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sexta-feira, 29 março, 2024

Canadá e a dívida indígena

Ottawa, (Prensa Latina) Quando o primeiro-ministro do Canadá Justin Trudeau chegou ao poder em 2015, se comprometeu a compensar as vítimas de um antigo sistema educativo que tentou eliminar a cultura originária, ainda que para alguns isso ainda não tenha se cumprido.
Trudeau sentou um precedente ao acolher a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Stephen Harper, seu antecessor, tinha recusado a Declaração em 2007; mas em opinião de especialistas, aceitá-la, em todo caso, não significou aplicar as medidas que recomenda.

De acordo com o antropólogo canadense Ronald Niezen, um exemplo claro da falta de sensibilidade do mandatário com os povos indígenas é a decisão de expandir o oleoduto TransMountain, de Alberta ao litoral na Columbia Britânica, apesar de sua forte oposição.

Os índios criticam que a infraestrutura cruza territórios sagrados e é um sério atentado ecológico.

Nas eleições de outubro, as comunidades indígenas se afastaram de Trudeau com o argumneto de que não tinha cumprido suas promessas.

Enquanto ele se expressava nos meios de comunicação a favor destas comunidades, seu gabinete aprovava uma lei que ameaçava as reservas.

À pergunta de como é a relação entre o Governo e os índios, Niezen disse que ‘continua igual, nada mudou’.

‘A ideia de que os povos originários do Canadá se integrarão à sociedade poderia parecer bonita, mas não se levou consideração que existem barreiras raciais que nunca lhes permitirão serem brancos’, afirmou.

Os indígenas continuam sendo os grandes esquecidos na sociedade canadense; os serviços que recebem, a taxa de desemprego, a cobertura médica; nas comunidades indígenas todos os indicadores de qualidade de vida são mais baixos que a média nacional.

Para o cientista citado, a cada dia fica mais longe tudo que essas comunidades sofreram há pouco mais de 100 anos.

Cerca de 150 mil crianças indígenas passaram pelos ‘internatos índios’ canadenses entre 1880 e 1996, escolas de assimilação para tirar delas ‘o índio que tinham dentro’ enquanto sofriam maltratos e abusos sexuais.

Ao redor de seis mil menores morreram nestes internatos, vários por malnutrição.

Ao final do século XIX, a sociedade canadense via que os indígenas tinham que ser integrados ao projeto de Estado que estava se consolidando.

Por isto, o Estado, em colaboração com várias igrejas cristãs, iniciou o projeto dos internatos para crianças dos povos inuit, First Nations e Métis; a ideia era integrá-los através da educação.

No entanto, estes internatos tinham de impunidade ao não serem acompanhados por nenhum organismo público. Muitos deles se converteram em autênticos centros de abuso, tanto psicológico como físico e inclusive sexual, segundo historiadores.

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