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quinta-feira, 25 setembro, 2025

Cartas habaneras (XXXVIII)

Emiliano José

Frente de Las Villas: una mancha azul hacia el occidente – Escambray

Víctor Dreke seguiu participando de várias ações, anteriores à Batalha de Santa Clara. Não custa insistir: ao chegar a Las Villas, Che passa a ser o comandante de todas as forças, tanto as do Movimento 26 de Julho quanto as do Diretório Revolucionário 13 de Março.

A primeira ação envolvendo as duas organizações revolucionárias foi o ataque ao quartel de Caracusey, no dia 22 de novembro de 1958.

Uma das tropas daquela ação, dirigida por Angelito Frias, do Movimento 26 de Julho. A outra, por Rolando Cubela, do Diretório 13 de Março – este, mais tarde, trairá a revolução.

Manicaragua

Cubania

Em Manicaragua, ocupada pelos revolucionários em 23 de dezembro de 1958, começaram a ser criadas as condições para a Batalha de Santa Clara.

Já se detectava um número razoável de contrarrevolucionários na região de Escambray. Oportunistas surgiam no meio da luta. Como o pessoal de Sinesio Walsh, integrante do Movimento 26 de Julho.

Mais tarde, os combatentes da Revolução Cubana saberão que Walsh avisará o comandante do quartel de Mataguá sobre o ataque a ser feito à unidade militar.

Não dedurou a ocupação de Manicaragua porque o ataque fora preparado com cuidado, e feito de surpresa.

Monumento no mausoléo de Che em Santa Clara

E veio Santa Clara, a famosa e decisiva batalha.

Começa na manhã do dia 28 de dezembro de 1958.

Os revolucionários tinham consciência: caísse Santa Clara nas mãos deles, e a revolução estava ganha. Durou três dias, encerrada em 1º de janeiro de 1959, data fundamental da Revolução Cubana, um marco.

Já se disse, mas o leitor não vai voltar para conferir: de um lado, pouco mais de 300 guerrilheiros. As tropas de Batista, quase 4 mil soldados, dez tanques, um trem blindado, sete aviões bombardeiro B-26. Em princípio, seria um massacre, tal a disparidade de forças. Não foi.

Nessa batalha, Dreke integrava o Comando “Ramón Pando Ferrer”, sob a direção de Raúl Nieves, a quem também havia sido confiada o ataque a Manicaragua. Nesse comando, Dreke era subcomandante.

Os homens de Nieves e Dreke tinham, como primeiro objetivo, desenvolver ações em toda a região de Santa Clara. Preocupar, dividir as tropas de Batista. Segundo, o comando devia dividir-se em dois, e a Dreke incumbia seguir com parte dos combatentes à região de Sagua, e isso agradava muito a ele. Voltar à terra onde havia nascido, de armas na mão, na luta para libertar o País das garras de Batista

Santa Clara em Cuba - Dicas de turismo para Cuba.

Toda essa movimentação na região visava preparar as condições para a entrada dos guerrilheiros em Santa Clara. Antes do início da batalha propriamente, homens do Exército Rebelde desenvolveram várias ações em Santa Clara. Numa delas, queimaram um restaurante. Noutra, incendiaram instalações de uma televisão.

_ Em outra entramos en uma casa de prostitución que tenían allí, botamos a todos los chulos aquellos, los botamos para el diablo; las mujeres se fueron a sus casas y cerramos el local. Varias cosas más hicimos.

Ali por volta das 8 da manhã, os guerrilheiros entram em Santa Clara. Aos homens de Dreke, coube entrar pela estrada de Manicaragua, e atacar a tropa motorizada de Batista, ali instalada, o chamado Esquadrão 31. Primeiro, deparam com uma patrulha do exército.

Fogo.

Bombas – os bombardeiros passam a agir.

Dois guerrilheiros, feridos.

Conquista de território, metro a metro.

Difícil ir de um lugar a outro.

Fogo.

Dreke sentia a população cheia de simpatia com os guerrilheiros.

Bom.

Pra chegar ao Esquadrão 31, objetivo deles, destruir a tropa motorizada dos homens de Batista, Dreke e os homens dele deviam atravessar uma pequena praça, e iam na direção dela casa a casa.

Tiveram a ajuda de gente do povo, Noemí, Celestino, cuja casa serviu-lhes de abrigo. E chegaram então ao Esquadrão 31.

Fogo.

O exército movimentou os tanques.

Guerrilha, Revolução e Ideologia na América Latina

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Guerrilheiros e gente do povo, unidos no combate.

Impressionante o apoio da população.

_ En Santa Clara todo el Pueblo salió a las calles; assim actuaban las milicias incipientes de la revolución.

Àquela gente do povo, ali pelas dez da manhã daquele primeiro dia de combate, foi dada a tarefa de preparar coquetéis molotov.

Assim, compensava a falta de armas.

Aquelas milícias espontâneas correm a buscar gasolina, todo o material necessário à fabricação dos coquetéis molotov.

Sem preparação militar, vários deles acabam assassinados pelo exército.

Pedem ajuda.

 O comando manda Roberto Fleites, um combatente experiente para orientá-los.

Dali a pouco, chega um companheiro avisando: Fleites fora ferido gravemente.

Alguém precisava tirá-lo da linha de tiro.

Dreke era o comandante, naquele momento, Nieves estava em outra frente. Decide ir ele próprio socorrer o companheiro.

Dreke dá ordens a Roberto Sacerio, companheiro de armas, antes de ir tentar resgatar Fleites:

_ Si me pasa algo, tú no vayas a buscarme.

Deixe-me, dizia Dreke, porque “así van a matar a toda la gente, y busca a Nieves”.

Encontra o cadáver de Fleites.

Uma cena horrível: a bala de canhão havia arrancado parte do rosto dele.

Dreke e companheiros o enterraram ali mesmo, no cenário da batalha.

Tanque capturado por tropas rebeldes; en una plaza dentro de la Universidad  - Picture of University of Havana, Cuba - Tripadvisor

O tanque cujo bala matou Fleites resta hoje na Plaza Cadenas, em frente à Universidade de Havana.

No segundo dia de combate, Che e companheiros capturaram o trem blindado do exército de Batista, e isso deu aos revolucionários um grande trunfo.

Além de inviabilizar uma arma fundamental do inimigo, no trem havia grande quantidade de munição.

_ El Che nos mandó uma cantidad de proyectiles y armamento.

Veio muito a calhar – Dreke e companheiros praticamente já estavam sem munição.

Agora, mais prontos para o fogo.

E Dreke estava mais feliz ainda por conta de armas enviadas por Faure Chomón Mediavilla, desde Trinidad. Faure, um dos fundadores, liderança do Diretório Revolucionário 13 de Março, mandou de presente para Dreke, especialmente para ele, uma metralhadora .30.

Ele, olhando para aquela arma.

Está certo: às mãos dos revolucionários chegara também um canhão 71 mm.

Mas, Dreke gostou mesmo foi da .30.

Disparava mais projéteis.

_ Yo tenía 21 años, y la fantasia de muchas balas.

Foi alertado sobre a .30.

Não atirar seguidamente porque as balas acabam.

Fazer rajadas curtas senão a .30 restaria muito quente.

Dreke não quis muita conversa.

Postou a .30 na janela de uma casa.

Como não sabia nada de guerra regular, usou como proteção da metralhadora três ou quatro colchões retirados das camas de várias casas.

Foi começar a atirar, os inimigos responderam ao fogo, e os colchões, desbaratados.

Fogo.

Surge um tanque, e ao lado muitos soldados, avançando, com apoio da aviação.

Fogo.

Um companheiro ferido.

Quando balas vieram na direção de Dreke, corpo ao chão.

Um pouco depois, colocam a .30 num andar superior, e de lá, além de tudo, podia tentar atingir os aviões inimigos.

Fogo.

Até o último dia da Batalha de Santa Clara, daquele primeiro andar, mandou bala.

Na manhã de 1º de janeiro de 1959, Dreke viu o aceno de umas bandeiras brancas provenientes do esquadrão motorizado, o Esquadrão 31.

Não deu a mínima.

O Exército Rebelde não diminuiu o fogo.

A .30 seguia cuspindo fogo, manuseada por Dreke.

Nem ele, nem Che tinham ideia de quantos dias demoraria para a tomada de Santa Clara. Tinham certeza de ser uma luta de muitos dias. Nunca imaginariam estarem às portas da vitória, da rendição completa dos inimigos.

Fogo.

Em todo caso, como as bandeiras brancas persistiam, Dreke, Nieves e alguns outros companheiros, resolveram tentar saber do que se tratava, se verdade ou não a rendição.

Dreke entregou a .30 a um companheiro, tomou a Thompson antiga, velha companheira, e se dirigiram na direção do Esquadrão 31.

Golpe de Estado em Cuba de 1952 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Dentro do esquadrão, espécie de quartel, aquele burburinho, e as notícias em emissoras de rádio sobre a fuga de Batista.

Os soldados, uns desarmados, outros entregando as armas.

_ Y así es como nos sorprendió a nosotros el triunfo de la revolución.

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