A Ucrânia pôs em ação uma Legião Internacional de Defesa Territorial, a qual permite atrair soldados-voluntários estrangeiros, sem que formalmente os seus países de origem sejam implicados. Portanto, sem que estes países – essencialmente os Estados Unidos, o Canadá e a Polónia, membros da OTAN – tenham necessidade de formalmente declarar a guerra à Rússia … para fazer guerra à Rússia. Assim, a Ucrânia formalmente desmilitarizada continuará realmente o combate.
A mídia, nomeadamente a francesa, falam disso há algum tempo: ocidentais partiram para se baterem ao lado da Ucrânia contra a Rússia, ainda que o quadro jurídico desta implicação permaneça muito frouxo. Um número da ordem das 20 mil pessoas é avançado, “veteranos” das guerras do Iraque, do Afeganistão, da Síria, dos Balcãs ou mesmo da América do Sul. Logo, para além do discurso suave que nos dizem, cito o Sud Ouest, está “multidão de homens que se puseram espontaneamente ao serviço da Ucrânia”, trata-se efetivamente de recrutamento de pessoas tendo uma experiência militar.
Além disso, o contrato efetuado é surpreendente, pois não tem data fixa: os alistados devem servir até ao fim da lei marcial. Estranha formulação, uma vez que as obrigações dos “voluntários” são sem limites precisos:
Mas o que se pretende transmitir como mensagem é que a Ucrânia está em guerra e que é um país com muitos poucos recursos a utilizar para aqueles que subitamente mudam de opinião.
“Portanto, se já pensa: ‘pois bem, talvez eu vá atuar durante um período de tempo limitado’, pense nos recursos que o país aplicará em si e se poderá ou não contribuir em contrapartida ao menos com a mesma coisa ou mais”, diz ele.
“E se tu sabes que vens só por uma semana ou duas, então não vale a pena”, completou.
Consta que 1500 canadianos querem juntar-se a esta Legião.
Os media franceses são divertidos sobre este assunto, porque eles fazem o grande afastamento. Por um lado, apoiam totalmente o movimento, como vozes fieis ao seu mestre, uma vez que a França apoia totalmente a Ucrânia. Por isso, encontram-se lindas reportagens sobre “como me alistei com a Ucrânia e levei os meus amigos comigo” … depois de um deles ter tido a sua família morta pelos russos. E o que mais? … e que este grupo de “amigos” são legionários da Legião Estrangeira francesa. Ora, quando os media russos mostram que há legionários franceses na Ucrânia, e nomeadamente em Mariupol, de repente dizem-nos que temos de ser muito cuidadosos:
Uma boina e uma insígnia para provar que legionários teriam estado presentes em Mariupol? É esta a alegação amplamente compartilhada desde quarta-feira nas redes sociais. Vários internautas alegam que membros da Legião Estrangeira estariam entrincheirados no porto desta cidade duramente batida pela guerra com membros do regimento Azov, um regimento que aparece regularmente na propaganda russa.
Eles se apoiam para isso num vídeo do You Tube, “War gonzo”, publicado em 4 de abril e que desde então acumulou 272 mil vistas. Ali se vê um homem, provavelmente um soldado russo, a segurar a boina atrás de um veículo militar cheio de detritos. A seguir o soldado apresenta a insígnia à câmara.
Será preciso ser cuidadoso, se os próprios media ocidentais divulgam entrevistas de membros da Legião Estrangeira francesa explicando porque é que partem rumo à Ucrânia?
Mercenários
O Comité de investigação da Federação da Rússia declarou ter provas do alistamento de membros da Legião Estrangeira francesa junto às tropas ucranianas e que vai efetuar um inquérito. De um modo geral, o Ministério da Defesa russo refere-se à presença de cerca de 7000 mercenários estrangeiros vindos de 63 países para a Ucrânia. Cerca de um milhar foi morto pelo exército russo e 900 recusaram-se a combater. A Polónia seria o país mais cativo com 1700 pessoas enviadas, à frente do Canadá, dos Estados Unidos e da Roménia com 1500 cada um, depois a Grã-Bretanha e a Geórgia, com 300 cada um. A maior parte dos mercenários estrangeiros estão em Kiev, Nikolaev, Odessa e Mariupol.
Os países ocidentais não podem deixar a Ucrânia perder militarmente, eles devem fazê-la combater até ao esgotamento para não entrarem diretamente no conflito. Uma vez que a Rússia também não está disposta a reconhecer as implicações que logicamente decorrem do envio regular de armas e homens, da partilha de informações recolhidas pela OTAN e da formação dos militares ucranianos, mantém-se um fingimento que proximamente conduzirá a uma situação ubuesca [NT]: a Ucrânia em breve estará desmilitarizada …, mas continuará a bater-se.
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