao Congresso sem ‘supervisão presidencial’.

A declaração do mandatário inclusive contestou outros aspectos da supervisão, como o fato do Congresso ter que ser consultado para a atribuição de fundos.

De qualquer maneira, o pacote de assistência é uma soma colossal de dinheiro, de longe o maior pacote desse tipo na crise de resgates econômicos.

Cerca de 425 bilhões de dólares serão usados pelo Departamento do Tesoro para financiar os programas creditícios da Reserva Federal como créditos a pequenas e médias empresas.

Como as companhias, estados e municípios provavelmente pagarão essas dívidas, o Fed poderá usar esses fundos como garantias para oferecer cerca de quatro bilhões de dólares em créditos.

‘Um programa de semelhante escala e magnitude, em uma situação tão flutuante, exigirá um exame minucioso’, considerou Phil Angelides, ex-tesorero do estado da Califórnia, que foi diretor do painel legislativo a cargo do pacote de resgate da crise financeira de 2008-2009.

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