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Sputnik – Às vésperas da eleição presidencial dos EUA, o atual presidente Joe Biden parece estar a caminho de se tornar o presidente que mais aplicou sanções econômicas na história dos EUA.
Após assumir a presidência em janeiro de 2021, a abordagem de Biden às sanções econômicas durante seu primeiro ano no cargo pareceu ser semelhante à de presidentes recentes dos EUA, como Donald Trump ou Barack Obama. No entanto, após a escalada total do conflito militar na Ucrânia em fevereiro de 2022, o governo Biden respondeu introduzindo sanções econômicas abrangentes contra a Rússia.
O governo Biden mantém um ritmo constante de aplicação de sanções econômicas, não apenas contra a Rússia, mas também contra outros países, como China e Irã, desde fevereiro de 2022.
Quando o governo dos EUA introduz sanções econômicas, a pessoa ou entidade visada geralmente é adicionada a duas listas: a lista de Cidadãos Especialmente Designados (SDN, na sigla em inglês), mantida pela Agência de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês), sob o Departamento do Tesouro dos EUA, e a Lista de Entidades gerenciada pelo Departamento de Comércio dos EUA.
Comparada à Lista de Entidades, que incluía mais de 400 entidades até o final de 2023, a SDN é o indicador mais importante do escopo das sanções econômicas dos EUA, com mais de 12 mil nomes na lista.
As atualizações da SDN, geralmente divulgadas como as novas “designações”, são bons indicadores de quantas novas ações relacionadas a sanções econômicas o governo dos EUA tomou naquele ano.
De acordo com os últimos números do site do OFAC, o governo Biden adicionou 421 atualizações de novas “designações” à lista SDN desde janeiro de 2021.
De janeiro de 2021 a 22 de fevereiro de 2022, foram 92 novas atualizações na SDN sob a gestão Biden, o que representa proximidade ao número de atualizações feitas pelo seu antecessor Donald Trump a cada ano. Durante os quatro anos de Trump no cargo, de janeiro de 2017 a janeiro de 2021, o número de novas atualizações na SDN ficou em 362, ou seja, cerca de 90 por ano.
No entanto, o número de novas designações registradas na SDN expandiu rapidamente desde 22 de fevereiro de 2022, subindo para 98 naquele ano e saltando para 118 em 2023. Desde o início de 2024, 113 novas atualizações foram adicionadas à lista.
Em comparação com as 362 atualizações na SDN sob a administração Trump, as 420 designações do governo Biden representaram um aumento de 15,5%.
Ao mesmo tempo, o número de designações no documento durante os oito anos de mandato de Obama foi de 559, enquanto o mandato de oito anos de George W. Bush, de 2001 a 2009, viu 291 novas atualizações na lista.
Embora o número de designações da SDN não tenha detalhado a quantidade de novos nomes adicionados a cada atualização, a frequência de novas inscrições na lista ainda é um bom indicador de quantas ações relacionadas a sanções foram tomadas por cada governo.
Os dados mostram que Trump realizou mais ações relacionadas a sanções do que Obama e Bush. Entretanto, os quatro anos de Biden no cargo parecem alçá-lo como o presidente que impôs mais sanções econômicas na história dos EUA, conforme indicado pelo número de atualizações na SDN.
Sanções contra a Rússia cresceram
As mudanças no número de novas atualizações da lista SDN a cada ano também correspondem às estatísticas relacionadas as sanções divulgadas pelo think tank Centro para uma Nova Segurança Americana (CNAS, na sigla em inglês).
Em 2023, 2,5 mil pessoas foram adicionadas à lista SDN com sanções relacionadas à Rússia, respondendo por 61% das novas designações, de acordo com o CNAS.
O foco dos programas de sanções que dominaram as novas listagens SDN também mudou ao longo dos anos de 2009 a 2021, antes da escalada do conflito militar na Ucrânia no início de 2022.
Por exemplo, as sanções sob o programa contra o tráfico de drogas responderam por cerca de 67,8% dos novos nomes adicionados à lista SDN em 2009.
Em 2020, as sanções relacionadas ao Irã foram responsáveis por cerca de 40% dos novos nomes adicionados ao documento naquele ano.
Já durante o primeiro ano de Biden no cargo, em 2021, as sanções relacionadas à Belarus, Mianmar e China contribuíram para cerca de 32% dos 765 novos nomes adicionados à SDN naquele ano.
Antes que o governo Biden usasse totalmente a ferramenta de sanções econômicas por causa do conflito militar na Ucrânia em 2022, havia sinais de um alívio das sanções econômicas em certas áreas. Enquanto 765 novos nomes foram adicionados à SDN em 2021, 787 nomes foram retirados da lista durante o mesmo ano.
No entanto, a tendência de retirada da lista diminuiu drasticamente desde 2022, já que o Tesouro norte-americano retirou apenas 218 nomes em 2022 e 422 nomes em 2023, enquanto adicionou mais de 4,7 mil nomes à SDN nesses dois anos.
O início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia marcou uma virada e o começo de uma séria deterioração nas relações bilaterais entre Moscou e Washington, com uma expansão significativa no escopo e na severidade das sanções dos EUA contra a Rússia.
As medidas incluíram sanções financeiras, controles de exportação e sanções contra bancos russos. As sanções também visaram os setores aeroespaciais, de construção naval e eletrônico da Rússia. Além disso, Washington impôs uma proibição de importações de petróleo e outras energias da Rússia em março de 2022.
Autoridades russas afirmaram exaustivamente que as sanções ocidentais deram um golpe duro na economia global e aumentaram os preços da eletricidade, do combustível e de produtos alimentícios na Europa e nos Estados Unidos.
O presidente russo Vladimir Putin disse que, apesar do número sem precedentes de sanções impostas à Rússia, o país está superando os problemas criados por elas, inclusive usando suas próprias capacidades e recursos.