A falta de dados regionais recopilados de maneira sistemática e exaustiva durante os anos anteriores implica que é difícil calcular as cifras exatas do incremento recente do trabalho infantil entre os diferentes grupos da população, explicou Frank Hagermann, diretor regional adjunto para os Estados Árabes da OIT.
O estudo revela que em zonas da região árabe, as crianças ‘estão cada vez mais envolvidos nas piores formas de trabalho infantil e são vítimas de uma grave e preocupante exploração, abusos e violação de seus direitos’.
Os menores refugiados e deslocados trabalham em diversos setores de atividade, com um aumento considerável de trabalho na rua, servidão por dívidas, casais precoces e exploração sexual com fins comerciais, detalha.
Os conflitos e as deslocações em massa têm prejudicado a agricultura e a segurança alimentar. O desenvolvimento de meios de subsistência rurais resilientes é essencial para reduzir o trabalho infantil neste setor onde pelo geral se registram altos níveis de mortes relacionadas com o trabalho, acidentes não mortais e doenças profissionais, enfatiza.
‘A agricultura concentra mais da metade do trabalho infantil em países como Iêmen, Sudão e Egito. A predominância da agricultura exige atenção especial, já que este setor caracteriza-se por um rendimento precoz ao trabalho em comparação com outros setores,’ agregou Abdessalam Ould Ahmed, assistente do diretor geral da FAO e representante regional para o Próximo Oriente e África do Norte.
As piores formas de trabalho infantil também se encontram nos serviços e a indústria, e inclui os múltiplos perigos associados com o trabalho na rua, aponta o relatório, comissionado pela Liga dos Estados Árabes e o Conselho Árabe para a Infância e o Desenvolvimento.
Estas formas incluem, ademais, a participação direta e indireta nos conflitos armados e em situações associadas com os conflitos armados.
O estudo declara que na atualidade mais da metade dos países árabes estão afetados por conflitos, fluxos de refugiados ou deslocados internos.
Assim, mostra um incremento no recrutamento e utilização de menores por parte dos grupos armados, tanto entre a população local como entre os refugiados, em particular em Iêmen, Síria e Iraq.
‘É agora urgente abordar as causa raízes do trabalho infantil e suas repercussões, e finalmente o eliminar, sobretudo em suas piores formas,’ indica a investigação.