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Representantes de mais de 30 países e grandes organizações internacionais condenaram nesta quarta-feira na Assembleia Geral da ONU o bloqueio econômico, comercial e financeiro que os Estados Unidos impõem a Cuba há quase 60 anos.
“Ao apertar o parafuso da sanção e do bloqueio econômico, financeiro e energético da ilha, Washington impede os direitos inalienáveis dos cidadãos cubanos de viver com dignidade e escolher seu próprio modelo de desenvolvimento socioeconômico”, disse o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Alexander Pankin, em seu discurso.
Nos dias 6 e 7 de novembro, Cuba apresenta à Assembleia Geral da ONU o relatório sobre a resolução 73/8 desse órgão internacional, intitulado “A necessidade de acabar com o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”.
Desde 1991, e pela 28ª ocasião consecutiva, Havana apresenta à comunidade internacional um relatório detalhando os principais efeitos dessa política unilateral de Washington aplicada de 1962 até hoje e que, segundo fontes oficiais, causou perdas econômicas no valor de US$ 138.843.400.000 a preços atuais.
Em suas palavras, o representante da Rússia enfatizou que “Washington ignora o papel construtivo e responsável de Cuba, sua autoridade merecida nos assuntos mundiais e a contribuição criativa para a promoção dos processos de integração regional”.
Por seu lado, o representante permanente da China na ONU, Zhang Jun, lamentou que o cerco dos EUA a Cuba “permaneça apesar das resoluções apresentadas, esta medida causa numerosos danos e atrapalha as relações da ilha com outras nações”.
O representante chinês enfatizou que seu país espera que “os EUA removam o bloqueio o mais rápido possível e os dois lados sigam a tendência de nosso tempo de manter relações interestaduais normais”.
Por sua parte, o embaixador mexicano na ONU, Juan Ramón de la Fuente, ratificou o apoio de seu governo à reivindicação de Havana e lamentou a decisão de Washington de aplicar o Título III da Lei Helms-Burton que, segundo ele, “afeta não apenas o povo cubano, mas também países terceiros”.
‘Aberração no mundo de hoje’
Yashar Aliyev, representante permanente do Azerbaijão na ONU e em nome do Movimento Não-Alinhado (Mnoal), condenou as medidas coercitivas usadas pelos EUA contra Cuba como “uma ferramenta de pressão política, econômica e financeira“.
“O bloqueio contra Cuba, mantido por quase 60 anos, é um exemplo do efeito adverso dessas medidas no bem-estar do povo, violando seus direitos humanos, incluindo o direito ao desenvolvimento”, afirmou Aliyev.
Keisha McGuire, representante permanente de Granada junto à ONU, também falou em nome da Comunidade do Caribe (Caricom), que denunciou que o bloqueio dos EUA contra Cuba “viola o direito internacional e é um anacronismo e uma aberração no mundo de hoje”.
Por seu lado, o representante da Palestina na ONU, Riad Mansur, em nome do Grupo dos 77 + China, rejeitou o ressurgimento do bloqueio econômico dos EUA contra Cuba e condenou sua natureza extraterritorial.
Outros grupos que apoiaram a reivindicação de Cuba de encerrar o bloqueio americano foram a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e o Grupo Africano.
Representantes da Índia, Vietnã, Coréia do Norte, Filipinas, Mianmar, Laos, Indonésia, Jamaica, África do Sul, Nicarágua, Síria, São Vicente e Granadinas, Singapura e Tunísia também intervieram no plenário da Assembleia Geral da ONU.
Na sessão desta quinta-feira, será votado o relatório “Necessidade de encerrar o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”, que por 27 ocasiões consecutivas contou com o apoio majoritário da comunidade internacional.