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sexta-feira, 6 junho, 2025

Cartas habaneras (VII)

Emiliano José

Ao longo da vida, deparei com grandes nomes da história.

Com extraordinários revolucionários.

Do mundo.

E do Brasil.

Sobre alguns deles, escrevi.

Posso lembrar Marighella e Lamarca.

Ou Waldir Pires, com quem convivi anos, e sobre o qual fiz biografia, dois volumes.

Estive com o grande Apolônio de Carvalho.

Revolucionário de três mundos.

Com Prestes, mais de uma vez.

Fernando Santana.

Haroldo Lima.

Ana Montenegro.

Clara Charf.

Muitos, muitas e me desculpo por tantas e tantos não citados.

Jorge Ferrera, um revolucionário.

Não quer parecer grande.

No entanto, é.

Com uma característica singular: não tem qualquer preocupação em ocupar a ribalta.

Se a ribalta acontece, ele a ocupa com serenidade.

Sem pretensão de luzes.

É daqueles revolucionários dispostos à luta, sempre.

Destacar-se ou não, depende da luta, das tarefas confiadas a ele.

É uma consequência, só isso.

Fiquei comovido ouvindo-o contar, ele com 13 anos, e se movimentando, em Havana, militando com aquele idade, puto da vida com a invasão mercenária de Playa Girón.

Resistindo, correndo de um lado a outro, nas proximidades do Porto de Havana, e conclamando o povo à resistência à agressão dos EUA.

Dali em diante, jamais deixou a militância.

Ouvi tudo isso, agora, nessa viagem.

Eu já o conhecia de andanças pelo Brasil.

Pude vê-lo numa mesa, ao lado de Fidel Castro, em Salvador, creio 1993, quando o líder da Revolução Cubana recebeu representantes da esquerda baiana, ocasião em que pude entregar a Fidel um exemplar de “Lamarca, o Capitão da Guerrilha”.

Andei com Ferrera por Conceição do Coité, município do grande companheiro Assis.

Já esteve em outra terra, também querida, Santa Maria da Vitória.

A convite de Joaquim Lisboa Neto, o Kinkas.

Também conhecido como Quincas Berro D´Água tal a semelhança com o personagem de Jorge Amado.

Ele posterga um livro, pronto na cabeça dele.

 Não escrito, no entanto.

Ferrera foi crescendo politicamente.

Recebendo mais e mais responsabilidades políticas.

Até que a Revolução considerou necessário municiar o militante de mais teoria.

A Revolução Cubana preserva a teoria.

Pode-se dizer esforço de preservação oriundo dos ensinamentos de Lênin, a ensinar que sem teoria revolucionária não há prática revolucionária.

Ou então dos passos seguidos por um dos mais profícuos intelectuais cubanos, e dirigente da Revolução, a ensinar sempre a necessidade do conhecimento, o grande José Martí.

Fidel sempre revelou: seu primeiro inspirador foi José Martí.

No ano de 1972, dão a notícia a Ferrera: iria passar um ano na União Soviética.

Cursar a Escuela Superior del Konsomol.

Foi uma experiência única.

Sentia-se reconhecido pela Revolução.

Isso lhe fazia bem.

Dava ainda mais disposição para a luta.

Passa 1972 e 1973 estudando.

Logo ao regressar, destacado para integrar a Direção Nacional dos Comitês de Defesa da Revolução.

Um ano depois, membro do Secretariado Nacional dos CDR.

As tarefas iam tornando-se mais complexas.

E mais arriscadas.

Entre 1978 e 1979, cumpre missão internacionalista.

O internacionalismo é prática permanente da Revolução Cubana.

É enviado ao Yêmen do Sul.

No momento da guerra entre aquele país e a Arábia Saudita.

Dirigia uma missão de assessoramento para a criação dos Comitês de Defesa Populares, inspirados certamente nos Comitês de Defesa da Revolução.

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