Em conversa com jornalistas após reunião com congressistas dos EUA, Rutte reforçou que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e Washington querem taxar qualquer país que compre petróleo ou derivados da Rússia.
“Se você é o presidente da China, o primeiro-ministro da Índia ou o presidente do Brasil e ainda negocia com os russos e compra seu petróleo e gás, saiba que se esse cara em Moscou não levar as negociações de paz a sério, eu aplicarei sanções secundárias de 100%.”
Em
entrevista à Fox News na última segunda-feira (14), Rutte já havia afirmado que essas ameaças de sanções poderiam fazer com que outras nações
dialoguem com Moscou em busca de um
acordo de paz ou de cessar-fogo com a Ucrânia.
“Então, se você está em Pequim, [Nova] Deli ou Brasil, e você sabe que isso está indo até você, você talvez queira ligar para Vladimir Putin e dizer: ‘Ei, amigo, nós continuamos a comprar coisas de você, mas você tem que levar a sério quando se trata dessas negociações de cessar-fogo ou acordos de paz, ou então nós vamos ser atingidos por sanções secundárias'”, disse na ocasião.
Rutte está nos Estados Unidos, onde se encontrou com o
presidente do país e divulgou, junto ao mandatário, que
a OTAN usará dinheiro dos países europeus para comprar armas estadunidenses, que serão
enviadas à Ucrânia.
Além do anúncio dos novos armamentos, que incluem
sistemas de mísseis Patriot, Trump e Rutte deram
50 dias para Moscou alcançar um acordo com Kiev, a fim de evitar a nova rodada de sanções.
“Se não tivermos um acordo em 50 dias, é isto o que faremos: tarifas secundárias. E elas serão duras. Espero que não cheguemos a esse ponto, mas tenho ouvido muita conversa. É tudo conversa”, disse Trump.
O
ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov,
afirmou na manhã de hoje que o governo da Rússia quer entender
“o que está por trás dessa afirmação” de 50 dias.
“Já ouvimos antes 24 horas, ouvimos 100 dias, já passamos por tudo isso e queremos muito entender o que move o presidente dos Estados Unidos.”
Apesar das afirmações do secretário-geral da OTAN — aliança que tem sido a principal responsável pela manutenção do conflito russo-ucraniano —, o Brasil tem sido um dos defensores de uma solução negociada para a crise, tendo inclusive lançado uma iniciativa, ao lado da China, para esse fim, que foi elogiada pela Rússia, mas não recebeu o devido apoio dos parceiros ocidentais.
A Rússia já demonstrou inúmeras vezes disposição para negociar com Kiev o fim do conflito, mas as conversas acabaram não seguindo adiante devido à falta de flexibilidade por parte das autoridades ucranianas, com exigências descabidas ou sabotagens protagonizadas por lideranças ocidentais.
Segundo Moscou, a insistência dos EUA e de países europeus em continuar a enviar armas para a Ucrânia em nada contribui para o diálogo entre as partes e a possibilidade de uma solução pacífica.