Raul Bissau
Patrice Lumumba foi assassinado por mãos Belgas coloniais ás ordens da Bélgica e segundo alguns testemunhos, com colaboração da CIA americana com cumplicidade de alguns congoleses que se deixaram corromper. Lumumba só governou por 10 meses mas mexeu com toda a África e o mundo naquele tempo. A sua visão era “perigosa” demais e contrariava vários interesses e valores coloniais: ele era nacionalista “negro” e pan africano. Não tinha vergonha nenhuma de ser negro, pelo contrário, queria dar um significado de elevação e poder à palavra “negro”. Queria um Congo unido. Considerava o Congo como um só povo, uma só nação de irmãos, homens e mulheres, de diferentes línguas e etnias. Defendia o orgulho nacional e o orgulho africano. Defendia a independência de todos os territórios africanos ainda sob domínio colonial europeu, e defendia uma cooperação africana alargada (económica, social, académica e cultural). Por causa disso, até Oliveira Salazar em Portugal e as autoridades coloniais da então colônia da Angola ultramarina lhe consideravam alguém muito perigoso, capaz de inspirar e apoiar a luta de libertação pela independência de Angola.
(*)Nenhum colono gostava dele.*
Defendia também boas relações com a União Soviética, mas não era comunista. Mas foi principalmente este ponto que fez com que a Bélgica e os Estados Unidos lhe considerassem “comunista” e alguém muito perigoso que devia ser descartado. Naquele tempo, a ideologia comunista estava em guerra fria com a ideologia capitalista do ocidente e ambos os blocos queriam dominar o mundo. As mídias internacionais, como sempre, serviram também naquele tempo de instrumento para diabolizar Lumumba até a exaustão. Até do olhar e dos olhos do Lumumba falavam mal, diziam que ele tinha olhar sinistro e aparência maligna. De acordo com a Wikipédia em inglês, Lumumba era considerado de anti-brancos, anti ocidente, comunista e pró união soviética. Mas era mentira. Na questão da guerra fria Lumumba defendia a neutralidade – do Congo, e de África. E dizia que tanto o comunismo como o colonialismo eram males iguais para África. Isso não agradou nada o ocidente. Reparem bem nesta fotografia e olhem só como um Primeiro Ministro e líder de um partido político que foi eleito em eleições livres, justas e transparentes está a ser carregado como se fosse um criminoso altamente perigoso, por oficiais Belgas? Esta imagem representa uma grande humilhação para Lumumba e para todo o continente africano.
Na imagem, Lumumba estava a ser transportado como criminoso por soldados Belgas, após terem aterrado na província de Katanga, no Congo. A província de Katanga na altura tinha se rebelado contra o governo de Lumumba e declarou independência com apoio e orientação das autoridades da Bélgica e dos EUA. Lumumba considerou aquela declaração de independência como um acto ilegal promovido pela Bélgica, e procurou o apoio dos Estados Unidos e das Nações Unidas. As Nacoes Unidas foram para o Congo mas se recusaram a se envolver em Katanga. Os EUA, simplesmente não fizeram nada, antes pelo contrário, reconheceram a independência do Katanga. A Bélgica fez o mesmo. Com estes reconhecimentos, o novo líder do Katanga pediu apoio militar da Bélgica para lutar contra as forças armadas do Congo lideradas por Lumumba. A Bélgica não hesitou e enviou para o Katanga centenas de comandos Belgas e oficiais dos serviços de segurança. Eram eles que agora mandavam em Katanga. Sem o apoio dos EUA e com apoio fingido das Nações Unidas que não se envolviam na questão do Katanga, só restava a Lumumba uma opção: a de buscar apoio nós inimigos dos Estados Unidos e da Bélgica, a União Soviética. Esta decisão de Lumumba fez com que a Bélgica e EUA unissem esforços e usassem todos seus agentes congoleses infiltrados no governo de Lumumba, incluindo Mobutu, para se voltarem contra ele. Lumumba foi preso pelas forças de Mobutu e este o entregou aos seus principais inimigos, os katangueses, sob domínio de soldados Belgas.
E então chegamos de novo a esta imagem da foto. Na imagem vemos Lumumba a descer do avião, que nem um perigoso criminoso a ser levado por oficiais Belgas que estavam estacionados no Katanga. Aqui, Lumumba chegava ao seu último destino.
Após desembarque, os soldados Belgas e katangueses levaram Lumumba para um edifício abandonado onde prenderam a ele e outros 3 dos seus oficiais mais próximos e lhes espancaram. No dia seguinte, foram levados a uma floresta onde foram executados a tiro por soldados Belgas. Posteriormente, os seus corpos foram cortados em pedaços e diluídos com ácido. De Lumumba tinha restado só um dente que foi enviado para a Bélgica como troféu.
E assim terminava a história de um dos maiores heróis pela dignidade dos povos africanos e de todos os povos oprimidos do mundo.
REAÇÕES
A União Sovietica na altura foi praticamente o ÚNICO país que protestou publicamente a prisão de Lumumba e exigia a sua libertação imediata. A União Sovietica também vetou nas nações unidas, resoluções que visavam condenar Lumumba e o seu governo. A União Sovietica nas Nacoes Unidas apontou o dedo a Bélgica e aos EUA e os culpou pela situação de crise no Congo. Após a notícia da morte de Lumumba, houve vários protestos em Moscovo, Nova Iorque, Londres e em outras capitais europeias, que protestavam contra a Bélgica.
Em sua homenagem, a União Sovietica renomeou uma das suas maiores universidades como Universidade Patrice Lumumba, que formou quadros de países de todo o mundo, inclusive africanos.
A prisão e morte de Lumumba, um dirigente africano eleito democraticamente mas deposto e assassinado ilegalmente, permanece até hoje como um dos maiores crimes da humanidade que África deve cobrar.
As mesmas mídias que diabolizaram Lumumba, e os mesmos poderes que orquestraram a sua morte são os mesmos que hoje exigem que África se alinhe a eles na sua luta de poder pelo mundo para enfraquecer a Rússia, que defendeu Lumumba.
Pengwa Asante (Isidro Fortunato)