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quinta-feira, 14 novembro, 2024

América.Latina, um portal para análise regional crítica e questionadora

Estudiosos, especialistas e autoridades em política, economia e relações internacionais ganham espaço para falar aos leitores brasileiros

“Em outubro de 2001 acontecia 0 VII Encontro de Periodistas Latino-americanos e caribenhos em Havana e nos quatro dias do evento, Fidel estava lá participando ativamente.

No final de cada sessão se aglomerava um pequeno número de jornalistas ao Comandante e foi num desses bate-papos que Fidel falou da iniciativa de se criar uma nova mídia na América Latina para denunciar o bloqueio contra Cuba, defender o povo palestino e os oprimidos pelo mundo e mostrar as mazelas perpetradas pelo imperialismo em toda América Latina nesses últimos 500 anos.

Ali nasceu o Pátria Latina e a Telesur.

De lá para cá, várias publicações foram criadas, algumas por uma série de motivos sucumbiram, mas a maioria aí estão nesses 19 anos de luta.

Agora surge o portal América Latina. Criado por um grupo de articulistas, cujo foco principal serão analises da crise política que assola o continente e as mazelas da política brasileira.

Seja bem-vindo América Latina” (Valter Xéu)

Marisa Valério

Política, economia e relações internacionais do Brasil e seus vizinhos latino-americanos são as principais temáticas do portal América.Latina, que acaba de estrear no endereço www.americalatina.net.br. O site em português é destinado aos leitores brasileiros interessados em análises críticas sobre a realidade da região. “Trazemos o pensamento de acadêmicos e profissionais especializados em questões regionais, com uma visão questionadora e diversa da que é propagada pelos poderes dominantes e seu aparato de comunicação. Este é o compromisso editorial essencial”, explica Wagner Sousa, idealizador e publisher do portal, ele próprio especialista na área, com pós-doutorado em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O portal estreia com artigos de três autores brasileiros e um da Argentina, que são autoridades em temáticas latino-americanas e trazem suas contribuições para o debate de questões emergentes. “Esta iniciativa ainda está no início e almejamos, gradativamente, ter um número crescente de textos além de conteúdo em formato de podcast e vídeo”, antecipa o editor.

O professor Braulio Dias, do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília, ex-secretário executivo da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, se debruça sobre um assunto que vem dominando debates no Brasil: a crescente ameaça à biodiversidade brasileira, agravada pelo que classifica como “obscurantismo” dominante no Ministério do Meio Ambiente.

As explosivas relações do atual governo com as universidades públicas no Brasil são o objeto do artigo de Leilah Santiago Bufrem, professora titular aposentada da Universidade Federal do Paraná. Ela é professora permanente dos programas de pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba e da Universidade Federal de Pernambuco.

Doutor em Educação pela Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) e gestor público com passagens pelo INEP, MEC e Itaipu Binacional, Paulino Motter fez parte da Comissão de Implantação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e integrou a equipe responsável por colocar a instituição em funcionamento, entre 2010 e 2012. Em seu artigo aborda “A Unila dez anos depois: entre a utopia e a obsolescência”.

Já a socióloga argentina Maria Jose Haro Sly, mestre em relações internacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), discorre a respeito das relações com a República Popular da China no pêndulo político da Argentina. A articulista é ainda mestranda em estudos contemporâneos chineses pela Escola da Rota da Seda, da Renmin University of China.

Artigos sobre a crise brasileira

O portal America.Latina também traz uma série de 15 artigos produzidos em 2018 por Wagner Sousa, e originalmente publicados em inglês em um blog que criou para, a partir da visão de pesquisador latino-americano, apresentar análises a leitores de outras partes do mundo, e não apenas brasileiros.

Isso explica o “didatismo” desses textos ao abordar a crise brasileira dos anos recentes. Vertidos para o português, os artigos sofreram pequenas alterações. “Creio trazer uma síntese sobre esses acontecimentos, acrescidos da minha interpretação, no contexto da eleição presidencial de 2018.” Sousa escreveu também sobre Cuba, Venezuela, Argentina, Colômbia, México e Chile, bem como sobre o novo acordo comercial, em substituição ao Nafta, do México com Estados Unidos e Canadá, o chamado USMCA.

Wagner Sousa, que é curitibano, integrou a primeira turma de Doutoramento da Pós-Graduação em Economia Política Internacional (PEPI), que faz parte do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para a qual se classificou na primeira colocação com o projeto de tese sobre as relações entre França e Alemanha e o processo político de surgimento da moeda comum europeia. Além de ter como orientador o professor José Luis Fiori, o idealizador do PEPI, principal pesquisador e teórico de Economia Política Internacional no Brasil, foi aluno de Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES no governo Lula, e de Maria da Conceição Tavares, ambos referências do pensamento econômico desenvolvimentista no país.

O pós-doutorado em Economia Política Internacional também foi feito no PEPI/UFRJ, onde atuou como assistente nas disciplinas de seminário de pesquisa, para mestrandos e doutorandos. Foi professor dessas disciplinas na pós-graduação. Simultaneamente atuou como professor na graduação em Economia da UFRJ na disciplina optativa de Economia Política Internacional. No pós-doutorado pesquisou a política externa alemã pós-reunificação.

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