Desde junho passado, Qolamreza Qasemi, um piloto iraniano que estava no avião cargueiro venezuelano Emtrasur, está detido na Argentina.
HispanTV – O Boeing 747 entrou na Argentina no dia 6 de junho vindo do México, para transferir carga para uma empresa automotiva, e dois dias depois decolou para ir ao Uruguai carregar combustível, mas pousou novamente no aeroporto argentino da cidade de Ezeiza, em Buenos Aires, porque o país vizinho não permitiu o seu desembarque.
As petroleiras argentinas não colocaram combustível no avião, sob o pretexto de que a aeronave era de propriedade da empresa iraniana Mahan Air, sancionada pelos EUA desde 2011. Poucos dias depois, um juiz ordenou que os passaportes dos tripulantes da aeronave fossem —cinco iranianos e 14 venezuelanos— e impedir sua saída do país no quadro de um caso infundado de possíveis ligações ao terrorismo internacional.
A mídia e a oposição na Argentina acusam Qolamreza Qasemi, um professor-piloto iraniano, de ser membro do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica do Irã (IRGC).
Sob pressão dos EUA e do regime israelense, o jornal argentino Clarín publicou uma suposta foto de Qasemi. Na imagem você pode ver um soldado vestido com o uniforme do IRGC, carregando um rifle de combate.
Com base no fato de Qasemi ser visto na foto quando jovem, o juiz federal argentino Federico Villena manteve a proibição de partida do piloto iraniano.
A verdade sobre o piloto iraniano
Em resposta à guerra da mídia lançada contra o piloto persa, a mídia iraniana divulgou informações verdadeiras sobre a realidade da foto em questão. O filho do piloto garante que o regime de ocupação israelense, os EUA e o lobby sionista na Argentina estão por trás de um plano para manter o avião venezuelano e sua tripulação presos.
O avião foi parado “com a coordenação dos Estados Unidos, do regime sionista e da Inglaterra”, diz Hussein, filho do capitão Qolamreza Qasemi.
Em entrevista concedida à HispanTV, ele assegurou que “com base nesta foto publicada na imprensa ocidental, um juiz concluiu que meu pai é membro da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã para acusá-lo de terrorismo. No entanto, essa foto não é do meu pai”, afirmou.
“Eles disseram que a análise do rosto concorda com isso, mas que precisam de mais pesquisas. Por algo que eles mesmos duvidam, eles o detiveram por 90 dias”, denunciou.
O filho do piloto iraniano mostrou fotos da juventude de seu pai para mostrar que as imagens publicadas na mídia ocidental não se assemelham em nada àquelas que tentam atribuir ao pai.
“Conseguimos identificar o dono dessa foto; conversando com ele, ele reconheceu que a foto era dele e nos deu outras fotos dele. Além disso, as fotos do meu pai quando jovem são totalmente diferentes das publicadas pela imprensa”, afirmou.
Em outra parte de suas observações, Hussein disse: “Meu pai foi defender a pátria quando o Iraque nos atacou na década de 1980 e agora eles afirmam que ele cometeu um crime apenas para defender seu país. No entanto, vemos a foto do ex-diplomata norte-americano John Kerry, que apesar de ninguém ter atacado seu país, participou de uma operação militar em outro continente, matando muitas pessoas no Vietnã. E depois de retornar com honra ao seu país, ele agora exerce atividades políticas. Tudo isso é o duplo padrão deles”, enfatizou.
Em outra entrevista concedida à agência de notícias persa FARS, o filho do piloto iraniano preso sublinhou que “quando um avião quer voar, deve ter autorizações de pouso no aeroporto de destino, autorizações de trânsito dos países em rota e aeroportos alternativos, por sua retenção mostra que foi planejado. Ter as licenças mencionadas significa que esta aeronave deve receber serviços de aeroporto, navegação, comunicações, reabastecimento, combate a incêndios e rádio em qualquer circunstância”, afirmou.
O piloto iraniano já voou com muitas companhias aéreas para Dubai, Damasco, Paris e outras cidades. “Há um ano, o avião de carga Boeing 747-300 foi vendido para a Venezuela. Por esse motivo, meu pai foi para a Venezuela treinar os pilotos em nome da Organização de Aviação Civil Iraniana para a tripulação venezuelana”, explicou Husein.
Hussein disse ainda que seu pai passou um ano treinando pilotos venezuelanos e fez vários voos na América do Sul.
“Ele voou mais de 100 vezes em diferentes rotas na América Latina. Como resultado, sua presença e a de outros tripulantes iranianos na América Latina não é um fato novo ou estranho, é bastante natural que quando um país compra uma aeronave, use o professor-piloto daquele país para transferir o conhecimento técnico dessa aeronave, e isso é uma coisa muito comum no mundo”, disse.
Ele também afirmou que seu pai tinha experiência em voar em zonas de guerra, que ele ganhou durante a guerra que o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein impôs ao Irã. “Pilotos de todo o mundo estão se voltando para o vôo comercial depois de se aposentarem do vôo militar. A maioria dos pilotos nos Estados Unidos e em outros países são militares, no início, e depois que se aposentam, trabalham em diferentes companhias aéreas civis. Na verdade, ninguém pode dizer aos pilotos americanos, britânicos e europeus por que eles voaram em voos militares antes de trabalhar em voos comerciais.”
Na entrevista à rede libanesa Al Mayadeen, Qasemi reiterou que é instrutor de voo e não tem vínculos com o exército iraniano, exceto por ter lutado em defesa da pátria durante a guerra lançada pelo Iraque contra o Irã (1980-1988). Ele disse ainda que participou da guerra como voluntário na Força de Resistência do Povo Iraniano (Basich).
A apreensão do avião ocorreu quando o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, viajava em Teerã em 10 de junho. Ele estava na República Islâmica para anunciar um acordo de 20 anos com o Irã.
“O regime sionista e os Estados Unidos estavam tentando criar uma história para romper as relações entre o Irã e a Venezuela. Por isso, fez com que a tripulação do referido voo fosse feita refém”, disseram especialistas políticos à agência FARS.
Por Mohsen Khalif Zade