Brasil libera participação da empresa chinesa no leilão de 5G. Decisão é fiasco para Trump e seus lobistas no Brasil, entre eles Eduardo Bolsonaro.
Era um lance para ganhar as manchetes dos jornais de economia de todo o mundo – mas, em tempos de coronavírus, quase passou despercebido: o Brasil não fará qualquer restrição à empresa chinesa Huawei no leilão para a instalação da tecnologia 5G. É o que diz o Diário Oficial.
Para impedir que algum limite fosse imposto no último minuto à empresa chinesa, líder de mercado, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, deixou até mesmo sua quarentena. Heleno, que é próximo do presidente Jair Bolsonaro, chefia a comissão interministerial que há meses debate se a Huawei deve ou não participar da licitação.
Em jogo está um dos principais mercados futuros da telefonia. Índia, Brasil e México são os três países que vão liderar a mudança para o 5G nos mercados emergentes, afirmou o site Business-Insider. “Esses países estão entre os maiores mercados do mundo e também entre os de mais rápido crescimento, com taxas de adoção de novas tecnologias bem maiores do que em outros países emergentes.” A licitação brasileira é, atualmente, a maior do mundo para a quinta geração de telefonia. O leilão foi adiado uma vez e deverá ocorrer no fim de 2020.
A surpreendente decisão é o novo capítulo de uma longa querela política. O governo dos EUA, Donald Trump, pressionou o Brasil para deixar a Huawei de fora da modernização da telefonia móvel brasileira, com o argumento – para o qual não há provas – de que o governo da China usa a tecnologia da empresa para fins de espionagem.
Por isso, países parceiros dos EUA – como o Brasil do presidente Jair Bolsonaro se considera – deveriam reduzir ou, melhor ainda, eliminar a presença da Huawei em sua rede de telefonia. Trump colocou esse tema na agenda de todos os encontros que teve com Bolsonaro.
O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, é um dos principais lobistas pela exclusão da Huawei da rede de telefonia móvel brasileira. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também acusa frequentemente a China de conspiração comunista e é crítico em relação a qualquer cooperação com o país asiático. Até poucos dias atrás, a mídia brasileira dizia que o Brasil provavelmente seguiria a decisão do Reino Unido, onde a Huawei não poderá fornecer material para o núcleo das redes e, no todo, não mais do que um terço da infraestrutura. Beneficiadas serão as concorrentes europeia Ericsson, da Suécia, e Nokia, da Finlândia.
Mas, no Brasil, foram justamente os dedicados lobistas de Trump que provocaram a virada a favor da Huawei: há alguns dias, Eduardo Bolsonaro colocou na China a culpa pela crise mundial causada pelo novo coronavírus. O embaixador chinês no Brasil reagiu de forma inusualmente agressiva e nada diplomática e exigiu um pedido de desculpas.
Jair Bolsonaro teria telefonado várias vezes para o presidente da China, Xi Jinping, para tentar acalmar a situação, pois o lobby agrícola e de mineração no Brasil temia que a briga entre Eduardo e a China traria prejuízos para os seus negócios. O Brasil exporta não apenas a maior parte de sua produção agrícola para o gigante asiático, mas também de minério de ferro e petróleo – a China é, de longe, o principal comprador. Além disso, a China se tornou um importante investidor em energia e logística. E a economia brasileira caminha, de novo, para uma recessão. Numa hora dessas, ninguém quer uma briga com o seu principal parceiro comercial.
Ao mesmo tempo, o vice-presidente Hamilton Mourão tentou minimizar o episódio, na linha “não se deve levar tão a sério o que o filho do presidente, que não tem nenhum poder executivo, diz”. As declarações de Mourão foram um sinal de paz na direção da China. No ano passado, o vice já se empenhara pelas relações entre os dois países com várias viagens para o país asiático. Ele também disse várias vezes não haver nenhum impedimento para a participação da Huawei na licitação de 5G. Até porque metade do hardware da telefonia móvel brasileira já é composto por material da Huawei.
A participação ilimitada da Huawei no leilão brasileiro de 5G é uma importante vitória para a China na luta mundial por padrões e domínio industrial. Para os EUA, é um fiasco doloroso, que Trump provavelmente não vai deixar por isso mesmo. Tudo indica que história não vai acabar aqui.
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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