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sexta-feira, 26 julho, 2024

Chile: Econômia impactada e cifras no vermelho

Por Rafael Calcine Armas Santiago do Chile, 2 jun (Prensa Latina) A pandemia de Covid-19 se converteu para o Chile não só em um problema sanitário cuja solução não aparece à vista, mas também impactou a economia e trouxe à tona as grandes desigualdades sociais.
O país começou junho ultrapassando os cem mil doentes de Covid-19 acumulados desde o início da pandemia e no primeiro dia do mês foram registradas as piores cifras de novos contágios e mortes por causa da doença.

Em seu relatório periódico, o Ministério de Saúde contabilizou até o fechamento de maio um total de 105.159 doentes, com 5.471 novos contágios e 59 mortos. Em ambos casos, as quantidades mais altas em um único dia, elevando a cifra de falecidos a 1.113.

Também aumentaram de forma perigosa as estatísticas de doentes hospitalizados submetidos a respiração mecânica e em estado crítico, que continuam pressionando o sistema de saúde apesar de terem se multiplicado a quantidade de leitos e equipamentos de ventilação.

Se no aspecto sanitário as cifras são cada vez mais preocupantes, ao mesmo tempo em que os especialistas preveem que a situação piore nas próximas semanas, a economia não fica atrás.

Assim, o Banco Central acaba de oferecer dados que superam as previsões mais negativas de especialistas e do próprio governo, ao revelar que a economia caiu 14,1% em abril em comparação com o mesmo mês de 2019.

A instituição destacou que essa porcentagem não tem precedentes nos relatórios do Índice Mensal de Atividade Econômica (Imacec), e nesse sentido o ministro da Fazenda, Ignacio Briones, considerou que ‘é uma queda muito, mas muito significativa, a mais alta desde que se tenham registros mensais’.

O ministro enfatizou que ‘os números mostram a deterioração da atividade econômica e por trás da qual há rendas, há famílias, há empregos’, deixando ver que as cifras de desemprego no país, já muito altas, seguramente continuarão aumentando.

Mas já especialistas econômicos antecipam que o PIB de maio pode ser pior que o de abril e inclusive alguns preveem uma queda próxima a 20%.

No meio desse panorama, o presidente, Sebastián Piñera, reconheceu que o país está ‘vivendo as semanas mais duras’ e aproveitou para promover o ‘grande acordo nacional’ convocado por ele semana passada, ao qual se somaram alguns setores da oposição e do oficialismo, ainda que boa parte da esquerda se afastou imediatamente e outros simplesmente não foram convidados.

Com esse fracasso, Piñera disse que dispõe ‘de duas semanas, para poder fortalecer a rede de proteção social com mais recursos, com mais instrumentos, para proteger melhor e mais chilenos das consequências desta pandemia’, e com dramatismo disse que ‘o tempo nos apressa, as necessidades dos chilenos são agora’.

Mas acadêmicos, políticos de oposição e sindicatos alertam que há bastante tempo propuseram ao governo medidas mais profundas para enfrentar a crise que se precipitava e La Moneda não escutou ou só optou por ir aplicando remendos e soluções às meias.

Estão por ver as medidas que surgem dos participantes no ‘grande acordo nacional’, mas sobre a mesa há propostas, como a de estabelecer um imposto por uma vez de 2,5% às grandes fortunas do país, apresentada por partidos de esquerda e sobre a qual La Moneda não fez o menor comentário.

Inclusive a Cepal tem insistido em uma renda básica de emergência para toda a região, que consiste em oferecer um valor equivalente à linha de pobreza durante seis meses para todos os que precisam de ajuda devido à perda de sua renda por causa da crise desatada pela pandemia.

Esse esforço, garantem os economistas, é factível para um país com recursos suficientes como o Chile, mas está bem longe do que o governo tem oferecido até agora e que não serviu a milhares de chilenos nem para afastar o fantasma da fome.

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