19.5 C
Brasília
domingo, 9 novembro, 2025

Cartas habaneras (XXII)

Emiliano José

302765_10151457561843515_2146844945_n-1

Foto: Arquivo de Pátria Latina

Era Primeiro de Maio.

Havana fervia.

Desde os primeiros raios de sol.

Não pude ir.

Uma bursite trocantérica me impediu.

Nome feito, este.

Parece um espírito do mau.

Tenho afastado o espírito do mau com musculação.

Sério.

Tive a indicação.

De um médico sério.

Respeitei.

E adeu bursite.

Problema: tenho de ir adiante com a musculação.

Apesar dos 79 anos.

Ou por causa deles.

Não pude ir pra zona do agrião.

Não assisti ao Primeiro de Maio.

Desço pra tomar uma água.

Deparo com a galera de Uibaí.

De volta do Primeiro de Maio.

Já embalada por tímidas doses.

 

Pronta pra doses mais amplas.

havana velha cuba

Foto: LATAM

Ir para o centro de Havana.

Melhor lugar da cidade.

Acompanhei a galera.

Melhor companhia não havia.

A galera estava pronta pra festejar.

Pela viagem a Cuba.

E pelo aniversário de um dos irmãos, Délio Rocha.

Este, o mais entusiasmado da galera.

Pelo aniversário, talvez.

Ou pelo jeito de ser.

Aportamos primeiro na Bodeguita del Medio.

Délio, Célio, Doris, irmãos e irmã.

Doris é Dorisdei.

Rosângela Carvalho, amiga deles, tímida e com muito receio de tudo, na definição de Doris, colega de profissão, melhor amiga.

Logo chega cubanos, amigos deles.

Alexander Quintero de La Rosa e a esposa, e a filha, provavelmente com uns dois anos de idade.

Alexander havia participado do Mais Médicos no Brasil, entre 2013 e 2017.

Mais precisamente em Uibaí.

Inevitável se fizessem amigos.

E eu, o estrangeiro.

Porque não nascido em Uibaí.

Estrangeiro fosse, acolhido com imenso carinho por todos eles.

Deixei de ser, e me tornei um deles.

Foi dessas tardes, porque almoço demorado, porque aniversário, porque muitos mojitos, porque muita alegria, porque muitos sorrisos, muita cerveja, dessas tardes onde acontece a celebração da amizade.

Maior que o amor, a amizade.

“E quem há de negar que esta lhe é superior?”

Caetano tem toda razão.

Recorro também à Marilena Chauí: a maneira de realizar a infinitude, de tornar-se divino de alguma maneira, é o encontro da amizade – ao encontrar a amizade verdadeira, onde cada um completa o outro, dá-se esse encontro com o divino, em meio à finitude.

Costumo dizer: meu momento de eternidade eu o encontro na amizade.

Encontrei-o neste Primeiro de Maio, em Cuba.

Não acredito em felicidade, assim como um estado permanente.

Ela é feita de momentos.

Como o daquela tarde.

Fui feliz ao lado de amigos, companheiras, companheiros.

Havana nos propiciou isso.

Valter Xéu recebendo o título de cliente especial da Bodeguita

Na Bodeguita del Medio, templo do centro habanero.

Grato, muito grato à galera de Uibaí por me proporcionar aquele momento de felicidade.

Momento eterno.

Soube: ontem, toda aquela galera, tinha se mandado para muito longe.

Aterrisou em Palmas, Tocantins.

Foram de carro, aventureiros.

Pra comemorar o aniversário desta vez de Célio, irmão mais velho.

Ele mora em Palmas.

Os irmãos não perdem uma chance de comemorar, e também, bebemorar.

Eles sabem construir os momentos de felicidade.

É hoje, o aniversário de Célio.

Primeiro, um almoço, a prévia.

À noite, a festança.

Sábios.

Sabem chegar ao divino.

Por cultivar a amizade.

#omilagrecubano

ÚLTIMAS NOTÍCIAS