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quinta-feira, 28 março, 2024

Colonialismo financeiro e guerra

Pedro Augusto Pinho*
Creio que as pessoas informadas não têm dúvida que o sistema financeiro internacional, a banca, após o decisivo impulso dado por Margaret Thatcher e Ronald Reagan, nos anos 1980, assumiu o controle colonial contemporâneo.
Seria ingênuo pensar que estes governantes foram apenas iluminados pelo deus do ouro. Na verdade, deste a II Guerra Mundial, o capital financeiro iniciara campanha para, em primeiro lugar, destronar o colonialismo do capital industrial, depois dominar a economia, a política e todas as manifestações sociais e culturais, ao tempo que destruía o socialismo existente em diversos países. Não só o socialismo marxista mas qualquer sistema de poder político que, primordialmente, se dedicasse à solução das questões sociais, humanas.
O recurso mais visível foi o das crises que tem início em 1967, com o embargo do petróleo, e se aprofunda com as crises financeiras decorrentes da ação unilateral dos Estados Unidos da América (EUA) de romper, 1971-1973, o Acordo de Bretton Woods. Para suporte e divulgação de seus objetivos, a banca contou com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o Banco Mundial (WB), e organizações mais ou menos abertas como a já existente (1947) Sociedade Mont Pèlerin, defensora do liberalismo econômico, e o Foro Econômico Mundial.
A banca teve o apoio indireto dos movimentos ecológicos, com as críticas preservacionistas, como se vê ainda hoje no apoio que dá a políticos como Marina Silva, no Brasil. E, o que se tornou fundamental, soube absorver e implementar os recursos da informática melhor do que qualquer outro sistema.
As pesquisas de sistemas e equipamentos para produção, armazenamento, processamento e transmissão da informação tiveram extraordinário avanço durante e após a II Guerra e aliadas à teoria de sistemas gerais, igualmente desenvolvida no pós guerra, formaram a base da mais notável transformação tecnológica e social dos últimos 50 anos. É suficiente observar os computadores dos anos 1960, que levaram o homem à Lua, e os tablets e smartphones de hoje.
Como não é incomum na história, as mudanças institucionais vem a reboque das mudanças econômicas e tecnológicas. No caso do colonialismo financeiro nem mesmo esta mudança se fez necessária. Bastou se apossar da comunicação social e dar às instituições existentes, formadas nos colonialismos anteriores, o sentido político e econômico desejado pela banca.
Vê-se, por exemplo, o golpe de estado que dispensa a agressividade de um golpe Pinochet para o modelo paraguaio, como se aplicou no Brasil neste ano. E, assim, instituições pressionadas pela mídia e pelo amplos recursos da banca passam a dar sentenças esdrúxulas, contrárias às próprias leis em vigor,  como a dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF- 4) em favor do juiz Moro.
O colonialismo financeiro não se dirige apenas ao mundo subdesenvolvido, qualquer designação que se lhe faça. Ele invade antigas metrópoles coloniais que pagam o preço das condições de vida de seus habitantes, incompatível com seu desenvolvimento técnico e econômico.
E, para que isso seja possível, surge a guerra do século XXI. São guerras regionais, com base em diferenças étnicas, religiosas e culturais. Quem não se lembra dos quadrinhos e filmes dos anos 1940/50 em que os “personagens do mal” tinham quase sempre rostos orientais. Hoje tem feições ou indumentárias árabes, os terroristas perigosos que estão destruindo a vida pacata e segura dos “ocidentais”.
Esta nova guerra não é nem será global, pois a banca não é suicida. Colocará, região após região, o mundo em guerra. Assim, destruindo governos, culturas, inclusive religiosas e étnicas, a banca pretende também eliminar a pressão demográfica. Disto resulta as guerras terem início na Ásia – da Ásia Menor, da Península Arábica, do Nordeste da África até a Ásia Central e o Sudeste Asiático. Nesta populosa área da Terra também estão sendo testados métodos de guerra sem exposição direta e pessoal dos agressores. Mais uma vez a tecnologia da informação é apropriada pela banca.
Na justificativa deste monstruoso objetivo contam com ideólogos sempre a disposição do poder, das comunicações de massa, que dominam amplamente, e usam as migrações, decorrentes das guerras provocadas, para insuflar ódio e medo em europeus, norteamericanos e, por incrível e paradoxal que pareça, até em sulamericanos.
Não é por acaso que a instituição mais antiga do ocidente, a Igreja Católica, acumulando saberes e culturas por mais de dois milênios, elege seu representante uma pessoa com força espiritual e moral, competência política e  atitude comportamental capaz de denunciar o financismo, a banca e a guerra que ela está provocando.
A guerra hoje não é um clamor islâmico contra infiéis, não é um clamor racista contra negros norteamericanos, nem mesmo um clamor político das burguesias ignorantes e mesquinhas contra a mínima melhora de condições de vida dos miseráveis, a guerra é a arma da banca para concentração de renda e destruição de países, como a Rússia, que resistem suas investidas.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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