O guarda municipal Marcelo Arruda foi morto com dois tiros à queima roupa, enquanto comemorava seus 50 anos – Reprodução Facebook
Autor do atentado também foi alvejado e morreu após dar entrada no hospital; vítima comemorava 50 anos em festa fechada
O extremismo bolsonarista foi até a última consequência ao final da noite deste sábado (09), em Foz do Iguaçu, região oeste do Paraná. Planejada por amigos e familiares para celebrar o aniversário de 50 anos do guarda municipal Marcelo Arruda, uma festa de aniversário marcada pela temática petista terminou em tragédia.
De acordo com André Alliana, amigo próximo da vítima, instantes após os convidados cantarem “parabéns” para Marcelo, um homem desconhecido invadiu a área onde ocorria a celebração sob gritos e ofensas contra todos os presentes. “A festa era com temática do PT. Por volta das 23h um sujeito que ninguém conhecia apareceu xingando os convidados, chamando o Lula de desgraçado e esbravejando o nome do Bolsonaro. O maluco disse que voltaria para matar todo mundo. E ele voltou”, detalha Alliana.
Diante da flagrante ameaça de morte, Marcelo foi até seu carro buscar sua arma. Minutos depois, o agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho retornou com pistola em punho já disparando contra o aniversariante. Segundo outras testemunhas que presenciaram o atentado, o autor do crime aparentava estar sob efeito de drogas, com sua esposa e filha em seu carro.
“A gente ouvia a esposa dele gritar pedindo pra ele ir embora e ele estava muito transtornado, com muito ódio. Xingando os petistas e dizendo que Bolsonaro seria eleito. Que Lula é bandido e que todos petistas deveriam morrer. Foi uma tragédia, algo sem cabimento. Estamos todos em choque”, compartilha uma das convidadas, que também presenciou o ocorrido e prefere não ter seu nome divulgado.
Marcelo foi morto com dois tiros à queima roupa. Antes de tombar sem vida, conseguiu revidar e acertar três disparos em Jorge José, que também morreu após dar entrada no hospital.
“A verdade é que ele veio com a intenção de atirar mesmo em todo mundo. Só não morreu mais gente porque o cara não tinha uma boa mira. O Marcelo morreu e por conta dele a tragédia não foi ainda maior”, completa a testemunha sob a condição de anonimato.
Marcelo Arruda era filiado ao Partido dos Trabalhadores de Foz do Iguaçu. Durante as eleições municipais de 2020, disputou o cargo de candidato a vice-prefeito. Com quase 30 anos de serviços à Guarda Municipal da cidade, era diretor do Sindicato dos Servidores Públicos e tesoureiro do diretório municipal do partido. Deixa a esposa e quatro filhos, entre eles, um bebê de 1 mês.
Em seu perfil na rede social Facebook, André Alliana desabafou a perda do amigo. “Quando digo que as pessoas estão doentes e que a falta de respeito e diálogo é uma tragédia, alguns acham que é exagero. As pessoas se atacando por causa da política e agora sabemos que elas também jogam bombas e matam. Hoje eu perdi um dos meus melhores amigos”, escreveu, em trecho do texto.